Capítulo Dois

Tales Narrando

Pela manhã eu despertei com minha mãe derrubando a porta.

- levanta dessa cama seu vagabundo, por que não vai achar um serviço, ao invés de dormir o dia inteiro - gritou ela

Esfreguei a mão no rosto, segui para meu banheiro e escovei meus dentes. A minha vida inteira foi resumida nisso, a minha mãe me tratava igual um vagabundo, a única pessoa que eu ainda podia contar era meu irmão, ele sempre foi muito apegado a mim.

Respirei profundamente, e sai do meu quarto, na cozinha estava minha mãe e meu irmão.

- bom dia irmãozão - disse ele sorrindo alegremente

- bom dia meu príncipe - disse dando um beijo na bochecha do garoto

Meu irmão tinha uma deficiência em uma das pernas, e por esse motivo ele tinha que ficar andando de muletas.

- parem com essa melação, e você seu vagabundinho, arrume um emprego, ainda essa semana quero me ver livre de vocês - disse ele me encarando ferozmente

As vezes parecia que essa mulher não amava os filhos, meu irmão já estava acostumado com o jeito de ser da nossa mãe, então ele já não se incomodava.

- irmãozão, você vai conseguir arrumar um emprego ?- perguntou ele me encarando - essa mulher me dá medo - disse ele abaixando a cabeça

- eu vou conseguir, tenho que te tirar de perto dessa cobra, e não se preocupe ela não vai fazer nada com você - disse abraçando o garoto

Caminhei para a sala e a mulher conversava com alguém pela porta.

- não vejo a hora de me livra desse problemático, só me dar gastos - disse ela dando uma leve gargalhada

- se ele só te dar gastos, então por que foi transar sem proteção, a culpa disso é sua, não o culpe por seus erros - falei chamando a atenção da mulher que me encarava perplexa

- moleque acho bom me respeitar, ou ao cair da noite vão estar os dois no olho da rua - disse ela bravamente

- atreva-se a fazer isso, que eu coloco a polícia no meio de tudo isso - falei sorrindo

- está me ameaçando ?- perguntou ela me encarando

- considere apenas um aviso - falei subindo as escadas

Peguei minha mochila, e peguei uma pasta que continham alguns currículos dentro, e logo desci as escadas, meu irmão estava assistindo desenhos na sala, me aproximei dele e sorri.

- ei, quer dar um passeio comigo ?- perguntei encarando-lhe

- vamos, eu posso tomar um sorvete ?- perguntou ele me encarando

- quantos quiser - falei sorrindo

Animadamente ele pegou as suas muletas e saímos de casa. Meu irmão tinha seus nove anos de idade, mas já tinha visto e ouvido muita coisa que uma criança não deveria ouviria, e nem ver.

Caminhamos um pouco, e logo paramos em uma sorveteria que estava contratando balconistas, entrei no estabelecimento e deixei um de meus currículos.

- boa sorte, estamos precisando muito de balconistas, o último não aguentou a carga horária - disse a mulher avaliando meu curriculum

- não tenho problemas com horário, pode ser qualquer um, o importante é estar trabalhando - disse sorrindo para a mulher

- eu vou encaminhar seu currículo para a nossa gestão, espero que eles possam te contratar - falou a mulher me encarando

- fico aguardando - disse sorrindo

Meu irmão estava olhando as vitrines, eu havia esquecido que tinha lhe prometido um sorvete.

- bom, você pode me vê um sorvete de baunilha na casquinha - falei chamando a atenção da mulher

- ok, podem se sentar que eu já levo - disse a mulher sorrindo

Nos sentamos em uma cadeira que havia ao lado de fora, e logo a mulher aparece com o sorvete e entrega para meu irmão que pega o mesmo sorrindo.

- você fica aqui, eu vou ali pagar e já volto - disse sorrindo pro garoto que apenas concordou com a cabeça

Me levantei da cadeira e segui até o caixa. Retirei um nota do bolso e entreguei para a mulher. Meu irmão não sabia, mas no cair da noite eu costumava fazer uns assaltos com o pessoal da boca que fica próximo de casa. Sabia que era perigoso, mas eu iria fazer de tudo para tirar meu irmão daquela casa.

