CASA DE ANÍBAL
Aníbal está na poltrona reclinável, em silêncio. Um programa qualquer passa na TV. Ele olha sem ver. A cadeira de rodas ao lado. Jana entra com um copo de água.
Jana: Aqui, meu filho.
Aníbal: Não tô com sede, obrigado.
Jana: Mesmo assim, deixa aqui do lado. Vai que muda de ideia.
Aníbal: Você nunca muda, né?
Jana: Graças a Deus. Porque se eu fosse esperar alguma iniciativa sua...
Aníbal: Já começou?
Jana: Já terminei. Você só vai saber o que é uma perda de verdade no dia em que olhar pra trás e perceber que deixou a vida passar só pra se vingar de si mesmo.
Antônio: Boa Noite, família!
Jana: Oi, querido.
Antônio: Como foi a fisioterapia, filho?
Quando eu tava saindo vi a doutora aqui, mais não quis incomodar.
Aníbal: Foi horrível, mais adivinha? Aquela mulher mandona vai voltar amanhã.
Jana: E eu fico muito feliz com isso.
Antônio: E se sua mãe está feliz, eu estou o dobro.
Aníbal revira os olhos.
...■...
April já está a postos. O ambiente está limpo, iluminado, silencioso demais. Ela ajusta a maca, organiza faixas elásticas, liga o equipamento de eletroestimulação. Tudo pronto. O barulho das rodas da cadeira ecoa no piso de madeira encerada.
Aníbal: Chegou cedo. Gosta de torturar paciente com sol nascendo?
April: Eu gosto de cumprir meu horário. E diferente de você, algumas pessoas acreditam em rotina. — Responde sem olhar pra ele.
Aníbal: Ah, claro... Falou a super fisioterapeuta que acha que vai me fazer andar com um alongamento milagroso.
April: Não é milagre. É ciência. Mas também não adianta tentar explicar pra quem prefere ficar na cadeira... por escolha.
Ele ri, sarcástico.
Aníbal: Escolha?
Você acha que eu quero estar assim?
April: Não. Mas quer continuar assim. Tem gente com menos chance que você e que ao menos tenta. Você só reclama.
Aníbal: E você é só mais uma daquelas que acha que vai mudar o mundo com boas intenções e um jaleco branco.
April: Antes boas intenções do que essa arrogância que não serve nem pra te levantar da cama.
Um silêncio tenso cai. Jana entra, sentindo o clima pesado.
Jana: Está tudo bem por aqui?
Aníbal: Tudo ótimo. A doutora milagres só está frustrada porque o reizinho aqui não se curva aos encantos dela.
April: Você é insuportável. Mal-agradecido, amargo... e infelizmente não é só a sua coluna que está travada, é o seu cérebro também.
Jana: April...
April: Desculpa, dona Janaina, mas eu vim pra ajudar seu filho, não pra ser humilhada por ele. — Começa a recolher suas coisas.
Ela sai pisando firme. Jana tenta segui-la, mas April já desce os degraus da varanda rapidamente, sem olhar para trás.
Jana: April! Por favor!
Ele... ele só está com medo!
April: Medo não justifica crueldade.
Jana volta e encara o filho, decepcionada.
Jana: Você conseguiu. Em dois dias, Aníbal.
Aníbal: Se ela desistiu tão fácil, não era boa o bastante.
Jana: Ela era boa o suficiente pra te aguentar... O que não é pouco.
Ele desvia o olhar. Pela primeira vez, algo o incomoda de verdade.
...■...
NA CLÍNICA
Doug entra na sua sala com uma xícara de café na mão, se senta calmamente e abre o computador para organizar os paciente do dia, até que chega April apressada, sem nem sequer bater na porta.
April: Eu não vou reabilitar o filho da Janaina, então por favor, me devolva os meus pacientes.
Doug: Bom dia, April!
Se acalma, e me conta o que aconteceu!
Ela suspira, apoia as mãos na mesa e desaba, controlada.
April: O Aníbal. Ele me desrespeitou, desrespeitou a minha profissão, o meu estudo!
Eu tentei, de verdade, Douglas. Mas ele me olha como se eu fosse nada. Como se todo meu esforço fosse palhaçada. Ontem ele passou a sessão inteirinha de deboche com a minha cara. E hoje ele me tirou do sério.
Doug: Essa é a primeira vez que você estressada e ao ponto de desistir de um paciente em menos de 24 horas praticamente.
