O jogo começa

A manhã seguinte na Cross Corp estava mais agitada que o normal. Os corredores ecoavam passos rápidos, vozes ao telefone, e a tensão de prazos se aproximando. Elara caminhava com a pasta nas mãos, cada respiração tentando controlar o nervosismo.

Era o dia da sua primeira apresentação.

Na sala de reuniões, a mesa longa já estava ocupada por diretores e executivos. No centro, sentado com a postura impecável e olhar cortante, estava Maximilian Cross. Ele parecia intocado, como se nada pudesse atingi-lo, observando todos com aquele ar de superioridade natural.

— Senhorita Mendes. — a voz dele preencheu a sala quando ela entrou. — Está pronta?

— Sempre. — respondeu, firme, embora seu coração martelasse no peito.

Elara posicionou os papéis, respirou fundo e iniciou a apresentação do relatório que ele havia pedido. Expôs números, estratégias, e defendeu cada ponto com clareza. A cada frase, sentia o olhar dele queimando sua pele, avaliando cada detalhe, cada respiração.

Quando terminou, silêncio. Por alguns segundos, ninguém se moveu. Então, um dos diretores, Victor Lang, inclinou-se para frente.

— Impressionante para alguém tão nova. — disse com um sorriso enviesado. — Você tem potencial, senhorita Mendes.

Maximilian não moveu um músculo. Apenas girou a taça de água em sua mão, os olhos fixos em Elara.

Outro homem, sentado à direita de Maximilian, tomou a palavra. Adrian Blake, consultor próximo ao CEO, conhecido por ser tão inteligente quanto ousado, arqueou uma sobrancelha enquanto fitava Elara com interesse.

— Concordo, Victor. — disse, o tom baixo e sugestivo. — Além de competência, a senhorita Mendes tem uma presença… marcante.

Elara sentiu o rubor subir ao rosto, mas manteve a expressão neutra.

Foi então que Maximilian, em tom frio e cortante, interrompeu:

— É apenas mais uma funcionária. — seus olhos escureceram, firmes, como se suas palavras fossem uma sentença. — Não confundam interesse profissional com outra coisa.

O clima na sala congelou por um instante. Adrian riu de leve, como se tivesse recebido um aviso silencioso. Victor desviou o olhar, constrangido.

— Entendido. — murmurou Adrian, erguendo as mãos em rendição.

Maximilian voltou-se para Elara. — Seu trabalho é aceitável. Mas aceitável não me impressiona. Quero revisões, mais consistência nos números e uma análise de risco detalhada até sexta.

O coração dela quase parou. — Sexta?

— Algum problema? — ele inclinou a cabeça, com aquele sorriso cruel brincando nos lábios.

— Nenhum. — respondeu, erguendo o queixo, decidida a não demonstrar fraqueza.

Maximilian a encarou por longos segundos, antes de desviar o olhar para os papéis diante dele.

— Então está encerrado. — declarou, batendo levemente o copo na mesa.

Os diretores começaram a se dispersar, mas Elara ainda sentia o peso da tensão. Ao sair da sala, cruzou rapidamente o olhar com Adrian, que lhe ofereceu um sorriso insinuante.

E, de longe, ela sentiu o olhar de Maximilian queimando em suas costas, frio, calculista.

Ele havia marcado território.

E o jogo apenas começara.

O corredor parecia mais longo do que de costume. Elara caminhava apressada, tentando esconder a mistura de raiva e ansiedade que fervia dentro dela. O jeito frio e cruel de Maximilian a irritava profundamente. “Aceitável”. Depois de noites em claro na faculdade, de anos lutando por uma chance, tudo o que ele tinha para dizer era aceitável.

Ela segurou a pasta contra o peito e respirou fundo, repetindo para si mesma:

— Não vou me abalar. Não vou me abalar…

Mas, ao mesmo tempo, a imagem dele sentado à cabeceira da mesa, o olhar firme e a voz grave ecoando no salão, não saía da sua mente.

— Droga. — murmurou, apertando os olhos.

Do outro lado da sala, ainda dentro, Maximilian recolhia seus documentos enquanto Adrian permanecia encostado na mesa, observando-o com um sorriso divertido.

— Você foi rápido em cortar o clima, Max. — comentou Adrian, mexendo no relógio. — Achei que ia deixar a menina respirar antes de colocar o gelo.

Maximilian não levantou os olhos. — Funcionários não estão aqui para respirar. Estão aqui para entregar resultados.

— Funcionários, é? — Adrian soltou uma risada curta. — Estranho, porque vi você olhando para ela como não olha para ninguém.

Maximilian ergueu o olhar, frio e afiado como uma lâmina. — Já disse. É só mais uma funcionária.

Adrian levantou as mãos, como quem se rende, mas o sorriso não desapareceu. — Claro, claro. Só mais uma. — endireitou-se e começou a caminhar em direção à saída. — Mas, entre nós… se você não quiser, eu adoraria convidá-la para um café.

Por um segundo, a mandíbula de Maximilian se contraiu. O copo em sua mão foi colocado na mesa com mais força do que deveria.

— Cuidado com quem você escolhe provocar, Adrian.

O amigo apenas riu, dando um tapinha leve no ombro dele antes de sair.

Maximilian ficou sozinho, encarando o reflexo da cidade no vidro da sala de reuniões. Uma linha tênue de irritação atravessava sua expressão, mas logo foi substituída pelo controle habitual.

“Ela não passa de uma peça nesse tabuleiro. Eu comando o jogo.”

Do lado de fora, Elara ainda caminhava em direção ao elevador, o coração pesado. Quando a porta se abriu, Victor Lang entrou junto, carregando uma pasta. Ele lhe lançou um olhar breve, quase indiferente, mas carregado de julgamento.

— Boa sorte com o prazo, senhorita Mendes. — disse, sem esconder o sarcasmo.

Elara manteve a cabeça erguida. — Obrigada. Não preciso de sorte, apenas de trabalho duro.

Victor não respondeu, apenas sorriu de canto.

A porta se fechou.

Sozinha dentro do elevador, Elara respirou fundo, deixando o peso do ambiente corporativo escorrer pelos ombros.

Lá fora, as luzes da cidade já começavam a brilhar. Mais uma noite longa a aguardava.

E, em algum lugar nos andares superiores, Maximilian Cross observava de sua sala, os olhos fixos no elevador que levava Elara embora. Um olhar frio, calculista… e perigosamente interessado.

Victor e Adrian

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