...Aurora Alencar...
O som de risos, música leve e taças tilintadas preenchem a casa ampla dos meus tios Caio e Raquel. A comemoração dos vinte e quatro anos de Anna Clara e Anna Cecília está em pleno andamento: decoração elegante no jardim, flores por todos os lados, garçons passando com bandejas, e um clima de reencontro familiar no ar.
Circulo com um prato de docinhos, tentando me manter ocupada, mas a verdade é que meu coração está inquieto desde que soube que minha prima convidou Romeu, vulgo deus de ébano.
Não o vejo já faz um tempo e sempre quando nos vemos, faço questão de me manter distante, aquele homem cheira a perigo e eu fujo dele.
Aos vinte e um anos ainda me mantenho virgem de tudo e nem é porque estou esperando a pessoa certa é porque nunca rolou clima com ninguém e eu não vou beijar ou tr*nsar com alguém a troco de nada, preciso ao menos me sentir atraída.
Olho para o lado e lá está o deus de ébano, ostentando seus mais de 1,90 de puro músculo parado ao lado de Cecília e Santorinni. Ele está usando uma camisa de gola polo de cor branca, uma calça jeans preta que se agarra perfeitamente às suas coxas grossas e está com aquele ar de cafajeste de sempre.
— Não acredito que vocês sempre fazem festas juntas. — diz Romeu, com um sorriso provocador.
Ele está aqui parado, alto, imponente, com os mesmos olhos escuros que eu tento apagar da memória faz dois anos, ele é o tipo de homem que parece deslocado em festas, mas domina qualquer ambiente sem esforço.
Tento recuar, mas Anna Cecília me vê.
— Aurora! Vem cá! — ela chama radiante.
Romeu se vira junto com os demais e seus olhos me encontram.
— Não sabia que você vinha — minto, quando ficou frente a frente com ele.
— Surpresa, né? — Alessandro sorri, cúmplice. — Romeu não perde uma festa com comida boa. — o marido da minha prima diz.
Romeu me olha de cima a baixo com um olhar que não é descarado, mas… profundo. Um olhar que lhe lê.
— Oi, Aurora. — cruzo os braços.
— Achei que estivesse ocupado prendendo criminosos.
— Hoje só vim desarmar corações. — bufo e Alessandro sorri.
— Vou buscar uma taça de espumante — Alessandro diz, puxando minha prima e nos deixando sozinhos.
Romeu se inclina levemente, mantendo a distância, mas não escondendo a intensidade do olhar.
— Você ainda não esqueceu o que aconteceu naquela noite, esqueceu?
— Não aconteceu nada — rebato firme.
— Exato. E é isso que não sai da minha cabeça.
Queria ter alguma resposta inteligente, sarcástica, cortante. Mas nada vem. Só o silêncio. E o maldito arrepio que sobe pela sua nuca.
— Romeu — digo num tom mais baixo. — Você tem quarenta e três anos.
— Quarenta e quatro mês que vem.
— Pior ainda. — ele sorri, sem vergonha.
— Isso é um convite pra eu manter distância?
— É um alerta.
— Bom saber. Mas eu sou policial. Avisos me dão ainda mais vontade de investigar. — eu o encaro.
Maldito Romeu.
O céu começa a mudar de cor, parecendo pressentir que algo está para acontecer.
Escapo da sala e vou para a área externa. O jardim está mais cheio agora: primos, tios e amigos das aniversariantes.
Os alto falantes ecoam uma balada dos anos 80, ritmo que elas gostam bastante, enquanto alguns garçons distribuem espumantes e pequenas taças de tiramisù para os convidados.
Caminho entre as mesas decoradas com hortênsias quando escutou alguém chamando:
— Prima! — é Anna Cecília, sorrindo, com uma taça na mão. — Vem aqui tirar foto com a gente!
Hesito um pouco, mas vou até lá. Estão Anna Cecília, Clara, Laura, Luiza, Letícia, Duda, Manu, Beatrice, Júlia, Carol, Gabi, e minha irmã Luna e.
— Ei, Romeu, tira a foto da gente aqui! — Cecília pede.
Romeu surge com um celular na mão, os olhos direto em mim e um sorriso breve se forma em seu rosto.
— Todo mundo junto. Agora sorriam… Aurora, você também — ele diz me provocando.
Forço um sorriso, olhando para frente, sentindo o olhar dele como um calor sob a pele.
— Perfeito — ele diz, guardando o celular. — Quer que eu mande pra você, Aurora?
— Não. — minha resposta foi imediata e Romeu apenas assente com um sorriso discreto nos lábios e eu me viro para sair dali, mas Anna Cecília me segura pelo braço.
— Você viu que tem o mesmo tiramisù que a gente comeu naquele dia do desfile da marca da tia Liz? Vem provar comigo!
Sigo com minha prima até a mesa de doces, quando pego uma colherada da sobremesa, ouço uma voz baixa atrás de mim:
— Você fica linda brava.
É ele. De novo.