April: Não, eu não estou a ponto de desistir, eu já desisti. Não vou ficar servindo de capacho dele.
Eu sei que é normal o paciente estar em estado de negação, mais igual a ele eu nunca vi. Não vou me prestar a isso. Não sou saco de pancada emocional de ninguém. Já lido com a minha mãe que não me reconhece e uma filha que depende de mim. Eu tenho limite.
Douglas: Se você tá me dizendo isso, é porque foi pesado.
Eles ficam em silêncio por alguns segundos. Até que a recepcionista aparece à porta.
Recepcionista: Doutor Douglas, tem uma senhora procurando a doutora April. Janaina Ferreira.
April fecha os olhos por um instante. Douglas apenas observa. Douglas assente pra ela entrar.
Quando Jana se aproxima, ela levanta de imediato.
Jana: April... me desculpa aparecer aqui. Mas eu precisava falar com você antes que tome qualquer decisão definitiva.
April: Acho que já tomei, dona Jana. Seu filho deixou claro que não quer ajuda e eu disse a senhora desde o primeiro momento, que eu só ajudaria o seu filho se ele quisesse ser ajudado.
Jana: Não, April... ele quer, mas não sabe como pedir. Ele tá quebrado por dentro. Ele perdeu a mulher, o filho, o futuro... E agora vive com raiva do mundo. E de si mesmo.
April: Eu entendo a dor dele. Mas não posso deixar ele descontar isso em mim, eu também tenho os meus problemas e nem por isso eu desconto nos meus pacientes.
Jana: April, eu vim pedir... por mim. Não por ele. Eu não tenho mais forças sozinha. Quero ver meu filho tentar, pelo menos tentar. E só vi alguma fagulha nos olhos dele quando você bateu de frente.
Eu quero você exclusiva pra ele. Acelerando o processo. Me comprometo a tudo. Salário, horários... o que for. Mas me ajuda a recuperar o meu filho de volta. Só até a cirurgia depois no pós operatório a gente arruma outro profissional, mãos agora eu quero você.
April: Ele não facilita, se ele fosse resmungão mais seguisse as minhas orientações seria mais fácil, mais parece que ele faz questão de não me deixar cumprir o meu trabalho.
Jana: April, você foi a única que teve coragem de bater de frente com ele, não deixou ser pisada por ele. Por isso sei que, se alguém pode empurrar ele de volta pra vida... é você.
Silêncio. April sente o peso daquele pedido. O olhar de uma mãe pedindo socorro.
April: Eu vou aceitar. Por você, dona Jana.
E só por você. Mas eu vou deixar uma coisa bem clara, eu sou totalmente profissional, mais não vou deixar o seu filho me humilhar e caso aconteça o que aconteceu hoje, ele vai me ouvir.
Jana sorri com lágrimas, alívio estampado no rosto.
Jana: Obrigada, minha filha. Obrigada.
Você tá certa, se ele te molestar, você tem todo o direito de se defender.
April e Jana agora estão sozinhas na sala de Doug, após o agradecimento emocionado, Jana enxuga os olhos.
Jana: April, quero que você seja a responsável por ele até a cirurgia. Te quero inteira de corpo e alma. Quero você com foco total no meu filho.
April: Então precisamos deixar tudo claro desde já. Ele não vai ter nenhum privilégio por ser rico ou filho de alguém influente. Vai suar como qualquer outro paciente. Talvez até mais.
Jana: É tudo que eu espero. Sei que isso é para o bem dele.
April: O plano se tratamento dele vai continuar igual até ele apresentar alguma evolução ou até eu achar ser necessário.
Será doloroso, cansativo e frustrante. Ele vai me provocar todos os dias. Mas enquanto ele seguir o plano, eu também vou continuar firme.
Vamos retornar a sua casa e continuaremos de onde paramos.
Jana: É assim que se fala, tenho fé que com a ajuda de Deus e a sua, meu filho estará andando em pouco tempo.
NA CASA ANÍBAL
O portão se abre. April desce do carro com Janaina e com o olhar determinado.
Ofélia: Dona Janaina, o Aníbal está no jardim!
E está com um mau humor daqueles.
Jana: Meu filho não tem mais remédio.
Bom, Ofélia essa é a April, a fisioterapeuta do meu filho.
Ofélia: É um prazer, Senhorita.
