O relógio marcava seis da tarde quando a maior parte dos funcionários da Cross Corp já tinha ido embora. O andar executivo estava quase silencioso, exceto pelo som distante de teclados e o eco ocasional de passos. Elara Mendes caminhava pelo corredor iluminado apenas pelas lâmpadas frias e pela luz suave do pôr do sol que atravessava as janelas.
O pedido dele ainda ecoava em sua mente: “Antes de ir embora, passe no meu escritório. Precisamos conversar.”
Ela não sabia o que esperar. Uma advertência? Um teste? Ou apenas mais uma de suas provocações calculadas?
Respirando fundo, bateu suavemente na porta.
— Entre. — A voz dele, grave e firme, atravessou o espaço como uma ordem.
Elara abriu a porta e encontrou Maximilian Cross encostado na mesa de madeira escura, sem a gravata, o paletó jogado sobre a poltrona. O ambiente estava mais íntimo do que profissional, iluminado pelo dourado do entardecer que invadia as janelas de vidro.
Ele ergueu os olhos para ela, avaliando-a com calma, como se cada detalhe fosse importante.
— Pontual. — disse ele, com um meio sorriso sarcástico. — Já é mais do que espero da maioria aqui.
Elara engoliu em seco, fechando a porta atrás de si. — O senhor pediu para me ver.
Maximilian descruzou os braços e deu alguns passos lentos em direção a ela. Não havia pressa, apenas aquela aura de controle absoluto.
— Pedi, sim. Queria entender quem exatamente é Elara Mendes. — A voz dele era baixa, carregada de algo que não era apenas curiosidade. — Jovem, recém-chegada, e ainda assim teve a ousadia de me encarar hoje cedo sem vacilar.
Ela manteve o olhar firme, apesar do coração acelerado. — Apenas tentei mostrar respeito… e não parecer intimidada.
Ele parou a menos de um metro dela, inclinando-se levemente, como um predador curioso. — Mas você estava intimidada. — disse, quase como uma constatação.
Elara respirou fundo. — Talvez. Mas isso não significa que eu vá recuar.
Maximilian sorriu de lado, um sorriso frio que não chegava aos olhos. — Interessante. Você realmente acredita que pode sobreviver aqui sem se dobrar?
— Eu não apenas acredito. Eu vou provar. — respondeu, com firmeza, mesmo sentindo o estômago se contrair.
O silêncio se instalou entre eles, denso, cortante. O olhar dele percorreu o rosto dela, depois os ombros, como se a estivesse avaliando de cima a baixo. Não havia nada de casual naquele gesto: era poder, puro e simples.
— Coragem. — disse ele, baixando o tom de voz. — Às vezes, isso é uma virtude. Outras, um fardo. — Ele se afastou lentamente, voltando a se recostar na mesa. — Amanhã, terá sua primeira prova. Vai preparar uma análise detalhada do novo projeto e apresentá-la… para mim. Sem erros.
Elara assentiu. — Vai ter o que pediu.
Ele inclinou a cabeça, estudando cada nuance de sua expressão. — Veremos.
Por um instante, o ambiente pareceu menor, sufocante. O ar entre eles carregado, como se a tensão fosse palpável. Elara não sabia se queria fugir ou se aproximar mais.
Maximilian quebrou o silêncio com uma última provocação:
— Você é diferente, Elara. A maioria treme diante de mim. Você, por algum motivo, insiste em me desafiar. — Ele sorriu, devagar, como se saboreasse cada palavra. — Isso me diverte.
Elara ergueu o queixo, mesmo sentindo o frio na espinha. — Então espero continuar sendo… interessante.
Ele riu, um som baixo, quase sombrio. — Oh, não tenha dúvidas. Você já é.
O olhar deles se prendeu por alguns segundos longos demais, intensos demais. O suficiente para que Elara soubesse que aquilo não era apenas um jogo profissional. Era algo mais sombrio, perigoso… e viciante.
Ela se virou para sair, mas antes de abrir a porta, ouviu a voz dele novamente, grave, marcante:
— Elara…
Ela parou, o coração disparado.
— Nunca se esqueça: eu não tolero fraqueza. Nem perdoarei erros. — Um breve silêncio, e então um sorriso em sua voz. — Mas eu mal posso esperar para ver até onde você aguenta.
Elara saiu, fechando a porta com cuidado. O som ecoou pelo corredor vazio, e ela apoiou-se por um instante na parede fria, tentando recuperar o fôlego.
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Atualizado até capítulo 60
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