...Romeu Souza...
A delegacia está mergulhada no barulho rotineiro de telefones tocando, passos apressados e vozes cruzadas. Estou sentado em minha sala, fito os papéis à minha frente, mas não estou de fato lendo nada. O relatório de ocorrência aberto sobre a mesa é apenas um borrão. Esfrego os olhos e me recosto na cadeira, soltando um suspiro impaciente.
Aurora.
O nome dela ecoa como um sussurro constante em minha mente.
Maldita garota!
Essa sereia me enfeitiçou.
Mas ela é jovem demais. Correta demais. Inocente demais.
Eu não tenho o direito nem de pensar nela desse jeito.
Mas p*rra se não penso!
Penso tanto que chega a doer.
Ela não faz ideia do efeito que causa em mim. Aqueles lindos olhos azuis e desconfiados, a forma como enrugou a testa quando eu tentei provocar uma reação, a voz suave, firme e... inatingível. É exatamente isso que me enlouquece — ela não me quer. E eu não estou acostumado a ser rejeitado.
— Capitão? — A voz do investigador Marcos me tira do transe. — O delegado já despachou os autos do caso de ontem. — assinto, pegando os documentos com um aceno distraído.
— Algum problema, chefe?
— Nenhum — respondo seco.
Marcos hesitou por um segundo, depois se retirou, deixando a porta entreaberta.
Passo a mão pela nuca. Já enfrentei bandidos armados, interrogatórios longos, perseguições tensas. Mas nada disso me desestabilizou como a lembrança daquela garota de 19 anos, com os cabelos presos num coque elegante e a boca que ainda não foi beijada.
Descobri isso por acaso, no dia da festa de casamento do Santorinni. Quando alguém comentou: "Aurora nunca foi beijada! Vai acabar virando uma monja" e ela não abaixou a cabeça, atrevida como ela é, deu uma resposta a altura. Disse que se ela quisesse beijar não faltariam opções, que era só ela estalar os dedos e tirando por mim isso é bem verdade, se ela estalasse os dedos eu seria o primeiro da fila de opções.
Essa informação me atingiu com força e, desde então, a imagem dela não me abandonou mais.
Que diabos você está fazendo comigo, Aurora Alencar?
Já faz dois anos desde que a conheci e desde então ela me evita a todo custo. Quando chego ela vai embora, quando tento me aproximar ela foge, mas a danada entrou na minha cabeça de um jeito que não sai da minha mente.
Me levanto, atravesso a sala e me apoio no batente da janela. A cidade lá fora fervilhava em tons alaranjados sob o fim do dia. Era para eu estar pensando em estratégias, casos, operações.
Mas só consigo me perguntar... se terei coragem de me aproximar dela de novo. E pior: o que eu faria se ela dissesse sim.
Saio da delegacia e hoje estou indo jantar na casa da mãe do Santorinni, que tenho como mãe também, já que a minha me chutou quando eu tinha apenas 4 anos, me deixou com meu pai, que na época trabalhava no supermercado da mãe do Santorinni e ela facilitava a vida do meu pai, para ele poder trabalhar, no caso ela e o pai do Santorinni que na época administrava tudo e a esposa dele só o ajudava. Eles conseguiram para mim uma bolsa na mesma escola dos filhos deles e assim começou minha amizade com aquele p*to.
Devo muito a família do meu amigo e nunca poderei agradecer o suficiente. Estou onde estou, graças ao meu pai que não desistiu de mim e dos Santorinni.
— Boa noite. — digo entrando na casa, pois tenho acesso livre a casa deles e tenho até a chave.
— Oi filho. — tia Caterina me recebe com um abraço.
— Oi tia, sua benção.
— Que Deus te abençoe meu bem. Está se alimentando bem?
— Quando dá sim.
— Estou te achando mais magro.
— Não tenho tido muito tempo para treinar tia.
— Nem tudo na vida é treino, às vezes um bom prato de macarronada resolve.
— Principalmente se for a sua tia. — digo beijando a testa da mulher que tenho maior respeito e amo como uma mãe.