April: O prazer é meu, Ofélia.
Jana: Boa sorte com ele, April
April: Obrigada. Vou precisar.
Ela atravessa o jardim como quem entra em campo de batalha. Ao longe, vê Aníbal na cadeira de rodas, de costas, olhando para o nada. Um cobertor sobre as pernas. Uma xícara de chá numa mesinha ao lado. O rosto dele está mais fechado do que nunca.
Ela para a uma distância segura.
April: Olá de novo, Aníbal.
Vim oficializar nossa guerra.
Ele vira lentamente o rosto para ela. Uma sobrancelha arqueada, um sorriso torto e ácido.
Aníbal: Ah, voltou. Esperava que tivesse se demitido.
April: Tentei. Mas sua mãe não deixou. E ela é mais teimosa do que você.
Aníbal: Parabéns. Está contratada para me torturar. — Ri irônico.
April: Não precisa me agradecer.
Vai ser um prazer.
Ela se aproxima, estende a prancheta com o cronograma. Ele não pega. Então ela apenas coloca sobre a mesinha ao lado da xícara.
April: Aqui está seu plano de reabilitação. Duas sessões por dia, sete dias por semana. A gente vai trabalhar mobilidade, força, equilíbrio e resistência. Vai doer. Vai ser cansativo. E vai mexer com seu orgulho.
Aníbal: Que ótimo. Já me sinto mais animado.
April: Você não precisa estar animado. Só precisa cooperar.
Sabe, eu já trabalhei com pacientes bem mais difíceis do que você. Alguns cheios de raiva. Outros sem esperança nenhuma. A diferença é que eles queriam viver melhor. Você parece preferir a autopiedade. — Disse olhando dentro dos olhos dele.
Aníbal a encara, surpreso com a firmeza. Ele não está acostumado com quem o enfrenta de igual pra igual.
Aníbal: Quem você pensa que é pra me julgar?
April: A pessoa que vai te fazer andar. Ou pelo menos vai tentar.
Ela vira de costas e começa a andar em direção à porta.
April: Nos vemos amanhã às 8h. E sem drama.
Aníbal: Insuportável…
April: Igualmente.
Jana, que ouvia tudo de longe, fecha os olhos e sorri. Pela primeira vez em muito tempo, ela sente que talvez seu filho tenha encontrado alguém que vai realmente desafiá-lo.
...■...
O relógio marca 8h em ponto quando April entra pela porta da sala carregando uma bolsa com elásticos, halteres leves, faixas e um tablet. Jana a espera, oferece café, mas ela recusa com um sorriso apressado.
April: Hoje vamos recomeçar. Ele está no quarto?
Jana: Está. Resmungando desde às 6h.
Boa sorte, April.
April: Onde é o quarto dele?
Jana: Ali, na segunda porta a esquerda.
Ela assente e segue até o quarto. Bate duas vezes antes de entrar.
April: Bom dia, Aníbal. Hora de começar.
Aníbal: Mal amanheceu e você já quer acabar com a minha paciência?
April: Não. Só quero trabalhar sua resistência.
A paciência é brinde.
Ela começa a organizar os equipamentos no chão do quarto. Ele está na cadeira, braços cruzados, olhar irritado.
Aníbal: Eu não dormi bem. Minha coluna está estranha. E a luz da janela me incomoda.
April: Vamos fechar a cortina. — Ela fecha.
Aníbal: O piso é frio demais.
April: Você vai ficar em cima do tapete.
Aníbal: Esse tapete pinica.
April: A gente troca depois. Agora vamos começar com alongamento de membros superiores.
Ela se aproxima com uma faixa elástica. Ele a encara.
Aníbal: Você é sempre assim? Mandona?
April: E você é sempre assim? Mimado e chorão?
Ele revira os olhos. Ela entrega a faixa e posiciona suas mãos.
April: Inspira… puxa… e solta. Isso. Agora vamos repetir dez vezes.
Aníbal: Isso é inútil. — Reclama no terceiro movimento.
Não vou andar. Todos esses exercícios só servem pra te dar um salário no fim do mês.
April: Isso serve pra te dar o mínimo de autonomia até a cirurgia. E quem sabe até esperança.
Aníbal: Esperança é para os idiotas.
April: E viver se lamuriando é para os covardes.
Silêncio. Ele fica sem palavras por um momento.
