Os motores dos caças ainda esfriavam quando Jane, Erik e Salma foram conduzidos através dos corredores frios e metálicos da base dos Wild Aces. O símbolo do esquadrão — uma asa cruzada por um relâmpago — estava estampado em bandeiras, uniformes e até em enormes murais.
Na sala de comando, Mathew os esperava, rígido como sempre. Ao lado dele, um homem de sorriso tranquilo e olhar experiente.
— Este é Alan — disse Mathew, com a voz fria de sempre. — Meu amigo, meu ala… e o homem que irá liderar temporariamente o novo esquadrão enquanto eu cuido de outras operações.
Alan estendeu a mão com um sorriso sincero:
— Sejam bem-vindos, recrutas. Vocês agora são parte do esquadrão… Golias.
— Golias? — perguntou Erik, erguendo a sobrancelha.
— Pelo tamanho das confusões que a gente encara — respondeu Alan, rindo.
— E quem são os outros esquadrões? — perguntou Jane, curiosa.
Alan respondeu enquanto caminhava à frente deles pelos corredores:
— Tem o Leviatã, especializado em bombardeios; os Serpentes, na infiltração… Mas o Golias… é pra quem não teme olhar a morte de frente.
— Ótimo — murmurou Salma. — Exatamente onde a gente sempre acaba.
Durante semanas, Alan os submeteu a um treinamento implacável. Manobras evasivas, táticas de flanqueamento, combate aproximado e longas horas de simulação de escolta sob fogo pesado.
— De novo! — gritava Alan, enquanto Jane mergulhava em um ataque picado, tentando despistar os mísseis virtuais.
— EU VOU DESMAIAR! — berrava Erik, enquanto girava no cockpit.
— Só quando acertar a manobra, recruta! — devolvia Alan.
Depois de dias exaustivos, Alan reuniu os três no hangar e, com o ar mais sério, avisou:
— Vocês já são bons… mas amanhã vão provar se são Wild Aces de verdade.
— Primeira missão? — perguntou Jane, sentindo o sangue pulsar.
— Primeira surtida. Escolta de carga humanitária para um acampamento de refugiados próximo à linha de frente. A bordo comigo…
— Vai ser tranquilo — disse Erik, sorrindo.
Alan sorriu de volta, com ironia:
— Se acham que missão de escolta é tranquila… é porque ainda não foram emboscados.
Os caças do Esquadrão Golias levantaram voo ao amanhecer, escoltando o enorme avião de carga que transportava suprimentos e medicamentos.
O rádio estava silencioso, até que Salma quebrou:
— Alan… é verdade que Mathew nunca foi derrubado?
— Nunca — respondeu Alan, seco.
— Nem quando era novato?
Alan soltou um riso nasalado:
— Quando era novato… ele já derrubava veteranos.
— Argh… esse cara me dá nos nervos — disse Erik.
Jane sorriu:
— Admita… você quer ser como ele.
Erik bufou.
— Eu prefiro ser bonito e simpático.
Todos riram.
Alan, no comando, observava os radares.
— Fiquem atentos. Estamos chegando perto da linha de frente.
De repente, o bip intermitente do radar ecoou.
— Contato! Múltiplos!
— Quantos? — perguntou Alan, ajustando a visão.
— Treze… — murmurou Jane, arregalando os olhos.
— Treze… fantasmas… — disse Erik, engolindo em seco.
Alan ativou o canal aberto:
— Aqui é o Esquadrão Golias. Identifiquem-se.
Silêncio.
Então, os pontos no radar se moveram, agressivos.
— Afastem-se da rota! — gritou Alan.
Mas foi tarde demais.
Os inimigos surgiram das nuvens, caças pintados de cinza fosco, sem insígnias, já disparando rajadas na direção do avião de carga.
— Eles estão atirando! — berrou Salma.
— Protejam o cargueiro! Formem em mim! — ordenou Alan.
Jane puxou o manche e mergulhou em direção ao primeiro caça inimigo.
— Erik, na esquerda! Salma, comigo!
As metralhadoras rugiram. Jane abriu fogo, forçando um dos caças inimigos a quebrar a formação.
— NÃO encostem nesse avião! — gritou Jane, derrubando o primeiro caça com uma rajada certeira.
— Alvo abatido!
— Um já foi! — celebrou Erik, enquanto manobrava em espiral para escapar de dois inimigos.
Salma subiu com força e disparou contra outro caça:
— Saiam da nossa rota, seus bastardos!
Os céus viraram caos. Os "fantasmas" atacavam de todos os lados, tentando cercar o cargueiro.
Alan, sereno, avisava:
— Não se deixem isolar. Mantenham a linha de escolta!
Jane percebeu dois inimigos se alinhando para disparar mísseis.
— NÃO! — ela gritou, mergulhando e soltando flares, confundindo os mísseis e abrindo fogo sobre eles.
— Alvo abatido!
— Alvo abatido!
— Isso, Ace! — gritou Alan.
Mas ainda eram muitos.
Erik gritou:
— Tô com dois na cauda!
— Vira à esquerda, agora! — orientou Jane.
Ele obedeceu, e Jane cortou pelo meio, derrubando mais um dos atacantes.
— Alvo abatido!
O combate durou minutos intermináveis, manobras desesperadas, disparos cruzando o céu como relâmpagos.
Finalmente, o último dos caças inimigos tentou escapar.
— Não! — gritou Alan. — Não deixem!
Jane acelerou, ultrapassando todos, e disparou.
— Alvo abatido!
Silêncio no rádio.
Depois, Alan falou:
— Cargueiro ileso. Suprimentos entregues.
O esquadrão explodiu em comemoração.
— ISSO! — gritou Erik.
— Sobrevivemos! — celebrou Salma.
Jane apenas sorriu, aliviada.
No acampamento de refugiados, enquanto descarregavam os suprimentos, um comboio militar se aproximou.
E à frente dele…
— Não… — murmurou Jane.
O Príncipe. Vestindo o uniforme impecável da elite mecanizada, seguido por seu esquadrão reluzente.
Ele se aproximou, olhando Jane com um sorriso cínico.
— Bem… bem… a herdeira do esquadrão descartado… e agora… mercenária?
Jane o encarou, impassível.
— Como o mundo dá voltas, não? — continuou ele, sorrindo.
Erik avançou um passo, furioso:
— Eu quebro a cara desse…
Mas Alan segurou seu ombro, firme:
— Não. Foco na missão.
O Príncipe riu, andando em círculos ao redor de Jane.
— Sabia que você era orgulhosa… mas não imaginei que fosse tão… resiliente.
Jane deu as costas, caminhando na direção de sua aeronave.
— Ei! — gritou o Príncipe, irritado. — Eu sou o príncipe! Não me dê as costas!
Jane parou por um segundo… e depois continuou andando, sem dizer uma palavra.
O Príncipe fechou os punhos, frustrado, enquanto o Esquadrão Golias subia novamente em seus caças, partindo do acampamento.
No rádio, Alan falou, sorrindo:
— Bom trabalho, esquadrão. Esse foi o batismo de fogo de vocês.
Jane sorriu, olhando para os céus à frente.
— E que venham os próximos.
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Atualizado até capítulo 68
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