Capítulo Cinco

Tales Narrando

Depois da noite maravilhosa que tive, segui andando pelo centro. Um pouco mais a frente tinham algumas putas, entre elas estava uma pessoa que me parecia muito familiar.

Me aproximei um pouco mais e constatei que se tratava da cobra que nos cuidava.

- então é com isso que trabalha ?- perguntei chamando a atenção da mulher

- o que eu faço não te diz respeito- falou ela me encarando

- estava com medo de eu estar me vendendo, mas olha só para você, pagando com a própria língua - falei sorrindo levemente

- eu preciso de dinheiro, não sou obrigada a ficar sem comer por que você não trabalha - disse ela me encarando ferozmente

- eu não sou obrigado a te sustentar- falei sorrindo - boa sorte com isso aí, cuidado com as dst - disse saindo do local

Continuei caminhando e logo cheguei em casa, abri a porta e meu irmão estava sentado no sofá assistindo desenhos, e assim que me viu ele correu e me abraçou.

- o que ainda faz acordado à essa hora da noite ?- perguntou passando a mão sobre suas costas

- tive um pesadelo - disse ele me apertando

- com o que ?- perguntei curioso

- você estava indo embora, e me deixava aqui sozinho. Promete papai que não vai me abandonar - disse ele me surpreendendo com as palavras

- eu não vou te abandonar meu príncipe, se eu sair daqui, você vai junto comigo - falei acariciando a bochecha do garoto - agora quer me explicar por que me chamou de pai ?- perguntei curioso

- um coleguinha da escola disse que pai é quem cria e cuida, você cuida de mim, então acho que é meu pai - disse ele ainda me abraçando

- tudo bem, agora vamos dormir, por que amanhã você tem aula cedo - falei acariciando seus cabelos

- fica comigo até eu dormir - disse ele fazendo biquinho

- vamos - disse sorrindo

Subimos as escadas e ele se deitou em sua cama, me deitei ao seu lado, e ele me abraçou, dava para perceber que ele estava com medo de eu fugir, ali mesmo acabei fechando os olhos e adormeci.

Acordei com o meu relógio de pulso despertando, desliguei o mesmo e encarei o garotinho que dormia profundamente.

- ei, pequeno príncipe, está na hora de acordar - disse dando algumas leves sacudidas no garoto

Ele se mexeu um pouco na cama, e logo abriu seus olhos.

- vai escovar os dentes, eu vou preparar a sua roupa - falei sorrindo

Ele se levantou da cama e pegou a sua muleta, e seguiu para o banheiro. Peguei na cômoda o uniforme que ele usava para a escola, e deixei sobre a cama.

Assim que ele saiu do banheiro, ajudei ele a se vestir, e logo descemos as escadas. A cobra estava dormindo pois provavelmente deveria ter chegado tarde.

Peguei um pacote de bolacha que havia comprado, e coloquei em cima da mesa junto com um copo de leite.

- coma, daqui a pouco o transporte chega - disse sorrindo

O garoto comeu tudo, e assim que acabou, o transporte escolar buzina. Peguei a mochila dele e sai de casa.

Entreguei a mochila para a mulher, e ela me ajudou com o garoto.

- até mais tarde príncipe - disse sorrindo

- até mais tarde papai - disse ele sorrindo também

Eu estava gostando dele me chamando de pai. Quando ele nasceu os médicos fizeram alguns exames, e descobriram que além da deficiência que ele tem nas pernas, ele também iria ser uma criança hiperativa.

Entrei na casa, e organizei a cozinha. Eu estudava, mas resolvi parar para poder cuidar do meu irmão, quando saia para a escola ficava o tempo todo com medo do que poderia acontecer com ele quando estivesse sozinho com a cobra.

Subi para meu quarto, e deitei em minha cama, e novamente cochilei. Acordei com a cobra quebrando a porta mais uma vez.

- levanta dessa cama seu vagabundo, vai procurar um serviço - falou ela esmurrando a porta

- vai rodar bolsinha caralho - gritei de dentro do quarto

- levanta a bunda dessa cama, ou vai se ver comigo - disse ela

- se você conseguir arrombar a porta - gargalhei

Segui para o banheiro, escovei meus dentes, e em seguida desci as escadas.

- você e seu irmão tem até amanhã para deixar minha casa. Eu estou cansada disso tudo, vocês só estão me dando prejuízo - disse ela me encarando

- tomara que a casa desabe com você dentro - disse saindo da cozinha

Peguei minha mochila e a pasta de currículos, e assim comecei a entregar currículo nas empresas. Quando estava retornando para casa, encontro com os rapazes da boca.