April: Agora vamos passar para os membros inferiores. Sei que você não sente, mas vai precisar da força nos quadris e glúteos para manter a postura.
Aníbal: Não acredito que aceitei isso...
April: Acredite. Vai ser todo dia. Até você andar. Ou até me enlouquecer com seu gênio.
Ela se abaixa, posiciona um rolo sob as pernas dele, orienta os movimentos passivos, observando cada contração mínima.
Aníbal: Você tem cara de quem desiste fácil. — Provoca.
April: E você tem cara de quem nunca tentou. — Olha diretamente no fundo dos seus olhos.
Ele engole em seco.
April: Agora três séries de doze. Depois vamos para o espaldar da varanda. Hoje ainda quero que fique de pé com apoio — mesmo que por segundos.
Aníbal: Você vai me matar, Guerra.
April: Não. Mas vou te fazer viver de novo.
Aníbal: Vai demorar pra terminar, doutora? Tenho coisa mais interessante pra fazer do que olhar pra sua cara.
April mordeu o lábio, segurando a vontade de mandá-lo pastar.
April: Quem tem preguiça de alongar as pernas não tem muita coisa interessante pra fazer além de reclamar, não é mesmo?
Ela guiava cada movimento com as mãos firmes, mas a mente longe dali. Vez ou outra, relembrando os momentos com sua mãe.
Aníbal: Tá com a cabeça aonde hoje? Tá me puxando demais. Vai me desmontar?
April respirou fundo, sem encará-lo.
April: Se reclamar muito, puxo mesmo. Agora segura o abdômen. Vou girar seu tronco. Um, dois, três...
Ele grunhiu de dor, mas segurou firme. Jana observava de longe, orgulhosa, achando graça de ver o filho tão rendido.
Após mais de uma hora alternando mobilidade, fortalecimento de membros superiores e estimulação abdominal, April checou o relógio. Fechou o caderno de anotações.
April: Por agora é isso. Vou pra casa almoçar e volto às três em ponto pra segunda sessão.
Aníbal: Vai fugir do trabalho pra comer arroz requentado?
April: Prefiro arroz requentado com paz do que mesa farta com gente insuportável. Até mais tarde.
Jana, que tinha acabado de entrar com suco fresco, arregalou os olhos, mas logo segurou uma risada. Aníbal, emburrado, não respondeu apenas seguiu April com o olhar até ela desaparecer no corredor.
CASA DE APRIL
Ao chegar em casa, April vê que Kally já está no tapete da sala, brincando sozinha com alguns brinquedos espalhados, enquanto a Marisa, está sentada no sofá, em um estado distante, como sempre.
Kally levanta o olhar, seus olhos brilhando ao ver a mãe. Ela estica os bracinhos, um sorriso largo atravessando seu rostinho inocente. April deixa a bolsa cair no sofá e se ajoelha para pegar a filha.
April: Oi, meu amor… tudo bem com você?
Mamãe está aqui agora.
Kally ri e bate as mãos no tapete, sinalizando para April brincar. April suspira, e o coração dela se aquece com a visão da filha. Ela pega Kally no colo e beija sua testa.
April: Vamos brincar então, minha princesa.
Ela começa a brincar com Kally, movendo os brinquedos e fazendo sons engraçados. A menina ri, batendo as mãozinhas, seu riso doce preenchendo a sala. Mas, ao olhar para o outro lado da sala, April vê sua Marisa imóvel, com o olhar vazio e distante, perdendo-se nos próprios pensamentos.
April sente um nó na garganta. Sua mãe, antes tão ativa e amorosa, agora só a reconhece em momentos de lucidez. April volta sua atenção para a filha, tentando engolir a tristeza que começa a pesar no seu peito.
Clara: Vim dar almoço pra essa princesa. — Clara aparece com o pratinho na mão.
April: E a Susana?
Clara: Tá lá na cozinha, esquentando o almoço da sua mãe.
April: Obrigada!
Ela deixa a filha ali com Clara e vai pra cozinha pegar um copo d’água.
Susana: O quê foi, April? Tá com uma carinha...
April: Meu paciente é desanimador, sabia!
Susana: Como assim?
April: Ele é sem perspectiva, parece que gosta de viver no mundo da coitadolândia.
Ele não gosta de ser ajudado... e sabe o que é o mais inacreditável pra mim?!
