Sussurros na Escuridão

Não consegui dormir naquela noite.

Fechei os olhos, mas o rosto dele continuava ali — Tyler. Aqueles olhos escuros, a forma como falou meu nome, como se já me conhecesse há muito tempo... aquilo me deixava inquieta.

Eu não era do tipo que se deixava impressionar fácil. Já tinha visto de tudo um pouco nessa cidade. Mas Tyler... ele não era apenas bonito. Ele exalava poder. Perigo. E alguma coisa em mim — algo que eu preferia ignorar — parecia desejar exatamente isso.

Na manhã seguinte, as coisas no café estavam normais. O velho rádio tocava músicas antigas, o cheiro de café queimado impregnava o ar, e o gerente estava de mau humor, como sempre. Mas, por dentro, tudo estava diferente.

Era como se eu tivesse acordado de um sonho e agora o mundo parecesse... mais escuro. Mais real. Como se algo estivesse se movendo nas sombras, à espreita. E o pior: eu não tinha certeza se isso era ruim.

— Tá tudo bem com você? — perguntou Clara, uma colega de trabalho, enquanto limpava o balcão.

— Tô, só… não dormi muito bem — menti, forçando um sorriso.

Ela me olhou de lado, desconfiada, mas não insistiu. E graças a Deus por isso. Como eu explicaria que um estranho me encarou por dez minutos e agora eu não conseguia parar de pensar nele?

À noite, terminei o turno e fui direto pra casa. O apartamento era pequeno, frio e cheio de silêncios que falavam mais do que eu queria ouvir. Me joguei no sofá, tentando não pensar nele, mas... era inútil.

Então, veio o som. Um leve estalo. Como se alguém estivesse no corredor. Arregalei os olhos, o corpo tenso. Me levantei devagar e fui até a porta. Nada. Mas aquela sensação... aquela maldita sensação de estar sendo observada, de que não estava sozinha, voltou com força total.

Voltei para o sofá, coração acelerado, quando ouvi uma batida — três toques suaves, quase educados — na janela.

Parei. Eu moro no terceiro andar.

Aproximei-me devagar, as pernas tremendo. Quando abri a cortina, vi apenas a escuridão da noite. Nenhum sinal de alguém ali. Mas, de novo, aquela presença invisível. Aquele frio na espinha. Eu podia jurar que havia algo... ou alguém.

E então, vi.

No vidro, marcado com a própria condensação, estava escrito: “Você sente, não sente?”

Dei um passo para trás, o sangue gelando nas veias. Aquilo não era brincadeira. Não era imaginação.

E mesmo com o medo, uma parte doentia de mim sentiu… excitação. Algo em mim despertava, algo que eu sempre tentei calar. Eu devia correr. Denunciar. Fugir.

Mas não fiz nada disso.

Em vez disso, encarei a mensagem e sussurrei, sem entender de onde vinha a coragem:

— Sim... eu sinto.

Naquela noite, eu finalmente entendi.

O mundo que sempre me pareceu distante, sombrio, e cheio de segredos... agora estava-me chamando. E Tyler era a chave.

E foi naquele instante, entre o medo e o desejo, que percebi: eu já tinha cruzado a linha. E a escuridão... ela não pretendia me devolver me...

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!