O hangar da base estava silencioso quando Jane, Erik, Salma e Alan desembarcaram de seus caças. Os motores ainda roncavam baixinho, esfriando, enquanto eles caminhavam em fila pelo corredor de aço até a sala de comando, onde Mathew já os esperava.
De pé, braços cruzados, expressão impassível, ele os observava entrar, como um general à espera do relatório de suas tropas.
— Relatório. — Sua voz cortou o ar como uma lâmina.
Alan deu um passo à frente, postura ereta:
— Missão cumprida com sucesso. Cargueiro ileso, suprimentos entregues.
Mathew manteve o olhar frio, desviando para Jane, Erik e Salma, que ainda estavam marcados pelo cansaço e pelas cicatrizes do combate.
— Mas… — Mathew estreitou os olhos — três caças inimigos abatidos… por cada um de vocês. E mesmo assim… caras de quem perdeu uma guerra.
Erik, meio sem jeito, coçou a nuca:
— É que… bem… teve um imprevisto…
Antes que dissesse mais, Alan interveio:
— Encontramos o Príncipe e o esquadrão dele no acampamento.
Mathew arqueou uma sobrancelha e se virou, lentamente, para Alan.
— E?
— Um dos nossos… — Alan olhou de canto para Erik, que já baixava o olhar, — teve o… ímpeto de querer avançar.
— Eu! — assumiu Erik, erguendo a mão. — E com muito gosto!
Alan continuou:
— Mas, como responsável pela missão, achei prudente não permitir. Prioridade era a segurança da tropa.
Mathew se aproximou, encarando Alan nos olhos.
— Por que… você não deixou ele… quebrar a cara daquele bastardo?
O silêncio pairou pesado. Alan respirou fundo, buscando manter a racionalidade.
— Porque não é inteligente antagonizar diretamente o herdeiro ao trono, ainda mais em uma missão humanitária, com civis presentes. Estratégia, Mathew. Política.
Mathew, impassível, inclinou levemente a cabeça.
— Estratégia… política… — repetiu, como se a palavra tivesse um gosto ruim na boca.
Então soltou, seco e direto:
— O Príncipe é ridículo. Um narcisista insuportável, metido a piloto, que usa o trono como escudo. Só está vivo porque é protegido demais pra que alguém o tire de cena.
Virou-se de costas, encarando o mural do esquadrão na parede.
— O dia que eu puder, que nós pudermos… — sua voz ficou ainda mais fria — ele não vai ter nem chance de levantar o punho.
Depois, virou-se para Jane, Erik e Salma.
— Por enquanto… descansem. Aproveitem. O próximo inferno não vai demorar a chegar.
Jane assentiu, meio surpresa com a franqueza de Mathew.
— Sim, senhor.
Mathew fez um gesto com a mão, dispensando-os.
— Fora daqui.
O grupo saiu da sala, caminhando lentamente pelo corredor metálico.
Erik soltou um longo suspiro:
— Ufa… achei que ele ia arrancar meu fígado com as mãos.
Salma riu.
— Você quase fez a gente ser esquartejado pelo Príncipe, e depois fuzilado pelo Mathew. Um recorde.
Jane sorriu de canto:
— Mas, sinceramente… eu queria ter visto você acertando ele.
Erik riu:
— Eu ainda vou!
Mais tarde, já nos alojamentos, o grupo se reuniu, jogados em sofás gastos da sala comum, tomando café ruim e rindo baixinho.
— Sabe… — disse Salma, olhando para o teto —… já passamos por muita coisa desde que fomos chutados da Força Aérea.
Erik concordou:
— De patrulheiros descartados… a mercenários de elite.
Jane olhou pela janela, vendo ao longe as luzes da cidade.
— E sobrevivemos ao nosso batismo de fogo… e ao Príncipe.
— E ao Mathew — completou Erik, arrancando risadas dos três.
O silêncio caiu, mas dessa vez confortável.
Então Salma, erguendo as sobrancelhas, sugeriu:
— E que tal… um bar?
Jane sorriu, já se levantando:
— Melhor ideia do dia.
Erik se espreguiçou:
— Bar da cidade? Ou o da base?
Jane, já pegando a jaqueta:
— O da cidade, óbvio. Preciso ver gente que não quer me matar… ou me recrutar.
O trio riu e saiu da base caminhando em direção ao veículo militar que os levaria até a cidade.
Enquanto as luzes da base sumiam no retrovisor, Jane soltou, meio irônica, meio satisfeita:
— Um brinde… à nossa promoção de mercenários a humanos com folga.
Erik gargalhou:
— E à chance de beber algo que não tenha gosto de graxa!
E juntos seguiram, enquanto ao longe os céus começavam a clarear, e a próxima missão apenas esperava o tempo certo para cair sobre eles.
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Atualizado até capítulo 68
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