Capítulo 1

Perseu

Desde que eu comecei a observar o mundo a minha volta sempre fui um fã do amor dos meus pais. Quando eu escutava as outras crianças reclamando dos pais nunca entendi o motivo já que na minha casa eu tinha o melhor exemplo de amor e companheirismo de todos: meus pais.

Por mais que minha mãe tenha temperamento forte, meu pai sempre soube lidar com ela e posso dizer com toda certeza que nunca presenciei uma briga entre eles. Acabei querendo o mesmo para minha vida, o que resultou no meu voto de castidade.

Só irei para a cama com a mulher que a Deusa da lua destinou a mim, quero entregar para ela o meu amor, meu corpo e minha alma. Minha companheira para a vida toda… só tem um problema nisso: a bruma.

Ela começa quando completamos dezesseis anos e é algo quase impossível de resistir e eu como herdeiro de um Alfa não posso me dar ao luxo de deixar algo me enfraquecer.

Tenho duas irmãs, a minha gêmea Alya e a minha irmã caçula, Halley. Halley tem 13 anos e 3 meses, Alya e eu somos mais velhos que ela um ano e nove meses.

É interessante a nossa genética, Halley e eu temos os cabelos e olhos da nossa mãe enquanto Alya tem os cabelos do nosso pai e toda a fisionomia da nossa mãe. Halley já tem a personalidade do nosso pai com toda a fisionomia da nossa mãe. Eu sou a cara do meu pai mesmo com os cabelos brancos iguais aos da minha mãe e seus olhos azuis.

Minha gêmea e eu estamos com quinze anos, desde os seis corremos pela floresta na nossa forma de lobos. É nossa brincadeira favorita, às vezes trazemos Halley para correr também, mas hoje ela não estava se sentindo muito bem.

— “Desista, Zephyr…” — Zara, a loba da minha gêmea, desafia meu lobo — “Eu sou mais rápida e você sabe disso.”

Meu lobo se chama Zephyr e a loba da minha gêmea se chama Zara, já a loba da nossa irmã se chama Lupan. Nossos lobos sempre andam conectados, nossa ligação como irmãos é muito forte.

— “Vai se arrepender disso, Zara.”

Meu lobo expõe suas garrafas enfincando elas na terra e na grama para dar mais impulso para frente e com isso fico a alguns metros de distância da Zara.

Percebi que a cada ano que passa estou ficando mais rápido, mais forte, mais inteligente e recentemente adquiri uma habilidade: eu consigo ler as pessoas.

Sei quando são boas ou ruins, acho que é um presente da Deusa da lua para mim. Continuo correndo até que sinto um cheiro pungente que incomoda meu focinho me fazendo balançar a cabeça e parar ao mesmo tempo.

— “Sentiu esse cheiro?”

Pergunto para Zara que pára imediatamente ao me ver parar bruscamente. Ela começa a farejar o ar e ao mesmo tempo escutamos barulho na mata. Juntos somos sorrateiros e começamos a seguir o barulho de forma furtiva.

É quando nos deparamos com um homem velho arrastando uma garotinha humana que aparenta ter apenas cinco anos. A garotinha tem sangue na testa e geme enquanto o velho a arrasta pelos pés para dentro da mata densa.

A menina geme de dor e aquilo me perturba de um jeito que não consigo controlar. Zara e eu corremos na direção onde o velho entrou arrastando a menininha e ali presenciamos aquele monstro tentando tirar a parte debaixo da roupa da pobre criança.

Zara e eu o atacamos juntos, pego no pescoço enquanto Zara morde os braços dele. Tomamos cuidado para não pisotear a menina, assim que Zara decide manter seu foco na menina, eu mordo firme o pescoço do velho fazendo um enorme rombo e esguichando sangue para todos os lados.

Fico ali rosnando para ele enquanto o assisto morrer. Quando aquele corpo imundo não tinha mais vida virei para a garotinha e um desejo enorme de protegê-la do mundo me consome feito fogo em palha seca.

— “Precisamos levá-la para a beira da pista, outros humanos vão encontrá-la.” — Zara fala enquanto meu desejo é levar a menina para um lugar da minha confiança — “Zephyr?”

Zara chama por mim e a indecisão me deixa maluco, quero levá-la para a beirada da pista e ao mesmo tempo quero levá-la para a velha casa da minha bisavó e escondê-la lá do mundo.

— “A menina está com a testa sangrando. Qual é o seu problema, Zephyr?” — Zara rosna alto para mim.

— “Vamos… vamos levá-la para os humanos!” — rosno de volta com raiva.

Minha irmã volta à forma humana por poucos minutos enquanto eu me deito no chão e ela coloca a menina nas minhas costas. Com Alya voltando para a forma de lobo caminhamos na direção em que fica a pista.

Nossos pais sempre falaram para não irmos até lá na forma de lobos, mas temos uma vida para salvar e não podemos pensar nisso agora.

Chegando na beirada da pista coloco a menina deitada na grama, minha irmã me obrigou a entrar na mata e ali ficamos de olho. Sinto um cheiro doce no ar, de várias comidas o que me indica que não muito longe tem alguém acampando.

Suponho que seja de lá que aquele velho desgraçado tirou a menina e os pais não viram. Estou com meus olhos colados na garotinha até que escuto humanos gritando por perto:

— Lua? Cadê você, filha? — um homem grita.

— Lua, por favor, não podemos brincar de pique esconde agora, filha, aparece. — uma mulher que parecia chorar grita.

Escutamos outras pessoas chamando a menina chamada Lua até que um grupo corre na direção da grama onde está a menina… Lua, então esse é o seu nome?

Minha possessividade me faz rosnar e dar dois passos para frente, mas minha irmã morde minha cauda e me puxa para trás com toda sua força enquanto assisto a Lua ser levada pelos humanos.

Será que vou te encontrar novamente por aí, Lua?

Mais populares

Comments

Marli Santos

Marli Santos

nossa que lindos

2025-08-30

2

Anne-Cécile

Anne-Cécile

Aí, que lindooo

2025-08-29

1

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!