- fala ae menor, a chefia quer trocar uma ideia contingo - disse o garoto passando a mão sobre meu pescoço

Segui para a boca e o chefe começou a falar sobre mais um de seus assaltos, e dessa vez não seria em uma joalheria.

- mas onde que vai rolar esse assalto?- perguntei curioso

- nosso pessoal descobriu a casa de um dos policiais que estão no seus encalço no roubo da joalheria

- mas o que vão fazer ?- perguntei ainda curioso

- vamos assaltar a casa do mano, tudo que tiver lá dentro é para pegarem - disse o chefe

No dia do assalto a joalheria tinham dois policiais, então estava curioso para saber de quem era a casa.

Mais tarde, peguei meu irmão no transporte escolar. E logo começou a escurecer,e assim segui caminho com o pessoal da boca. Alguns minutos de caminhada chegamos na área rica da cidade, chegamos em frente a uma mansão branca, suas paredes eram de uma textura magnífica, e no andar de cima, era toda revestida em vidro.

- como vamos entrar ?- perguntei encarando o imenso muro

- vamos escalar - disse um dos garotos

- mas é muito alto

- para de ser cagão não é tão alto - disse o garoto sorrindo

- posso ajudar em algo garotos ?- perguntou uma pessoa

- sujou, mete o pé negada - disse os garotos correndo

Eu estava estático, ali em minha frente estava Douglas. Eu não fazia ideia de que essa casa era dele.

- e você ainda precisa de alguma coisa - disse ele sem me reconhecer por que estava de capuz

Retirei o capuz, e ele arregala os olhos.

- você iria me roubar ?- perguntou ele me encarando

- não, quer dizer não sei, eu não sabia que essa mansão era sua - falei abaixando a cabeça

- ainda bem que eu vi pelas câmeras, antes de você cometer uma burrice. Está querendo parar dentro de um presídio ?- perguntou ele me encarando

- me desculpa, me desculpa - disse deixando as lágrimas saírem

Sem esperar ele acaba me abraçando, estava tão confortável, tão quentinho que não queria sair dali.

- não precisa chorar, só fiquei nervoso. Não se preocupe, eu acionei a polícia, eles vão atrás dos rapazes - disse ele sorrindo - vem vamos entrar - falou ele me estendendo a mão

Segurei na mão do homem e entrei na casa. Eu estava facinado com tamanha beleza daquele lugar, entramos na sala e tinha uma mulher que eu imaginava ser a Rose.

- e então deu certo ?- perguntou a mulher curiosa

- sim, eles foram embora, a polícia vai pegar eles - disse Doug sorrindo - Rose, esse é o Tales, aquele garoto que eu te contei

- ah, então você é o famoso Tales, esse menino não para de falar de você - disse ela me deixando levemente envergonhado - afinal o que faz por aqui, não me diga que estava junto com aqueles garotos ?- perguntou ela meio assustada

- Rose, Tales é diferente, e dá uma diminuída nas perguntas - disse Doug sorrindo

- bom, estávamos indo jantar, quer nos acompanhar ?- perguntou Rose me encarando

- não vou incomodar ?- perguntei encarando Doug que apenas sacudiu a cabeça afirmando negativamente

Seguimos pela imensa casa, e logo chegamos a sala de jantar, Doug puxou uma cadeira para mim, e logo me sentei.

- o que gosta de comer Tales ?, gosta de vegetais ?- perguntou Rose com um prato em suas mãos

- eu como de tudo Rose, adoro vegetais - falei sorrindo

A mulher colocou tudo em um prato e logo me entregou, e em seguida fez o mesmo com Doug.

- isso é lagosta ?- perguntei encarando o animal que estava em outro prato

- sim, eu estava com vontade de comer lagosta, então pedi para a Rose preparar - disse Doug sorrindo - quer ajuda ?- perguntou ele me encarando

- por favor, eu não sei nem por onde começar - falei sorrindo

O homem se aproximou de mim, e se abaixou para ficar do mesmo tamanho que a cadeira, ele pegou uns utensílios e começou a cortar o animal.

- não é difícil, é apenas questão de prática- disse ele sorrindo

Virei meu rosto, e mais uma vez me perdi naqueles lindos olhos azuis, seus lábios estavam rosinha e convidativo. Passei a língua umedecendo os meus, o perfume que ele usava deixava o clima ainda mais gostoso.

