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...Isabelly ...
Marina chegou atrasada como sempre — batendo a porta da academia como se estivesse entrando num reality show.
— EU CHEGUEI, SEUS LUTADORES SEXYS! — ela gritou, com aquele sorrisão debochado.
Revirei os olhos e murmurei:
— Discreta como uma granada.
Lian nem piscou. Só ergueu uma sobrancelha e me olhou como se dissesse: “é sempre assim?”
— Sim, ela é real — confirmei, cruzando os braços. — E prometo que você vai sobreviver.
— Tô aqui pra admirar e apoiar — disse Marina, jogando a bolsa no banco. — E talvez escolher o meu favorito.
Ele apenas balançou a cabeça e fez sinal para eu me aproximar.
Fui até o centro do tatame com o coração acelerado. Não de medo. De adrenalina.
Lian parou na minha frente e me olhou nos olhos. Aqueles olhos castanhos pareciam ver mais do que deviam.
— Já treinou alguma vez? — ele perguntou.
— Só na imaginação. E nas vezes que desejei socar alguém, mas fui educada demais pra isso.
— Hm — ele respondeu, contido. — Então vamos começar devagar.
Ele veio por trás, ajeitou meus ombros com as mãos grandes e quentes.
Não me encolhi. Não dessa vez.
— Relaxa — disse ele. — Coluna reta. Respira.
— Só pra avisar, se você me fazer virar um boneco de pano, eu grito.
— Ninguém vai virar nada aqui — ele respondeu, secamente. Mas vi o canto da boca dele tremer. Quase um sorriso. Quase.
Começamos os movimentos. Postura. Pés. Soco direto. Ele corrigia com calma, paciência, e... um nível de atenção que me deixava alerta.
— Você não precisa mostrar força — disse ele. — Precisa mostrar intenção.
— Ah, nisso eu sou boa — respondi. — Já pensei em bater em gente bem pior.
Ele soltou um som baixo. Um meio riso. Vitória minha.
E então, a porta da frente se abriu com barulho.
— Cheguei! Faltou avisar que hoje era aula de casal? — disse um cara alto, moreno, com aquele ar de quem sempre tem uma piada pronta. — Quem é a novata e por que ela tem esse olhar de “não mexe comigo, mas talvez mexa”?
— Carlos — Lian avisou — essa é a Isabelly. Isabelly, esse é o idiota.
— Oi, idiota — respondi, com um sorriso cínico. — Digo… Carlos.
— Tô apaixonado — ele disse, rindo.
Marina se intrometeu do canto.
— Oi, eu sou a melhor amiga da Isabelly. E se você quiser brincar de lutar comigo, me avisa. Prometo bater devagar.
Carlos arqueou as sobrancelhas, encantado.
— É hoje que eu caso.
Lian revirou os olhos e voltou pra mim.
— Ignora eles. Vamos continuar.
— Difícil ignorar dois galãs brigando por atenção — brinquei.
— Se distrair na luta, você perde.
— Se me encarar desse jeito de novo, eu ganho — devolvi.
Dessa vez, ele não segurou o sorriso. Foi rápido. Mas eu vi.
Então, respirei fundo. Girei o quadril. E soquei com vontade.
— Isso — ele disse, firme. — De novo.
E eu repeti.
Porque naquele tatame, com os olhos dele em mim, e Marina rindo no fundo... eu me senti viva, como muito tempo fingia se sentir.
E mais importante: eu me senti minha.
Decidi deixar o passado para trás e ser minha melhor versão
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Atualizado até capítulo 50
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