Estou sentado no escritório da minha cobertura luxuosa, com a cidade acesa aos meus pés e a consciência em chamas. Na mão direita, um copo de uísque caro. Na esquerda, o convite que carrega o peso de uma noite que promete ser mais dolorosa do que qualquer julgamento que já enfrentei em tribunal.
O evento? A inauguração do Ateliê de Modas mais badalado do país.
O mais comentado. O mais aguardado. O mais sofisticado.
E, para mim, o mais torturante.
O curioso — ou cruel — é que o Ateliê sequer abriu as portas oficialmente e já teve toda a sua primeira coleção vendida. Exclusividade, elegância e mistério rodeiam cada criação. E como eu sei disso? Simples. Meu melhor amigo é casado com uma das donas.
E eu... sou o desgraçado que partiu o coração da outra.
Nasci em berço de ouro. Sou herdeiro de uma família de advogados que trabalha exclusivamente para corporações internacionais bilionárias. Nosso império jurídico é respeitado — e temido.
E entre nossos maiores clientes está o Grupo Velasquez, onde também atuo ao lado do meu melhor amigo e CEO, Christopher Velasquez.
Sempre tive tudo o que quis. O dinheiro sempre abriu portas. Carros. Viagens. Mulheres. Poder. Mas nunca deixei a fortuna me transformar em alguém arrogante.
Diferente dos meus pais.
Minha mãe, por exemplo, não mede esforços para destruir minha liberdade, tentando me empurrar para braços de mulheres da alta sociedade. A mais recente aposta dela é Linda Jones, herdeira de um império do setor farmacêutico. Bonita, elegante, educada... e, segundo minha mãe, perfeita para mim.
Linda é o pacote completo — exceto por um detalhe: não é a Cristina.
Foi minha mãe quem plantou a semente do caos. Quando percebeu que eu estava me envolvendo com Cristina, tratou de afastá-la como se ela fosse uma ameaça à linhagem Rabelo.
E, como um fraco que fui, permiti.
Hoje, o escritório da família está sob minha direção. Meu pai foi forçado a se aposentar após um infarto. O médico foi claro: ou ele abandonava o trabalho, ou a morte bateria à porta.
E aqui estou eu. Dividido entre o império da advocacia e o inferno emocional que herdei por minhas próprias decisões.
Termino o uísque em um único gole, sentindo a ardência queimar minha garganta e o arrependimento arder mais fundo no peito. Levanto, pego as chaves e sigo rumo à casa de Linda. Hoje, ela será minha acompanhante na inauguração do Ateliê.
Durante o trajeto, Linda fala animadamente. Ela é linda, não posso negar. O vestido justo, o salto alto, o perfume caro... tudo nela exala desejo. E se tudo sair como o planejado, ela terminará a noite na minha cama.
Mas nem mil orgasmos apagariam o nome que ainda queima dentro de mim: Cristina.
Quando chegamos ao evento, sou imediatamente impactado pela imponência do prédio. O Ateliê está localizado em um edifício moderno, de fachada espelhada, com detalhes em dourado e mármore branco. O letreiro em alto relevo brilha sob refletores posicionados com perfeição:
“Ateliê Moreau & Rules”.
A entrada principal é digna de tapete vermelho. Jardins verticais ladeiam as portas de vidro, e um caminho de luzes em LED nos guia até a recepção. Recepcionistas impecavelmente vestidas recebem os convidados com sorrisos profissionais e taças de champanhe francês.
O interior é de tirar o fôlego. O salão principal tem pé-direito altíssimo, com um lustre imenso de cristais pendurado no centro. O chão, todo em mármore calacatta, reflete a luz e os sorrisos falsos da alta sociedade. Nas paredes, molduras douradas com croquis das coleções expostas. Quadros de inspiração, espelhos venezianos, colunas de vidro com flores naturais, tudo meticulosamente posicionado.
As peças da coleção — roupas, sapatos e bolsas — estão dispostas em vitrines iluminadas como se fossem joias. Cada vestido é uma obra de arte. Tecidos nobres, cortes impecáveis, bordados à mão, rendas importadas. Há desde vestidos de gala até conjuntos casuais com acabamento de alta costura. Os sapatos — esculturais — misturam elegância clássica com ousadia moderna. E as bolsas? Modelos exclusivos, com assinatura das estilistas, feitas com couro italiano e metais banhados a ouro.
É um desfile silencioso de perfeição.
