O novo médico da cidade

Na manhã seguinte, Isabela despertou ainda com a lembrança daquele olhar verde que havia cruzado o seu caminho no fim da tarde anterior. Tentou convencer-se de que fora apenas um encontro passageiro, mas a sensação de que algo maior a ligava àquele desconhecido insistia em permanecer.

No trabalho, sua melhor amiga e colega de escritório, Camila, notou a distração.

— Ei, você está em outro planeta hoje. O que aconteceu? — perguntou, rindo enquanto digitava.

Isabela mordeu o lábio inferior antes de responder.

— Ontem, no caminho para cá, conheci alguém... por acaso.

— “Conheci alguém”? — Camila repetiu, com os olhos brilhando de curiosidade. — E quem é ele?

Isabela suspirou.

— Só sei que se chama Gabriel. Foi educado, gentil... e tinha um olhar que... — calou-se, percebendo que estava se entregando demais.

Camila arqueou as sobrancelhas, maliciosa.

— Ah, então finalmente alguma coisa mexeu com o seu coração gelado!

— Para com isso, Camila! Eu nem sei quem ele é, de onde veio... pode ter sido apenas coincidência.

No entanto, o destino parecia empenhado em provar o contrário.

Naquela mesma tarde, um burburinho tomou conta do pequeno hospital da cidade. Comentava-se sobre a chegada de um novo médico, jovem e talentoso, que assumiria parte dos atendimentos. A notícia corria de boca em boca, despertando curiosidade em todos.

Ao sair do trabalho, Isabela passou em frente ao hospital e, sem saber exatamente o porquê, diminuiu o passo. Foi então que o viu novamente. Gabriel estava de jaleco branco, conversando com uma enfermeira, o semblante sério e atento.

O coração de Isabela acelerou. Ela não podia acreditar na coincidência. Gabriel não era apenas um estranho qualquer — ele trabalharia na cidade, e o destino acabara de cruzar seus caminhos pela segunda vez.

Antes que pudesse se afastar discretamente, Gabriel levantou os olhos e a viu. Um sorriso suave surgiu em seus lábios, como se já esperasse por aquele reencontro.

— Isabela — disse, aproximando-se. — Parece que o destino não gosta de deixar as coisas inacabadas.

Ela corou, surpresa por ele lembrar-se de seu nome.

— Você... trabalha aqui?

— Comecei hoje. Sou o novo clínico-geral. Vim em busca de novos começos.

Houve um silêncio breve, carregado de significados não ditos. Gabriel parecia pesar suas palavras, como se houvesse muito mais por trás daquela simples frase.

— Bem-vindo à cidade, então — respondeu Isabela, tentando manter a compostura.

Ele a olhou com intensidade, como se quisesse enxergar além da superfície.

— Obrigado. Espero que possamos nos ver mais vezes, fora dos tropeços e papéis voando.

Isabela riu, um riso leve que saiu sem esforço.

— Talvez o vento ainda tenha planos para nós.

Antes que pudessem continuar, um chamado do hospital fez com que Gabriel se afastasse.

— Até breve, Isabela.

Ela ficou parada por alguns instantes, observando-o sumir pelas portas do hospital. O coração batia acelerado, e pela primeira vez em muito tempo, sentiu uma centelha de algo novo. Algo perigoso, mas irresistível.

Ao caminhar de volta para casa, Isabela refletia sobre o que aquilo poderia significar. Conhecer alguém duas vezes, em circunstâncias tão diferentes, parecia mais do que mera coincidência. Era como se o destino estivesse lhe dando um aviso.

E, no fundo, ela já sabia: sua vida estava prestes a mudar.

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