Aurora Alencar
Estou na festa de casamento das minhas primas, as gêmeas da tia Raquel e do tio Caio, uma delas se casou com meu irmão mais velho, o Théo. Anna Clara e eu tivemos nossas desavenças no passado, em uma época onde eu era muito imatura e achava que era a dona da razão, mas agora as coisas são diferentes e eu gosto muito dela e da relação que ela tem com o meu irmão, os dois se gostam desde a adolescência, não é muito comum na nossa família ficarmos com nossos primos, pois somos criados como irmãos, mas nas coisas do coração ninguém manda e nem tem controle, então Théo e Clara são o segundo casal primos que ficam juntos, primeiro foi Luíza e Ruan, que são casados faz alguns anos e agora, Théo e Clara.
Meus irmãos agora são casados, os dois, a primeira foi Luna, que é minha irmã do meio, ela se casou antes de Théo, ela se casou aos vinte e três anos, logo depois que se formou e já tem uma filhinha, a Maia que tem quase um ano, ela é uma doçura, amo muito minha sobrinha.
Enquanto meus irmãos já são casados e uma já é mãe, por outro lado, eu nunca namorei na vida, nunca apareceu ninguém que despertasse meu interesse.
Sou virgem de tudo, inclusive nunca beijei ninguém, nunca tive vontade em vinte anos de vida. Já me questionei várias vezes sobre minha sexualidade e me perguntei se não era assexuada, mas eu sei que não sou, pois os homens despertam meus olhares, gosto de olhar para um homem bonito, mas nunca encontrei um que me fizesse querer algo a mais.
Pego um champanhe e sento um pouco afastada das pessoas, eu amo esses momentos com minha família, mas também gosto de silêncio e de ficar sozinha.
— Sozinha porquê? — o homem pergunta com uma mão no bolso e outra segurando uma bebida, que eu acho que deve ser whisky e eu dou de ombros. — Se quiser companhia estou aqui. — controlo minha vontade de revirar os olhos.
Olho bem para o homem parado à minha frente, ele é muito bonito, bem alto e forte, tem uma pele negra muito bonita, ele é muito bonito na verdade, o conjunto da obra é bonito, mas não gosto do jeito dele, sei lá, acho que o santo não bate.
— Há quanto tempo. — ele diz quando eu não falo nada.
— E você é? — pergunto, mesmo sabendo exatamente quem ele é.
Depois do dia do noivado das meninas nós nos vimos algumas vezes, mas em nenhuma delas eu dei papo para ele, sempre fiz questão de me manter bem longe e mal trocamos algumas palavras, foram só cumprimentos vazios.
— Romeu, amigo do noivo, nos conhecemos no noivado, mas não tivemos oportunidade de nos conhecer melhor, você me deu fora. — ele diz e eu sorrio me lembrando do dia em que isso aconteceu.
— Ah!
— Onde costuma ir pra eu poder passar a ir lá também para te ver com mais frequência.
— Tem certeza que quer ir onde eu frequento?
— Sim! Se isso vai me fazer te ver mais vezes, sim, eu quero ir.
— Eu danço balé, vai entrar no balé, policial?
— Por você eu topo! Se é para aprender a dançar balé,eu aprendo. Mas você é bem interessante e suas atividades são bem distintas uma da outra, você me falou que praticava tiro ao alvo e também faz balé, isso é bem interessante.
— Uma coisa não tem nada a ver com a outra, eu amo tiro ao alvo, mas também amo balé. Fazer o quê? Eu gosto das duas coisas.
— Pode me convidar para ir ao clube de tiro com você, vai ser um prazer te ensinar tudo que eu sei. — ele faz questão de dizer isso dando ênfase nas palavras ensinar e prazer e eu sorrio de lado.
Mal sabe ele que o que ele está falando faz todo sentido, pois se eu chegasse a ficar com ele, ele teria que realmente me ensinar tudo.
— E o que seria seu tudo policial? — pergunto dando corda.
Não estou fazendo nada de interessante mesmo, vou ao menos me divertir um pouco com ele, no final ele vai continuar na vontade e eu vou poder dar umas boas risadas disso tudo.
— Tudo que você quiser sereia, o que quiser aprender eu te ensino.
— Hum… É um grande conhecedor de armas policial?
— Sou! Não costumo errar meu alvo.
— É mesmo?! Nenhuma vez?
— Erro raramente, quando eu miro, eu acerto.
— É mesmo?! E o que acontece quando erra e o bandido foge?
— Eu tento uma e outra vez e sempre o capturo, pode não ser na mesma hora ou dia, mas pode ter certeza que quem está sob minha mira é capturado.
— Sei…
— Posso passar meses observando meu alvo e no momento certo ele é capturado.
— Isso funciona com as mulheres também?
— Sim.
— Então quer dizer que escolhe uma mulher e fica com ela na mira?
— Exatamente!
— E costuma demorar para serem “capturadas”?
— Na maioria das vezes não!
— Então não costuma levar um fora?
— Não costumo!
— E quando leva?
— Isso nunca aconteceu antes.
— Ah! Então quer dizer que você é irresistível? Quer dizer que as mulheres não resistem a você?
— Não! Também não é assim, não tenho um ego tão grande assim, mas geralmente não tenho dificuldade para ficar com quem quero, já que são pessoas bem resolvidas e que sabem o que querem, assim como eu.
— Sexo sem compromisso!
— Isso.
— Sempre mulheres mais velhas?
— Porque está me fazendo essa pergunta?
— Curiosidade. Não pode matar minha curiosidade?
— Posso! Posso “matar” tudo que você quiser.
— Só a curiosidade mesmo.
