Isabella
Ok, vamos recapitular: segunda-feira à noite, oito horas, eu deveria estar em casa, de pijama, comendo Doritos apimentado e ouvindo meu guilty pleasure musical não vou revelar, mas digamos que envolve boybands dos anos 2000, analisando minha lista de paciente, só que não. Estou algemada no carro de um policial maluco, escondida num porto escuro, prestes a virar estatística no jornal da manhã é isso, minha vida virou uma série ruim da Netflix sem meu consentimento.
— Você não vai me tirar essas algemas? — pergunto, chacoalhando o braço preso como se fosse uma pulseira de luxo. — Olha, e se tiver um tiroteio? Você acha que dá pra correr algemada? Spoiler: não dá! E se você levar um tiro e eu precisar dirigir na fuga? Hein?
Ele nem piscou, só ficou observando o tal galpão com aquela cara de “sou sério, sou profissional”.
— Você anda vendo filmes de ação demais.
Revirei os olhos. — Ah, claro, porque perseguições e tiroteios nunca acontecem na vida real, né? Tipo exatamente o que está rolando aqui!
Ele suspira. — Cala a boca.
— Você não acha estranho ter esse tipo de movimentação numa segunda-feira às oito da noite? — continuo, ignorando o “cala a boca”. — Sério, quem faz negócios ilegais de segunda? Eles não deveriam fazer isso no meio da madrugada? Qual e? A chances de alguém ver eles esse horário e gigante.
Ele coça o queixo. — Eu também tô achando estranho.
— Tá vendo! E sabe o que é mais estranho ainda? — aponto discretamente para trás. — Tem um carro parado logo ali, óbvio que tem pessoas dentro observando.
Ele não move o pescoço. Só resmunga: — Eu sei, tô vendo, não precisa se preocupar se as coisas ficaram perigosas, vamos embora.
— Parece que estão esperando alguém e se for uma armadilha? Eu só pichei o seu carro, não mereço morrer assim.
— Eu pensei nisso. E para de falar em, morrer ninguém aqui vai morrer.
— Fale por você. —Suspiro — Você vai chamar reforços, né? — falo, esperançosa.
— Não posso. — Ele fala tão calmo que quase parece piada. — Estou aqui escondido do meu capitão.
Me engasguei com meu próprio ar. — Meu Deus eu tô com um lunático, vamos morrer vão me jogar no rio, meu corpo vai boiar até a imprensa sensacionalista encontrar e sabe o que e pior olha eu ainda nem matei aquele traidor.
Ele só respira fundo, como se já estivesse acostumado com meus surtos. — Eu tenho um plano.
— Qual? — pergunto, quase agarrada no banco.
Ele tira as algemas, eu até pensei em fugir, mas fiquei com medo de alguém atirar em mim assim que saísse do carro.
— Vem pro lado do motorista. Anda passa por cima de mim e assuma o volante
— Eu vou dirigir?
— Você sabe dirigir, não sabe?
— Bom eu sei. — minto descaradamente, porque tecnicamente tenho carteira. Só que dirigir comigo é tipo montar numa montanha-russa defeituosa: você nunca sabe se chega vivo no final.
Mas ele já estava se ajeitando, arma em punho, então engoli meu desespero, fizemos a troca de assentos como dois adolescentes fugindo do pai bravo, e eu segurei o volante com mãos trêmulas.
— Vai saindo devagar — ele ordena a arma apontada para fora. — Se for uma armadilha eu estarei pronto, você só precisa ficar calma e dirigir.
Viro a chave o motor ronca o carro de trás também ronca, ótimo e aí começou. Eles aceleraram, nós aceleramos, um deles abriu a janela e PÁ um tiro eu gritei tão alto que até o volante tremeu.
— Fica calma! — ele grita.
— FICAR CALMA?! VOCÊ VIU ISSO?! TÃO ATIRANDO NA GENTE!
Outro tiro eu desviei tanto que quase arranhei o retrovisor num contêiner.
— Tem outra arma aí? — berrei. — Eu posso ajudar, juro!