- obrigado, e boa sorte mais uma vez - disse a mulher me devolvendo o troco

- eu quem agradeço - disse saindo da sorveteria

Após alguns minutos meu irmão já havia terminado com o sorvete, e saímos do local, entreguei currículos em mais alguns lugares, e logo retornamos para casa.

- está com fome ?- perguntei encarando o garoto que assistia desenhos

- um pouco

- eu vou preparar algo para você comer - disse sorrindo

Ele apenas afirmou positivamente com a cabeça, caminhei para a cozinha, e procurei algo para comer. Acabei por encontrar um miojo, e na geladeira encontrei alguns ovos.

Preparei o miojo e fiz ovo mexido, coloquei tudo em um prato e levei para o garoto.

- mas é você ?, o que vai comer irmãozão ?- perguntou ele me encarando

- nada, não se preocupe comigo - falei me sentando ao seu lado

Já fazia um bom tempo que nossa mãe não fazia compras, ela disse que não iria mais gastar com a gente, por que era uma perda de tempo, as vezes ela comprava o básico para ela sobreviver, mas apenas para ela.

- toma - disse ele me oferecendo o garfo com o miojo

Queria recusar, mas a barriga estava roncando muito. Abocanhei o garfo e degustei o miojo, e assim ele fez comia e me dava para comer também.

Quando ele acabou retirei o prato e levei para a cozinha. Pela tarde a mãe sai para trabalhar, aonde ela nunca disse. Passei o dia assistindo desenhos com meu irmão, e quando estava escurecendo percebi que ele estava com sono. Levei o garoto para a cama, apaguei a luz e fechei a porta, e logo a campainha toca.

Segui até a porta e abri dando de cara com um dos rapazes da boca.

- e aí menor, a chefia quer falar com você parça - disse o rapaz me encarando

- bora lá - disse sorrindo

Começamos a caminhar e logo entramos na viela onde ficava a boca. Conversei com o chefe, e mais uma vez ele me pediu para fazer um roubo, e era em mais uma joalheria.

Um pouco mais tarde já estava tudo pronto, sai de casa e encontrei com os dois garotos que iria junto comigo nesse rolê. Andamos alguns minutos e logo chegamos em frente a uma das joalherias do centro.

Um dos rapazes quebra o vidro e destranca a porta.

- não tem alarme ?- perguntei curioso

- nessa parte não, o alarme fica no setor das jóias, se a gente não ter cuidado pode acionar os tiras - disse ele entrando na loja

Com muito cuidado pegamos tudo que precisávamos, e colocamos na mochila que estava com um dos garotos.

- sujou menor, a polícia chegou, bora meter o pé - disse um dos garotos que havia ficado vigiando do lado de fora

Os três garotos saíram correndo pelos fundos, e logo em seguida eu saí, me escondi atrás de uma lixeira que havia no beco dos fundos. Sabia que não dava tempo de correr, se fizesse tal ato, iria acabar morto ou iria pro hospital.

Notei que um dos policiais examinou o beco e logo entrou na loja novamente. Quando eu pensei em correr saiu outro polícial da loja, vagarosamente comecei a dar alguns passos para trás, e acabei esbarrando em algumas caixas que caíram no chão.

Comecei a correr como se não houvesse o amanhã, quando estava quase saindo daquele beco interminável, acabei dando de cara com o peitoral de alguém. Olhei para cima e me surpreendi, o polícial era extremamente lindo.

Eu nunca havia ficado com homens, peguei umas garotas na época do colégio, mas não passava de apenas meras ficadas. Sai do beco com as mãos na cabeça, e pensei que ali seria o meu fim.

Parecia que o policial estava em estado de choque, ele não se mexia nem esboçava nenhuma reação. Por fim, ele acabou me revistando, e por sorte as jóias roubadas haviam ficado na mochila.

Ele me liberou, e eu corri para casa. Abri a porta e me joguei no sofá, respirei profundamente, eu não conseguia esquecer de nenhum modo os olhos daquele polícial, parece que finalmente o destino estava sorrindo para mim.

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!