Ele é uma pessoa com condições financeiras pra fazer todo e qualquer tipo de tratamento experimental existente pra ajudá-lo a voltar a andar, mas em vez disso, prefere ficar se lamuriando.
Sabe, Susi...
Eu lido com pessoas com condições iguais as dele o tempo todo, gente humilde mais esperançosa, ele nem isso.
Susana: Esse homem além da sua ajuda precisa de ajuda psicológica também.
April: Só se for pra deixar o psicológico depressivo.
Aí, esquece o que eu falei, nem é ético falar esse tipo de coisa.
É melhor eu almoçar porque daqui a pouco eu tenho que voltar.
CASA DE ANÍBAL
A porta se abriu antes mesmo que ela tocasse a campainha.
Ofélia: Olá de novo, Senhorita!
April: Olá, Ofélia!
Pode avisar o Aníbal que já cheguei, por favor?
Ofélia: Claro! Um momento, sente-se enquanto eu o chamo!
April: Obrigada! — Sorriu.
Jana: April, que bom que está de volta!
Olha, deixe eu te apresentar meu marido...
Esse é o Antônio!
Na sala, um homem de aparência imponente estava sentado em uma poltrona. Os cabelos já bastante grisalhos, mas os olhos eram vivos e atentos. Ele se levantou imediatamente, se aproximou com naturalidade e estendeu a mão. Havia algo caloroso e gentil em sua presença.
Antônio: Prazer, April. Jana me contou bastante sobre você.
April: Espero que coisas boas. — Brincou.
Antônio: Excelentes!
Achei que seria bom acompanhar a sessão de hoje, claro, se você me permitir.
April: Por mim não tem nenhum problema, senhor Antônio! Se o Aníbal concordar, o senhor pode assistir a sessão.
Aníbal apareceu, empurrando as rodas de sua cadeira com o mesmo semblante fechado de sempre. Ele lançou um olhar impaciente para April, depois para o pai, franzindo o cenho.
Antônio: Filho, se me permite, hoje vou ficar por aqui. Quero ver como você está se saindo.
Aníbal não respondeu. Apenas empurrou a cadeira para a posição onde geralmente começava. April fingiu que não percebeu o desprezo e começou a montar o espaço.
A sessão começou.
Aníbal já começou reclamando. Do incômodo, da posição, da dor que mal começava a sentir.
April fingia paciência, respirava fundo, orientava os movimentos com firmeza. A cada ordem, ele a desafiava com outra provocação. Antônio e Jana observavam tudo em silêncio, e seus olhos transitavam entre a paciência de April e a resistência do filho.
Com esforço, Aníbal realizava os exercícios. O suor começava a aparecer em sua testa. Não falava, mas o desconforto estava estampado em cada músculo de seu rosto. April limpou a testa dele com um pano úmido, sem pedir permissão. Ele a encarou com raiva contida, mas não disse nada. A sessão continuou por quase uma hora.
Quando April terminou, aproximou-se da mochila, guardou seus instrumentos.
April: Bom, por hoje é isso. Amanhã temos mais!
Aníbal: Por que não tira folga amanhã, doutora Mandona?
April: Vou seguir seu conselho... Depois da cirurgia! — Sorriu lateralmente.
Antônio: Essa moça… ela tem fibra. — Sussurrou pra Jana.
Jana: Eu te disse.
April: Bom, eu preciso ir, mais não posso deixar de dizer que adorei a companhia de vocês na sessão hoje.
Antônio: Imagina, o prazer foi nosso eu acompanhar o seu excelente trabalho.
Aníbal: Excelente, é uma palavra muito forte, eu diria entediante.
April: Me digam, em que idade o Aníbal começou a ser tão imaturo?
Ou melhor, vou deixar que ele mesmo pense e me responda amanhã na nossa sessão, tenham uma boa noite! — Saiu.
Antônio: Parece que a Doutora te deixou um "dever de casa"
Aníbal: Que engraçado o seu comentário. — Contou raivoso.
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Comments
Arminda Celebrini
QUE MOMENTO BOM , APRIL VAI SE DESESTRESAR BRINCANDO COM A FILHA.
2025-08-15
1
Arminda Celebrini
EITAAAAAAA ISSO É PROFISSIONAL IR A LUTA PELO PACIENTE 👏👏👏👏👏👏👏
2025-08-15
1
Arminda Celebrini
UMMMMM FICOU TOCADO, POR TER PEGADO PESADO COM A DRA
2025-08-15
1