— Eu não sou louco de te dar uma arma!
— Por quê?!
— Porque você é mais perigosa que eles! Do jeito que dirige, vamos morrer num acidente, não num tiroteio!
Olha, tenho que admitir: ele não estava errado, fiz um cavalo de pau tão brusco que ouvi pneus chorando em agonia o carro deslizou, quase batendo num guindaste, e eu gritei uma prece aleatória. A perseguição parecia um filme: faróis cortando a noite, balas zunindo, pneus queimando no asfalto molhado, eu entrei em ruas estreitas, subi em uma calçada foi sem querer, bati num cone de trânsito, desculpa, cone, e só não bati num cachorro porque ele correu mais rápido que eu. Finalmente, conseguimos despistar e entramos em um prédio abandonado, o meu coração parecia uma bateria de escola de samba dentro do peito, eu estacionou às pressas, ele saiu e me puxou junto, me jogou atrás de um pilar. — Fica aqui, bem quieta.
Agarrei minha bolsa como se fosse um colete à prova de balas. — Você vai me deixar sozinha?!
— Eu volto logo. — Ele sumiu na escuridão, já com a arma em punho.
Fiquei ali, ouvindo o som de tiros, gritos abafados, passos correndo, depois silêncio o tipo de silêncio que dá mais medo do que qualquer barulho.
— Droga… — sussurrei. — Eu vou morrer aqui sozinha.
Tomei coragem e saí o meus saltos ecoavam no chão úmido enquanto meu coração gritava “volta, sua idiota”. Foi quando vi: dois homens caídos, e Rafael lutando com um terceiro o bandido tinha uma faca, e estava prestes a cravar no peito dele.
Meu cérebro desligou, abri a bolsa desesperada e puxei o meu martelo ainda bem que comprei. Corri como uma louca e PÁ! Acertei uma martelada bem nas costelas do sujeito ele soltou um grunhido, arqueou de dor e caiu para o lado,
e o policial me olhou incrédulo, ofegante eu, trêmula, segurei o martelo com as duas mãos. — Eu… eu matei ele?!
O bandido gemia no chão, vivo, mas eu não tinha como saber, minhas pernas estavam bambas, a respiração descompassada. Ele se levantou, ainda surpreso, e soltou um riso curto e descrente. — Você é maluca.
— Eu salvei sua vida! — rebati, ofendida.
— Com um martelo.
— Era para destruir o carro do meu futuro ex- namorado — respondi indignada.
— Você só está aumentando a sua lista de crimes, sabia?
Ele balançou a cabeça, tentando segurar a risada, mas a tensão ainda estava no ar e eu, por dentro, só pensava: meu Deus, eu virei cúmplice de homicídio.
— Relaxa, ele tá vivo — disse, conferindo o pulso do cara.
Suspirei aliviada, mas logo percebi outra coisa: minhas mãos tremiam tanto que mal conseguia segurar o martelo. Ele me encarou com aqueles olhos sérios, mas havia algo diferente neles.
— Você tá bem?
De repente uma euforia tomou conta de mim eu comecei a sorrir.
— Caraca esse sem dividia foi um dia inesquecível, fui presa, quebrei várias leis de trânsito e derrotei uma rede de criminosos e salvei um policial. — ofegante
— Você — disse, com voz grave. — Você é oficialmente a civil mais problemática que eu já conheci.
E eu, tentando não desmaiar, só respondi:
— Problema? Eu? Olha aqui, eu sou solução, mocinho se não fosse eu, você estaria sendo picotado por esse bandido.
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Atualizado até capítulo 46
Comments
erica taiara Forgerini
Ai meus Deus 🤣🤣🤣rindo litros imaginando a cena
2025-09-20
0
Irene Corrêa
🤣🤣🤣😂😂🤣🤣🤣🤣😂😂 gente chorando de rir 😂🤣😂🤣😂🤣😂🤣😂🤣😂🤣😂🤣😂
2025-09-12
0
Jocilene Santos
😂😂😂😂😂
2025-09-09
1