Conficões a beira da noite

A semana passou lentamente para Isabela. Entre relatórios no escritório e conversas animadas com Camila, havia apenas um pensamento que a acompanhava em cada instante: o convite de Gabriel. A lembrança do sorriso dele, a intensidade do olhar e a naturalidade com que se aproximava dela faziam seu coração acelerar de um jeito que há muito não acontecia.

Na sexta-feira à noite, o celular vibrou.

“Jantar amanhã às 20h? — G.”

Isabela sentiu uma onda de nervosismo e entusiasmo ao mesmo tempo. Respondeu rapidamente:

“Estarei lá.”

O sábado chegou e, junto dele, a expectativa. Isabela passou horas se preparando, experimentando vestidos e rindo sozinha de sua própria ansiedade. Acabou escolhendo um vestido azul simples, mas elegante, que destacava seus olhos. Respirou fundo diante do espelho. Não era apenas sobre o jantar — era sobre abrir espaço para algo novo em sua vida.

O restaurante escolhido por Gabriel era pequeno, aconchegante, iluminado por velas e com música suave ao fundo. Ao chegar, ele já a esperava próximo à entrada, impecável em uma camisa branca e blazer escuro.

— Você está linda — disse, sem hesitar.

— Obrigada — respondeu ela, com as bochechas coradas. — Você também.

Sentaram-se em uma mesa reservada ao canto. O ambiente parecia envolvê-los em uma bolha particular, como se o mundo lá fora não existisse. Conversaram sobre trivialidades no início, mas logo o tom ficou mais íntimo.

— Sabe, Isabela — começou Gabriel, mexendo distraidamente no copo de vinho —, eu não costumo me abrir facilmente.

Ela o encarou com curiosidade, percebendo o peso por trás das palavras.

— Não precisa me contar nada que não queira.

Ele respirou fundo.

— Mas eu quero. Acho que você merece saber.

Houve uma pausa, e então ele continuou:

— Antes de vir para cá, eu vivi algo... complicado. Estava noivo. Mas ela partiu de forma repentina, em um acidente. Foi há dois anos, mas... — sua voz falhou por um instante — ainda é difícil falar sobre isso.

Isabela sentiu o coração apertar. O olhar de Gabriel carregava dor, mas também um desejo de seguir em frente. Estendeu a mão sobre a mesa e a pousou sobre a dele, em um gesto espontâneo.

— Sinto muito, Gabriel. Nenhuma palavra pode apagar uma dor assim, mas... fico feliz por você ter encontrado força para recomeçar.

Ele segurou a mão dela com firmeza, como se aquele simples gesto fosse um bálsamo.

— Conhecer você tem me feito acreditar que talvez seja possível.

O silêncio que se seguiu não foi desconfortável. Era carregado de sentimentos, de uma conexão que crescia sem esforço. O jantar prosseguiu entre risos, confidências e olhares que diziam mais do que palavras.

Quando deixaram o restaurante, a noite estava fresca, e a lua iluminava a rua tranquila. Caminharam lado a lado, em silêncio, até que pararam diante da praça central.

— Foi uma noite incrível — disse Isabela, sorrindo.

— Foi mesmo — respondeu Gabriel, aproximando-se devagar.

O coração dela disparou quando ele ergueu a mão e afastou delicadamente uma mecha de cabelo de seu rosto. O toque leve, quase tímido, carregava uma intensidade que a deixou sem ar.

Por um instante, ambos permaneceram imóveis, como se aguardassem a permissão silenciosa um do outro. Então, num gesto natural, Gabriel inclinou-se e a beijou suavemente.

O beijo foi doce, delicado, mas cheio de uma promessa não dita. Quando se afastaram, Isabela manteve os olhos fechados por alguns segundos, sentindo ainda o calor daquele momento.

— Acho que o destino realmente gosta de brincar conosco — murmurou ela.

Gabriel sorriu, segurando sua mão.

— Ou talvez esteja apenas nos guiando para onde devemos estar.

Naquele instante, Isabela soube: sua vida nunca mais seria a mesma.

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