O vestido de noiva arrematado por Josh Morgan está em destaque, em um manequim giratório sob uma redoma de vidro, como se fosse uma relíquia. Ao redor, jornalistas, fotógrafos e socialites não escondem o encanto.
Linda me acompanha, sorridente, deslumbrada. Segura meu braço como se já fosse minha esposa, enquanto cumprimentamos empresários, políticos, influenciadores. Todos elogiam a decoração, a coleção e — para meu desgosto — o “belo casal” que formamos.
Mal sabem eles que romance é a última coisa que existe entre nós.
Linda acha que está próxima de garantir o anel.
Eu só penso em arrancar esse vestido dela e acabar com a noite na horizontal.
Sem laços. Sem promessas. Só prazer.
Mas tudo muda no instante seguinte.
A movimentação na entrada começa a se intensificar. Os flashes disparam. A música ambiente se suaviza. Os murmúrios se transformam em suspiros.
Elas chegaram.
— Você as conhece, Luke? As donas do Ateliê? Ouvi dizer que uma delas está saindo com Josh Morgan... — Linda sussurra, mordendo o lábio inferior.
Meu sangue gela.
Se uma é esposa de Christopher, a outra... é a minha Cristina.
— Olha lá... Eu tinha razão. Aquele é Josh Morgan — ela aponta.
Sigo seu olhar.
Lorena Velasquez entra, deslumbrante ao lado do marido. Vestido azul royal, bordado com cristais Swarovski. Um deslumbre. Mas é quando vejo quem está logo atrás que meu coração trava.
Cristina.
De braços dados com Josh Morgan, sorrindo, confiante e arrebatadora.
Ela não me olha. Passa por mim como se eu fosse invisível.
Como se nunca tivesse me chamado de amor, como se nunca tivesse chorado no meu colo, como se nunca tivesse me pertencido.
Ela está estonteante.
Vestido verde-esmeralda, colado ao corpo, com fenda lateral altíssima que revela sua perna perfeita. O decote profundo em V destaca seu colo. As costas nuas.
E eu a conheço bem demais para saber que ela não está usando calcinha. Isso é Cristina. Provocante. Livre. Imparável.
As joias brilham à distância. Colar, brincos, bracelete. Tudo perfeitamente harmonizado. Tudo absurdamente caro. Tudo cruelmente sedutor. E os sapatos, claro que não seria diferente. Também criação de Cristina. Eu estava com ela quando desenhou. São e ficaram perfeitos.
— Os vestidos são modelos exclusivos... desenhados por elas mesmas — comenta Linda, sem perceber o estado em que me encontro.
— Que cara feia é essa, meu amigo? — Christopher aparece ao meu lado, com seu sorriso debochado.
Abro a boca para responder, mas ele me corta:
— Não acredito... está com ciúmes do Morgan?! Isso eu nunca imaginei ver!
O desgraçado está se divertindo.
— Não estou com ciúmes... é só que Cristina...
Mas não termino a frase. Porque Lorena se aproxima com olhos em chamas.
— Nem se atreva, Luke. Você teve sua chance. Jogou fora. E ainda permitiu que sua mãe humilhasse a Cristina. Agora, se ela está com Josh ou com qualquer outro homem, não te diz respeito.
— Foi rápida... e escolheu até melhor. Mais rico do que eu.
Lorena empalidece. Quase avança em mim, mas Christopher a segura.
— E você? Está com a senhorita Jones. Todos dizem que o próximo casamento é o seu. Então não julgue. E, por favor, não me faça escolher um lado. Porque você sabe qual eu escolheria.
Engulo seco.
— Vou tentar policiar minhas palavras, Lorena.
— Comece agora. Cristina está se aproximando com Josh e eu não quero escutar nenhuma gracinha.
Sigo seu olhar.
Lá vem ela.
De mãos dadas com Josh Morgan.
Rindo. Brilhando. Dominando.
Como se nunca tivesse sido minha.
E porra...
isso me destrói por dentro.
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Atualizado até capítulo 44
Comments
Carla Santos
É Luke seu otário por ser pau mandado da mamãe agora fica com os resto seu otário agora chegou a vez da Cris brilhar ao lado de um homem de verdade claro que não é vc, a vc que lute ou vai chupar manga azeda seu covarde de uma figa seu bobão
2025-08-01
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Renata
e Luke bobão acho que vc vai ter que rebolar para ter a Cris devolva
2025-07-11
1
Izabel Brandão Mendes
que saco esse tal de luke
2025-07-11
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