O dia passou com uma calma que parecia quase estranha para Alex. Ele acordou cedo, ainda com o peso da mudança pesando nos ombros, mas determinado a não deixar a situação o engolir. A matrícula na nova faculdade, uma das mais prestigiadas da cidade, foi surpreendentemente tranquila. Alex lidou com a papelada com a eficiência de quem sabia separar sua vida de festas dos compromissos sérios. Depois de assinar os documentos e receber o cronograma das aulas, ele decidiu explorar um pouco mais o entorno. Caminhou pelas ruas movimentadas, observou as vitrines brilhantes e os cafés lotados, tentando encontrar algo que o fizesse sentir menos deslocado. Mas, no fundo, ele ainda carregava a frustração de estar tão longe de sua vida antiga.
Enquanto isso, Elliott teve um dia leve no trabalho. A empresa estava em alta, com novos contratos fechados e a coleção de outono ganhando elogios antes mesmo do lançamento. Sua conta bancária crescia, um lembrete de seu sucesso, mas também de sua solidão — o dinheiro não preenchia o vazio que sua família deixara. Como não havia muito a fazer, ele decidiu encerrar o expediente mais cedo, algo raro para alguém tão dedicado. Eram 16h30 quando ele saiu do escritório, sentindo o alívio de um dia sem pressões. No caminho para casa, parou no supermercado, percebendo que sua dispensa estava praticamente vazia. Ele encheu o carrinho com mantimentos — arroz, vegetais frescos, carne, alguns lanches que ele raramente se permitia — e passou trinta minutos escolhendo tudo com cuidado. O trajeto até o condomínio foi rápido, apenas quinze minutos, e ele estacionou com um suspiro aliviado.
No mesmo momento, Alex também chegava ao estacionamento. Ele ainda estava dentro do carro, mexendo no celular, respondendo mensagens de Jae-hoon, que perguntava como ele estava sobrevivendo ao “exílio”. Alex revirou os olhos, digitando uma resposta sarcástica, quando notou um carro estacionar ao lado do seu. Elliott desceu rapidamente, abrindo o porta-malas e começando a tirar sacolas de compras. Alex o observou pelo canto do olho, notando o volume de sacolas que o outro carregava. Ele não pensou muito no assunto, mas achou engraçado quando Elliott parou, olhando para as sacolas com uma expressão que misturava frustração e diversão. O ômega riu sozinho, murmurando algo que Alex não ouviu, e balançou a cabeça como se estivesse se chamando de idiota.
Elliott, determinado a não fazer duas viagens, pegou todas as sacolas de uma vez, equilibrando-as nos braços com dificuldade. O peso fazia seus ombros se curvarem, mas ele seguiu em direção ao elevador, teimoso. Alex, vendo que o outro já estava entrando no prédio, desligou o celular e desceu do carro, apressando o passo para não perder o elevador.
Os dois entraram juntos, mas nenhum disse nada de início. Elliott estava concentrado em segurar as sacolas, que ameaçavam escorregar de suas mãos, enquanto Alex voltava a atenção para o celular, rolando a tela distraidamente. O silêncio no elevador era quebrado apenas pelo zumbido suave do motor e pelo farfalhar das sacolas. Elliott tentou apertar o botão do último andar, mas com os braços cheios, seus dedos não alcançavam direito. Ele tentou uma, duas vezes, até soltar um suspiro frustrado, quase deixando as sacolas caírem.
— Qual o andar? — perguntou Alex, a voz casual, sem desviar os olhos do celular.
Elliott, pego de surpresa, virou o rosto para ele. — Último — respondeu, aliviado. — Obrigado.
— Relaxa, a gente tá no mesmo andar — disse Alex, finalmente erguendo o olhar por um breve segundo enquanto apertava o botão.
— Valeu — murmurou Elliott, ajustando as sacolas nos braços. O silêncio voltou, mas, pela primeira vez, Elliott reparou no jovem ao seu lado. Havia algo na presença dele — talvez a postura confiante, o cabelo bagunçado ou o leve cheiro de colônia que parecia preencher o elevador — que fez seu corpo reagir de forma estranha. Um formigamento sutil percorreu sua pele, começando no peito e se espalhando até os dedos. Não era alarmante, apenas… diferente. Ele franziu o cenho, tentando ignorar, pensando que talvez fosse cansaço ou até mesmo a tensão das sacolas pesadas.
O que Elliott não sabia, e não tinha como saber, era que seu ômega interior estava despertando. Na sociedade deles, quando um alfa e um ômega destinados se encontravam, o corpo dava sinais. Primeiro, um formigamento leve, como uma corrente elétrica suave. Mas o verdadeiro indício vinha quando os olhares se cruzavam de forma intensa: os olhos de ambos mudavam, assumindo um brilho dourado por um instante, como um aviso do destino. Era o momento em que o alfa e o ômega internos reconheciam sua contraparte, a alma certa. Mas Alex, ainda perdido no celular, nem olhou direito para Elliott. Ele não sentiu nada, não percebeu nada, alheio ao que aquele momento significava.
O elevador apitou, e as portas se abriram no último andar. Alex saiu primeiro, as mãos enfiadas nos bolsos, caminhando em direção à sua porta sem pressa. Elliott seguiu atrás, equilibrando as sacolas com cuidado, e só então percebeu que o jovem estava parando na porta em frente à sua. Ele franziu o cenho, a ficha caindo. — Então é você o novo vizinho — pensou, mas não disse nada. Apenas abriu sua porta, entrou e fechou-a atrás de si, deixando as sacolas no chão com um suspiro aliviado.
Do outro lado do corredor, Alex trancou sua porta e jogou as chaves na mesa, sem nem imaginar que o homem que acabara de encontrar no elevador era mais do que um estranho qualquer. O destino, que ambos acreditavam ignorá-los, já havia começado a tecer seus fios.
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Atualizado até capítulo 33
Comments
LUCIMAR LOPES
mais por favor
2025-08-28
1
Edilaine Leticia
Luminha volta aqui...
2025-08-28
1