O café da esquina

O sábado amanheceu ensolarado, com uma brisa leve que percorria as ruas tranquilas da cidade. Isabela havia prometido a si mesma que dedicaria aquele dia a descansar, mas a inquietação a acompanhava desde a noite anterior. Gabriel aparecia em seus pensamentos de forma constante, como se tivesse deixado uma marca difícil de ignorar.

Para tentar se distrair, decidiu sair cedo e caminhar até a cafeteria da esquina, um lugar que adorava pela calma e pelo aroma irresistível de café recém-passado. O sino da porta tilintou quando entrou, e o ambiente acolhedor a recebeu como um abraço: mesas de madeira, livros espalhados em prateleiras e uma vitrola tocando baixinho uma canção antiga.

Ela escolheu uma mesa próxima à janela e começou a folhear um livro que sempre levava na bolsa. Entretanto, a concentração não vinha. Os olhos corriam pelas páginas, mas a mente insistia em se perder em lembranças recentes: a voz firme de Gabriel, o sorriso discreto, aquele olhar profundo que parecia atravessar barreiras invisíveis.

Quando o garçom trouxe seu pedido, um cappuccino polvilhado com canela, uma sombra projetou-se sobre a mesa. Isabela ergueu os olhos e sentiu o coração disparar.

— Posso me sentar? — perguntou Gabriel, com um sorriso suave, segurando uma xícara de café preto.

Ela demorou um instante para responder, surpresa demais com o reencontro.

— Claro... fique à vontade.

Ele puxou a cadeira e acomodou-se em frente a ela. Por um breve momento, apenas o som da música e o burburinho discreto dos outros clientes preenchiam o silêncio entre eles.

— Não imaginei te encontrar aqui — disse Gabriel, apoiando os braços na mesa.

— Eu sempre venho aos sábados — respondeu Isabela, tentando soar natural. — É o meu refúgio preferido.

— Acho que já temos algo em comum — comentou ele. — Também gosto de lugares assim. Onde o tempo parece andar mais devagar.

Ela sorriu, sentindo a conversa fluir com uma naturalidade que a surpreendia.

— Então você realmente veio para ficar na cidade?

Gabriel hesitou por um segundo antes de responder.

— Sim. É uma mudança necessária. Precisei deixar algumas coisas para trás... e começar de novo.

Havia uma sombra em suas palavras, um peso escondido que Isabela percebeu, mas não quis insistir. Algo lhe dizia que o passado dele guardava feridas ainda abertas.

— Recomeços podem ser difíceis, mas também trazem esperança — disse, com delicadeza.

Ele a olhou fixamente, como se aquelas palavras o atingissem de forma especial.

— Talvez você tenha razão.

A conversa seguiu leve: falaram sobre livros, sobre filmes, sobre os cantos tranquilos da cidade. A cada minuto, Isabela sentia que uma ligação invisível se fortalecia entre eles, como se sempre tivessem se conhecido.

Quando o relógio da cafeteria marcou o meio-dia, Gabriel recebeu uma ligação e precisou se levantar.

— Devo voltar ao hospital. Mas... — fez uma pausa, encarando-a com intensidade. — Gostaria de jantar com você, algum dia desses.

Isabela ficou em silêncio por alguns segundos, surpresa pelo convite direto. O coração batia descompassado, mas ela não conseguia negar o que sentia.

— Eu... adoraria.

O sorriso de Gabriel foi breve, mas verdadeiro.

— Então está combinado.

Ele saiu, deixando para trás o eco de sua presença e uma Isabela sorridente, tomada por uma mistura de ansiedade e expectativa.

Enquanto observava pela janela o médico desaparecer pela rua, uma certeza começou a nascer em seu peito: talvez aquele encontro não fosse apenas obra do acaso. Talvez fosse mesmo o início de algo que poderia mudar toda a sua vida.

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