Fecho os olhos um segundo antes de me virar.
— Você não se cansa?
— De você? Nem comecei.
Encaro Romeu com um olhar sério.
— Isso aqui não é um jogo.
— Não mesmo. Eu nunca fiquei tão sério por causa de alguém.
— Você não me conhece. — digo levantando a cabeça para olhar nos olhos dele, já que ele é bem mais alto que eu, com meus míseros 1,55 de altura.
— Mas quero. — a frase sai firme, sem sorriso e sem charme, ele parece mesmo está falando a verdade.
— Aurora! — Luna me chama me salvando. — Vem dançar com a gente!
Aproveito o escape e vou, sem olhar para trás.
Mas Romeu fica parado no mesmo lugar, observando de longe.
...****************...
A maioria dos convidados já foram embora. O som agora vem apenas de uma caixa pequena perto da varanda, tocando algo suave e nostálgico. Copos vazios e guardanapos esquecidos estão espalhados pelas mesas. O ar está mais fresco, a brisa bate leve entre as plantas e as luzes amareladas penduradas nas árvores brilham.
Me afastou dos últimos convidados, indo até o canto do jardim, sentando-me sozinha no banco de madeira sob uma jaboticabeira antiga. Estou cansada. Não dos saltos, nem do dia inteiro em pé, ajudando com os preparativos. Cansada de tentar fugir do deus de ébano de quase dois metros de altura.
Ouço passos e não preciso olhar para saber de quem se trata.
— Você é persistente — digo sem tirar os olhos do chão.
— Profissão exige — ele responde sentando-se a uma distância respeitosa ao meu lado. — E eu aprendi a não fugir de cenários difíceis.
— Eu sou um cenário difícil, então?
— Você é um mistério. E eu tenho uma queda por resolver mistérios.
— Você fala como se eu fosse um caso a ser decifrado.
— Talvez seja. Mas não estou aqui como policial. — viro o rosto e o encaro com um olhar firme.
— Por que você está aqui, Romeu?
— Porque, desde aquela noite, eu penso em você todos os dias e isso já faz dois malditos anos!
— Isso não é justo. Eu sou nova demais. Isso não te incomoda?
— Sim. Incomoda porque... eu queria que não fosse assim. Queria que você fosse só mais uma garota bonita numa festa de família. Mas você não é.
— E o que exatamente você quer de mim? — ele hesita e fala em tom baixo:
— Quero que você deixe eu me aproximar. Só isso. — respiro fundo.
— Eu sei que você nunca teve ninguém. — ele diz e a forma como fala é quase um sussurro. — E isso não muda nada pra mim. Não quero te machucar, Aurora. Só quero te conhecer. Saber o que você gosta, o que te assusta, o que te faz rir.
Ficou em silêncio por longos segundos, olhando para ele sem desviar os olhos.
— Eu não sei se sei fazer isso, eu nunca sai com ninguém e pra falar a verdade eu nunca quis…
— Mas quer agora?
Mordo o lábio inferior, em conflito. E então olho para ele.
— Eu tenho medo de você, Romeu.
— Eu também tenho medo de você, Aurora.
— Por quê?
Ele se inclina um pouco mais, mas ainda sem me tocar, só olhando dentro dos meus olhos.
— Porque, pela primeira vez em muitos anos, eu não tenho o controle.
Sinto meu peito apertar, não sei bem o que é isso, não sei se é desejo, receio ou algo que eu não sei nomear.
— Melhor encontrar outra, não vou ser seu brinquedinho da vez.
— E quem disse que eu quero que você seja meu brinquedinho? Nós podemos até brincar baby, mas de forma alguma você vai ser meu brinquedinho, nós vamos brincar juntos e eu posso ser seu brinquedo, se você quiser. — ele diz e umedece os lábios e meus olhos vão direto para lá e ele sorri ao perceber que estou olhando mais tempo que o necessário.
— Eu não quero brincar com você!
— Você não sabe o que está perdendo, brincar comigo seria muito divertido baby.
— Use suas mãos e sua imaginação!
— Vou fazer isso e pode ter certeza que estarei cada segundo pensando em você.
— Boa brincadeira pra você então! — digo me levantando para sair, mas antes que eu saia, ele me segura pelo pulso e se aproxima de mim, olhando em meus olhos e diz:
— Pode ter certeza que vai ser, mas será melhor ainda no dia que você estiver lá para brincar comigo. — ele diz beijando no cantinho da minha boca.
— Só nos seus sonhos! — digo puxando meu braço e deixo o deus de ébano para trás.
Comigo não!
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Atualizado até capítulo 30
Comments
Sy RC
um homem precisa tentar kkkkkk como diria Caio Alencar
2025-07-25
1
Tatiene Silva
que isso ? si ele quiser tem play glande aqui em casa parquinho também kkk !!
2025-07-22
1
Michelle Barreto
essa é preservada ela cuida de si , hoje as pessoas se permite além do necessário
2025-07-19
1