Viktor era um homem bem malhado, tava na cara que ele arrancava suspiros de qualquer mulher.

- pessoal - disse Rose tossindo levemente - querem privacidade ?- perguntou a mulher sorrindo

- não Rose, estava apenas cortando a lagosta - disse Doug se levantando e seguindo de volta para seu lugar

Após algumas dificuldades consegui comer a lagosta, assim que terminamos a refeição, Rose se dirigiu para a cozinha para lavar a louça, eu me ofereci, mas ela disse que não precisava.

- vem, vamos conhecer a casa - disse Doug me estendendo a mão

Tomei o restante do vinho que estava na taça, e em seguida peguei em sua mão, subimos as escadas e logo avistei um corredor repleto de portas.

- eu nem cheguei a perguntar a sua idade - disse ele sorrindo

- eu tenho dezessete - falei sorrindo

- me sinto culpado por ter deixado você beber vinho - falou ele sorrindo

- não tem problema, faço dezoito daqui há algumas semanas. E também ninguém vai ficar sabendo - disse sorrindo

Ele começou a me mostrar os comodos do andar de cima, e depois de tanto quarto de hóspedes senti que estava meio sonolento.

- você me mostrou uma porção de quartos de hóspedes, mas não me mostrou o seu - falei chamando a sua atenção

- só foram três quartos de hóspedes. E eu estou com vergonha de te mostrar o meu - disse ele

- por que ?- perguntei curioso

- está bagunçado - falou ele sem me encarar

- não tem problema - disse sorrindo

Ele se encaminhou para o fundo do corredor e abriu a porta. O quarto não estava tão bagunçado, apenas tinham algumas roupas pelo chão.

- não está tão bagunçado - disse olhando para ele que não me encarava

- mesmo assim, não quero que tenha essa visão de mim - falou ele sem me olhar

- pode acontecer o que for, eu sempre vou olhar o seu lado bom - falei sorrindo

Entrei no quarto e me sentei na cama, ele se encaminhou e se sentou ao meu lado.

- quer me contar o por que estava em mais um roubo ?-falou ele chamando a minha atenção

- minha mãe colocou eu e meu irmão para fora de casa, eu fiz um contrato com o chefe da boca, ele me daria uma casa, e em troca eu iria trabalhar para ele - disse abaixando a cabeça

- de jeito nenhum, você não vai fazer isso - falou ele seriamente

- mas sem isso eu não tenho para onde ir - falei olhando para meus pés

- venha morar comigo, aqui vive só eu e a Rose, não precisa trabalhar por agora, faça tudo no seu tempo - disse ele me fazendo o encarar

- mas você mal me conhece - disse lhe encarando

- conheço o suficiente para saber que tem um bom coração, e também eu vou adorar a sua companhia - falou ele alisando minha bochecha

- não quero ser um encosto -falei virando o rosto

- não vai ser, aqui vocês terão tudo do bom e do melhor - falou ele segurando em meu queixo e girando levemente

- eu não sei o que dizer - disse chocado

- não diga nada, apenas viva o momento - falou ele sorrindo lindamente

- muito obrigado Doug, sem você eu estaria literalmente perdido - falei sorrindo

- eu só não quero te ver na cadeia - disse ele sorrindo levemente

- prometo que vou parar de fazer esses roubos - falei sorrindo

- faça isso, vai se sentir melhor - falou ele sorrindo

- bom, agora eu tenho que ir, amanhã eu posso vir que horas ?- perguntei curioso

- pode chegar o horário que quiser, eu vou deixar a Rose avisada, então amanhã se eu não estiver, ela pode te receber - falou ele sorrindo

- obrigado mais uma vez - disse sorrindo

- vamos, eu chamo um Uber para te levar - disse ele se levantando da cama

- não precisa - falei sorrindo

- claro que precisa, você não vai sair daqui à essa hora da noite - disse ele pegando seu celular

O homem chamou um Uber,e em poucos minutos ele já havia chegado. Me despedi de Rose, e segui para fora da casa, entrei no carro.

- até amanhã - falei encarando o homem que sorriu de orelha a orelha

- até amanhã - falou ele

O carro começou a se movimentar, e em poucos minutos já estava em frente a minha casa. Sai do carro e entrei em casa, passei no quarto do meu irmão e ele estava dormindo, caminhei para o meu, tranquei a porta, e me joguei na cama adormecendo logo em seguida.

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