— Por isso mesmo preparei macarronada, porque sei que é a sua preferida.
— Que eu saiba seu filho sou eu! — meu melhor amigo e irmão diz entrando.
Ele está acompanhado da esposa — a loirinha ninfeta que amarrou as bolas dele, mas verdade seja dita, essa mulher o faz feliz, nunca tinha visto meu irmão tão feliz quanto agora — e com ele também estão Henry, que já está com seus dezessete anos, um homem feito e de mãos dadas com ele, a namorada Olivia.
— Sabe que eu sou mais legal que você não é? — digo e meu amigo revira os olhos e dá um soco no meu braço.
— Aí! Filho da... — tia Caterina pigarreia e eu me calo. — Desculpa tia.
— Vocês parecem crianças! — a ninfeta, vulgo esposa do meu amigo diz. — Até a florzinha é mais madura que vocês. — florzinha é a filha de Rebeca.
— Eu concordo. — Henry diz. — Falando nela, onde ela está vó?
— Foram visitar a família do João.
— E a senhora está sozinha aqui?
— Sim.
— Poderia ter me ligado, eu teria vindo pra cá ficar com a senhora vó, não gosto que a senhora fique sozinha. — tia Caterina sorri olhando para Henry.
O moleque é incrível, não há o que dizer sobre ele, só que ele é uma das minhas pessoas preferidas do mundo.
— Você é um menino de ouro, meu amor. — tia Caterina diz e Henry a abraça e deixa um beijo em sua testa.
— Eu amo a senhora vó.
— E eu a você meu bambino lindo. — ela diz acariciando a bochecha dele. — Você tem sorte bambina, seu futuro marido é um menino de ouro e você bambino cuide bem dela, porque ela é preciosa demais. — ela diz e Olívia se junta ao abraço.
— Eu vou cuidar bem dela vó.
— E eu dele, como a senhora disse, eu tenho sorte.
— Eu que sou sortudo. — Henry diz.
Santorinni e Cecília observam a cena e sorriem emocionados. É nítido o quanto a loirinha ama meu amigo e o filho dele e não é à toa que o moleque a chama de mãe.
Nos sentamos à mesa e depois de fazermos uma oração, o que é tradição aqui na casa deles, nós começamos a comer e a macarronada está divina como sempre. Sem dúvidas e sem exageros é a melhor que já experimentei.
— O que há de novo na vida desse casal de advogados criminalistas? — pergunto.
— Muitos casos difíceis. — meu amigo diz.
— Eu ainda estou estagiando. — ela diz.
— Vocês já pensaram na possibilidade de em algum momento vocês terem que atuar um contra o outro? Vocês são de escritórios diferentes, há uma grande possibilidade. — digo e ela dois se olham.
— Espero que isso não aconteça. — ele diz. — Deveria vir trabalhar comigo.
— Eu amo você amor, mas o programa de estágio do escritório Alencar é bem melhor.
— Terei que melhorar isso.
— Faça isso, seus estagiários agradecem.
Observo os dois, meu amigo olha para a ninfeta dele com a maior cara de bobo, só falta escorrer a baba. Santorinni segura a mão dela e leva aos lábios deixando um beijo nela.
— Mudando de assunto... — a loirinha diz. — Vai ter meu aniversário e da minha irmã e eu gostaria que vocês fossem, você também Romeu.
— Estarei lá! — digo.
Após o jantar conversamos um pouco mais e logo depois me despedi deles e fui para casa.
Até poderia estender a noite em alguma balada e encontrar uma mulher para f*der, mas a verdade é que hoje não estou no clima da caçada e também não quero recorrer a agência.
Melhor ir para casa e relaxar…
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Atualizado até capítulo 30
Comments
Charlotte Peson
Misericórdia ele abrir Aurorinha ao meio kkkkkkllllll
2025-07-19
0
Vera F Strombeck
lindo. demais esse Romeu
UAU
2025-07-18
1
Cristiani A.L.
E ele é um baita de um bonitão...Uau...🤭
2025-07-18
2