— Digamos que sim.
— Como assim?
— São mulheres mais novas que eu no geral.
— Mais novas quanto?
— Quantas perguntas à toa, pode me perguntar coisas mais interessantes e eu terei o prazer de responder cada uma das suas perguntas.
— No momento, quero a resposta para essa pergunta.
— Ok, eu respondo! Geralmente são mais novas que eu, a partir dos vinte e oito, mas também já houve mais velhas que eu, tipo uns cinquenta e cinco. Satisfeita?
— Sim!
— Por que está me perguntando isso?
— Só para comprovar minha tese.
— Que tese?
— Deixa quieto policial.
— Não! Eu vou querer saber, respondi todas as suas perguntas, agora responda a minha.
— Quem sabe um dia policial… — digo me levantando. — Foi um prazer. — digo me afastando dele.
— Isso não vai ficar assim sereia. — o ouço dizer e sorrio, mas não me viro para olhar para ele.
Como eu suspeitava, ele é daquele tipo de homem que nunca levou um fora e por isso se acha bom demais.
Agora não entendo o interesse dele em mim, já que disse que fica com mulheres mais velhas.
Deve ser algum tipo de fetiche.
Mas aqui não deus de ébano!
A festa foi noite adentro e eu estou aqui observando o jardim da casa iluminado com luzes penduradas entre as árvores e velas nas mesas compridas de madeira. Tudo está impecavelmente decotado, não canso de admirar a obra prima que minha tia Beatriz conseguiu fazer aqui.
Estou usando um vestido verde-escuro simples, de alcinhas, o cabelo preso num coque elegante com alguns fios loiros soltos na testa. Estou encostada perto da cozinha externa, com um copo de suco na mão, observando todos dançando e se divertindo.
Ergo os olhos e o vejo, o deus de ébano está com os olhos em mim.
Ele está com o paletó escuro contrastando com a informalidade do ambiente. Alto, cabelos pretos levemente bagunçados, barba bem feita, ombros largos e um olhar... pesado, com esses olhos verdes penetrantes.
Ele não tem o olhar de um homem comum — mas de alguém acostumado a ler perigos, a perceber o que os outros não dizem.
Olho em volta, observando tudo, rostos e rotas de fuga, até que os olhos dele encontraram os meus e eu prendo a respiração.
Não foi um olhar demorado. Um segundo, talvez dois. Mas intenso o suficiente para me fazer desviar os olhos, como se tivesse feito algo errado. Como se tivesse sido pega nua diante de um estranho.
Romeu apertou a mão de alguns dos meus familiares, sorriu para Anna e recebeu um tapa amigável de Théo, que aparentemente já o conhece. E então, como se atraído por alguma força invisível, voltou a olhar para mim.
Finjo que não vi. Ou tentou fingir. Mas sinto o peso do olhar dele mesmo de costas.
Durante o jantar sentamos distantes. Romeu entre Alessandro e Théo, e eu entre Luna e minha mãe. Em determinado momento comentam sobre o meu futuro.
— Está no segundo ano de Direito, né, minha filha? Já pode começar a treinar defesa dos tios na ceia de Natal! — meu pai brinca.
— Só espero que ela arrume tempo pra viver também, né? — uma daquelas tias avós bem chatas, que nem sei porque está aqui comenta. — Nunca foi beijada! Vai acabar virando uma monja!
Minha fama de virgem e BV roda a família inteira e muitas vezes isso acaba virando piada. Não que eu me importe, afinal eu sou por opção.
Todos sorriem e eu sinto vontade de socar a cara dessa velha enxerida.
— Se eu quisesse beijar alguém, pode ter certeza que já teria beijado! Era só eu estalar os dedos e teria muitos aos meus pés! —digo e ela abaixa a cabeça.
— Desculpa Aurora, só estava brincando. — dou de ombros.
Minha irmã olha para mim e sorri e sussurra para eu me acalmar.
Olho de relance e Romeu me observava com atenção, mas sem deboche. Sem riso. O olhar dele é... sério demais. Intenso demais.
Como se essa informação tivesse criado algo novo entre nós.
Após o jantar escapo para o quintal lateral, querendo silêncio. Sento-me na mureta baixa de pedra e olho para o céu.
Minutos depois, ouço passos.
Romeu.
— Achei que você tinha ido embora — digo sem olhar para ele.
— Eu deveria... Mas parece que não consegui.
Viro o rosto, encontrando aquele olhar outra vez.
— Seu nome é mesmo Romeu? — ele sorri de canto.
— Parece nome de cafajeste, né? — ele pergunta arqueando as sobrancelhas.
— Com toda certeza!
— E o seu? Aurora... nome de princesa.
Fico em silêncio. O jeito que ele disse meu nome... parece uma confissão.
Romeu se aproximou um pouco mais, mas respeitou a distância. Não me tocou. Não insistiu. Mas os olhos diziam tudo: ele queria. E eu... também queria. Mesmo sem entender.
— Boa noite, Aurora. — ele disse e foi embora.
E eu fiquei aqui, com o coração acelerado e os lábios formigando, como se tivesse sido beijada apenas com um olhar.
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Atualizado até capítulo 30
Comments
Charlotte Peson
Eu nem lavei as calcinhas que usei com o moleque kkkkkkk e vc me vem com o Deus do ébano ?????
2025-07-19
6
Leandra Carla De Oliveira
Autora foi aqui que eu imaginei esse ator para o papel do Romeu parece que aurora o estava o descrevendo.🫣😉🥵
2025-07-18
3
Cristiani A.L.
Parece q Romeu vai acertar o
alvo..Aurora está dando sinais...🤭🤣
2025-07-18
4