Encarar Luke não foi fácil. Ver aquela cena, a tal senhorita Jones pendurada no braço dele, rindo como se pertencesse perfeitamente ao mundo dele, foi como levar uma facada no peito. Cristina tentou manter a compostura, mesmo que por dentro tudo estivesse ruindo. Aquela sim, era a mulher perfeita para ele — rica, refinada, da alta sociedade. Exatamente o que sua mãe sempre quis.
Pela intimidade entre os dois, parecia que ele havia aceitado o plano da família com facilidade. E isso doía mais do que Cristina gostaria de admitir.
— Você precisa melhorar essa cara, Cristina — comentou Josh, com um meio sorriso forçado. — Luke vai continuar fazendo parte da sua vida, ainda mais agora que serão padrinhos do bebê da Lorena.
Cristina engoliu seco.
— Nem me lembre disso… preferia mil vezes que fosse você no lugar dele.
— Mas essa é uma escolha que não posso fazer, querida.
Cristina sentiu a cabeça girar. Talvez fosse o efeito da bebida, ou a mistura cruel de mágoa e humilhação.
— Eu sei… Vou ao banheiro retocar a maquiagem.
— Vai lá. Quando voltar, temos que cumprimentar o resto dos convidados e tirar mais fotos para a mídia.
— Isso é um saco!
— Vai ter que se acostumar com isso. Sua vida vai ser assim de agora em diante.
Cristina apenas balançou a cabeça e se afastou, caminhando com firmeza fingida em direção ao corredor. Seus passos ecoavam sob o salto alto, e mesmo com a música ao fundo, o mundo parecia mudo.
De longe, viu Luke rindo, descontraído, com a nova acompanhante. Parecia outra pessoa. Um homem leve, livre, que jamais havia segurado suas mãos com carinho ou sussurrado promessas ao pé do ouvido. Ou talvez... apenas estivesse revelando quem sempre foi.
Ao entrar no banheiro feminino, se olhou no espelho. A maquiagem ainda estava impecável, cada centavo bem gasto. Mas por trás da aparência, havia olhos cansados e um coração em frangalhos.
Cristina entrou na cabine e ajeitou o vestido. O forro de seda deslizou pela pele quente. A fenda lateral revelava mais do que apenas a perna, revelava vulnerabilidade.
Quando terminou, abriu a porta — e foi empurrada com força de volta. Sentiu as costas contra a parede da cabine. Um cheiro familiar tomou conta do ambiente. Um clique metálico ressoou — a porta estava trancada.
— Você ficou louco? — sussurrou, em choque. — É o banheiro feminino! Alguém pode entrar.
— Ninguém vai entrar. Coloquei a placa de interditado lá fora.
Cristina tentou sair, mas ele bloqueou a porta com o corpo, prendendo seus braços.
— Me solta, Luke. Eu não quero isso. Você escolheu seu lado, agora me deixe em paz.
Ele não recuou.
— O que queria que eu fizesse, Cristina? Que abandonasse minha família por você? Meu pai mal saiu de um infarto. E o que tínhamos… era só sexo. Foi você quem resolveu transformar em algo a mais.
Aquelas palavras atingiram como um tapa.
— Você é um covarde. Um cretino. E um filho da mãe. Vai atrás da sua nova namoradinha. Ela é perfeita para um filhinho de mamãe como você.
O olhar de Luke mudou. Ficou mais duro, mais escuro.
— Agora que arrumou um mais rico que eu, resolveu dar só pra ele?
Cristina perdeu o controle e deu um tapa com toda a força que tinha. O som ecoou na cabine.
— Sim. Porque ele me respeita. Me trata como mulher. Me protege. Coisa que você nunca soube fazer.
Luke não recuou. Ao contrário, se aproximou ainda mais.
— Minha mãe tinha razão sobre você.
— E você não passa de um fantoche da mamãe. Me larga!
Mas a tensão entre os dois explodiu. E num momento de total descontrole, ele cruzou a linha que jamais deveria ser ultrapassada. Os olhares queimavam. A raiva, o desejo e o álcool formavam uma combinação perigosa.
Cristina tentou impedir. Disse que não queria. Que não podia. Mas ele estava cego. Dominado. O cheiro da bebida, o toque agressivo, o olhar perdido. Ela sentiu medo. Sentiu dor. E pela primeira vez, percebeu que estava completamente sozinha ali dentro.
Ela se debatia, tentava empurrá-lo, mas a força dele era superior. Seu corpo dizia não, mas Luke insistia em interpretar aquilo como outra coisa.
Cristina se odiou por ceder por um instante. Por se ver confusa. Por desejar, mesmo em meio ao medo, o homem que a fazia se sentir viva e ao mesmo tempo destruída. Aquilo não era amor. Era loucura.
Era violência.
Quando tudo terminou, ela estava exausta, encostada na pia de mármore, com a respiração ofegante e o olhar vazio. Luke, por outro lado, parecia satisfeito. Recompôs-se com frieza, ajeitou a camisa, levantou a calça, e num estalar de dedos, estava como antes.
— Espero que esteja se cuidando. Você está em idade fértil — disse ele, com um sorriso debochado.
— Não que seja da sua conta… — Cristina respondeu, fraca. — Mas me cuido, sim. Tenho uma vida sexual ativa… com alguém que me respeita.
Luke avançou e segurou seu rosto com força.
— Eu te possuí agora. Você acha mesmo que outro homem vai te fazer esquecer isso? Não me provoque, Cristina. E nem pense em abrir a boca. Você não me conhece.
Cristina conseguiu afastá-lo.
— O que aconteceu aqui não vai se repetir. Você está bêbado, fora de si. Isso não foi certo, Luke. Não foi consensual.
Ele a olhou, por um segundo, como se a realidade o atingisse. Mas ao invés de pedir desculpas, apenas sorriu de lado.
— Isso é o que veremos. E pare de chorar. Isso não combina com você.
Tentou beijá-la, mas ela virou o rosto. Ele saiu como se nada tivesse acontecido.
Cristina ficou ali por alguns minutos. Parada. Tremendo. Chorando em silêncio. Limpou-se, ajeitou o cabelo, retocou a maquiagem, e quando achou que estava apresentável, saiu do banheiro.
Caminhou até o salão como uma atriz em uma peça que não havia ensaiado. Por fora, era elegância. Por dentro, caos.
"Isso não foi certo."
O rosto dela... o olhar vazio...
Luke estava bêbado. Estava alucinado. Mas isso não justificava.
Ele não a havia amado. Não naquele momento. Tinha machucado. Tinha invadido. E o pior… tinha gostado.
Mas agora… o gosto era amargo.
Cristina jamais seria a mesma.
E talvez ele também não.
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Atualizado até capítulo 44
Comments
Cleonice Luzia Conceição
nossa ninguém deveria passar por isso, que ela busque ajudar
2025-07-10
4
Fátima Ribeiro
é isso que filhinho de mamãe faz.
enche a cara para ter coragem de fazer o mal a quem não o tolera por sua mesquinhes.
ela tem que contar tudo pro Josh a amiga...
não deve se calar.
2025-07-26
0
Carla Santos
Sinceramente isso foi abuso física e psicóloga espero que ela não engravide dele,que ela conte tudo pro Josh esse sim merece ela de verdade Josh não pode ficar no escuro
2025-08-01
0