Nápoles Itália, fim de inverno
O relógio marcava três da manhã quando as filhas de Vicente Santino foram arrancadas da cama pelo pai, a madrugada era fria e lá fora o vento soprava predizendo o que estava para acontecer, Teodora a herdeira mais velha do homem foi quem viu no rosto do pai o medo estampado, as lágrimas que minaram no canto dos olhos escorrerem pela face cansada.
— Ande Clara, obedeça.
Saltou da cama se agarrando ao velho casaco preso ao cabide, o vestiu depressa enquanto Vicente encarava pela janela o agoniante vazio, Teodora o olhou preocupada, o pai já tinha idade e nos últimos anos estava sempre assustado, acreditava estar sendo perseguido e o medo o levou ao fundo do poço, o homem amoroso e bom havia se tornado um velho decrepto e demente que se escondia em um casebre no meio de um bosque com as filhas.
— Paizinho, o senhor está bem?
Teodora perguntou se abraçando ao pai, Clara a filha caçula arfou.
— De novo ? Ninguém consegue dormir uma noite de sono descente, papai o senhor precisa parar com isso.
Se deitou novamente na cama, cobriu a cabeça com um cobertor enquanto Teodora sentou o pai a mesa, lhe serviu um chá quente.
— Tome, vai ajudá-lo a dormir.
— Ele está vindo, está chegando.
— Ele quem paizinho?
— A fera, dois anos ele disse.
Teodora o encarou confusa, beijou o topo de sua cabeça.
— Tudo seria tão mais fácil se o senhor aceitasse se mudar para cidade, veríamos um bom médico e ele receitaria algo para suas crises.
— Sua mãe pode voltar, não saberá para onde fomos se partirmos.
— Paizinho, ela não vai voltar, mamãe morreu a dois anos, o senhor se lembra?
O homem não disse nada, permaneceu com olhos cravados na velha janela do casebre.
— Agora venha, deite-se um pouco, amanhã tenho que trabalhar bem cedinho, a clara vai para o colégio e como sabe não temos carro, a charrete não está muito boa, nem sei como vou levar as hortaliças e o leite para vender naquilo.
— Ele está vindo.
— Que venha papai, será bem recebido.
Teodora o ajudou se deitar, o cobriu com um cobertor colocando mais lenha na fogueira, a casa não tinha aquecedor e no inverno o frio castigava a família, a jovem mulher se sentou frente ao fogo, não dormiria naquela noite pois mais uma vez a preocupação de não ser o suficiente a golpeou bruscamente, lágrimas lavaram seu rosto, tanto o pai doente quanto a irmã caçula precisavam dela mas ja não tinha forças, se pôs de pé, secou os olhos.
— Erga a cabeça Teodora.
Falou para si mesma, apesar do pouco estudo, de não ter roupas boas e luxo, ela tinha o mais importante, coragem e um amor visceral por sua família.
— Amanhã será um dia incrível, venderá todo leite e as hortaliças na feira, terá dinheiro para comprar os remédios para o seu pai e um uniforme novo para Clarinha.
Sorrio, olhava para as velhas meias furadas em seus pés.
— Talvez até sobre um pouco para meias novas e um vestido.
A jovem se deitou na cama, o rosto lindo, a pele branca como a neve e os cabelos da cor de ébano traziam também um olhar sonhador que não combinavam com a pobreza que lhe cercava, pegou no sono repetindo para si mesma que o melhor estava por vir mas não sabia que na verdade era o mal quem estava as portas, implacável e cruel não teria misericórdia.
Teodora
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Atualizado até capítulo 45
Comments
MARIANAKAIO123
mais capítulos por favorzinho seu livro está maravilhoso demais
2025-09-30
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Pamela Bianchi
Uauuu fiquei curiosa com essa história 🤭
Que venham mais capítulos 👏👏
2025-09-30
2
Rosana 🌹🌹🌹
ansiosa pelo encontro desses dois 🥰🥰🥰
2025-09-29
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