A casa estava silenciosa quando me levantei. Sem pressa, mantive a rotina impecável — nada de distrações, nada de hesitações. A entrevista seria hoje, e eu não podia-me dar ao luxo de errar.
Malia foi para escola, a governanta avia a levado com o motorista, ela só voltaria as onze.
Bem perto da hora do almoço .
Revisei o currículo dela mais uma vez. Elisa Silva. O nome não me dizia nada. No papel, só constava que ela trabalhava em um bar, sem experiência com crianças. Normalmente, recusaria na hora, mas a falta de candidatas decentes me obrigou a considerar.
Quando ouvi o carro dela estacionar, fui até a sala de estar. Me posicionei perto da porta, observando a entrada com o olhar firme, pronto para ser o juiz daquela seleção.
A porta abriu e ela entrou com uma postura reta, nada extravagante — uma diferença gritante das outras que passaram por aqui, todas com roupas curtas, quase um convite. Elisa vestia uma blusa simples e uma calça discreta, sem frescuras, o que me causou um estranhamento estranho, um misto de respeito e desconcerto.
Ela ergueu os olhos para mim, firme, sem tentar impressionar. Havia algo naquela simplicidade que me chamou a atenção, e eu não estava preparado para isso.
— Você é Elisa Silva? — perguntei, sem rodeios.
— Sim, senhor Lacroix — respondeu, com voz firme.
— Vejo que não tem experiência com crianças — disse direto, sem rodeios. — Trabalhou em um bar. Por que quer esse emprego?
Ela respirou fundo e respondeu sem hesitar:
— Preciso mudar de vida. Trabalhar com crianças é algo novo, mas estou disposta a aprender. Quero esse emprego, não só pelo salário, mas pela oportunidade de começar diferente.
Eu fiquei em silêncio por um momento, avaliando cada palavra e gesto. Ela não tinha treinamento, não tinha referências, só aquela determinação crua.
— Já cuidou de alguém? Criança, idoso, animal? — perguntei, desconfiado.
— Não, senhor. Mas sei ser responsável e comprometida — respondeu.
Olhei para ela, tentando encontrar uma falha, algo que me fizesse recusar na hora. Mas a postura firme e a ausência de qualquer tentativa forçada de me agradar quebravam o padrão daquelas mulheres que vinham aqui atrás de qualquer coisa.
— As outras? — pensei. — Elas se vestiam quase nuas, esperando que o charme bastasse.
Mas ela não. Ela não era assim.
Por um instante, algo me fez hesitar. A beleza dela, discreta, natural. A coragem de encarar aquele ambiente com os olhos abertos, sem medo.
Me recuperei rápido.
— A babá para minha filha precisa ser firme, responsável e pronta para situações difíceis — falei, sem suavizar.
— Entendo, senhor — disse ela.
— Vai começar em período experimental. Se não estiver à altura, a contratação acaba — deixei claro.
Ela assentiu sem pestanejar.
Quando ela saiu, fiquei na sala por alguns minutos, encarando a porta fechada. Não sabia ainda se aquilo daria certo, mas algo me dizia que Elisa Silva não seria tão fácil de descartar.
Voltei para o escritório, o silêncio da casa me envolvendo de novo.
Malia merecia o melhor. E eu tinha que garantir isso.
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Atualizado até capítulo 76
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