Capítulo 2 — Desejo Proibido e Despertar Silencioso
Meu mundo virou fumaça e faísca quando Ethan me beijou no meio do escritório. O gosto fresco de menta misturado ao amargo do café que ele vira e mexe tomava entre reuniões fez meu sangue ferver num estalo. A mesa de mogno bateu nas minhas costas quando ele me ergueu sem aviso, como se eu fosse uma luva de treino leve demais para o peso dos braços dele.
O corredor lá fora continuava iluminado, mas a porta automática se fechou — clack — e nos selou num aquário de vidro, silêncio quebrado só pelo zumbido do ar-condicionado e pelo som frenético da minha respiração.
Ele me encurralou entre o tampo gelado da mesa e o próprio corpo. As mãos grandes desceram pela minha cintura, apertando sem pudor, e eu senti a gravidade daquilo: era indecente, era meu chefe, era tudo que podia me custar a carreira — mas, caramba, eu queria.
Quando o blazer dele caiu no chão, arranquei o meu grampo de cabelo sem pensar, os fios castanhos despencando pelos ombros. Ele roçou o nariz no meu pescoço, aspirando meu perfume barato de baunilha, e perguntou num sussurro rouco:
— Quer continuar, Charlotte? Fala pra mim.
— Quero. — Saiu num gemido que vibrou por inteiro.
O sinal verde foi imediato. Ele girou meu corpo, fazendo-me encostar de bruços na mesa. O verniz gelado contra minhas palmas contrastou com o calor que subia entre minhas pernas. Uma das mãos dele foi ágil no zíper da minha calça; a outra ergueu minha blusa o bastante para revelar o sutiã de renda.
Quando ouvi o estalinho da embalagem de látex se abrindo — aquele som rápido que quase se perde entre as batidas do coração — respirei fundo, um pouco aliviada pela lucidez no meio da loucura. Ele se protegeu em segundos, mãos firmes, costas arqueadas num vulto de pura urgência.
Eu me virei, as bochechas incendiadas. Ele segurou minhas coxas, ergueu-me de volta à beirada da mesa — pernas abertas, panela de pressão prestes a explodir. Nenhuma fala bonita, nenhum preâmbulo: ele entrou devagar e, quando meu corpo o acolheu por inteiro, arrancou um som alto da minha garganta que ecoou nas paredes envidraçadas.
A primeira estocada foi curta, crua, quase dolorosa na intensidade. O tampo rangia sob nós; meus calcanhares bateram contra a madeira, meus dedos se cravaram nos antebraços dele, músculos tensos como cabos de aço. O cheiro de cedro do perfume misturou-se ao suor recém-nascido. Cada impulso dele fazia papéis deslizarem e canetas rolarem até caírem no tapete.
— Você é perfeita — ele murmurou, a voz falhando entre o esforço e o prazer.
A adrenalina colidia com o desejo, e o orgasmo veio rápido, brutal — uma queimação elétrica que subiu dos pés ao couro cabeludo. Mordi o ombro dele para não gritar; Ethan grunhiu, acelerou duas batidas mais fortes e foi junto, peito colado ao meu, coração contra coração.
A respiração dos dois chiou alguns segundos, pesada, antes de virar risada curta — incredulidade compartilhada. A tensão absurda dos últimos dois anos tinha irrompido e queimado tudo em questão de minutos.
Quando ele se afastou, ainda ofegante, encostou a testa na minha e perguntou:
— Você tá bem?
Assenti, roçando o nariz no dele enquanto meu corpo ainda tremia em pequenos espasmos pós-clímax.
Mas ele não tinha terminado.
Com um braço só, Ethan me puxou da mesa até o peito, girou na direção do corredor interno e saiu caminhando — eu de blusa semi-aberta, calça aberta, camisola de renda pendurada num lado só como lembrança do pudor. O ranger suave dos sapatos caros no piso de mármore anunciava nossa travessia clandestina.
O quarto dele sempre fora território sagrado para mim, bloqueado pela regra informal de “funcionários não entram”. Agora, porém, a porta se abriu com um clique biométrico, e eu quase engoli o fôlego: tons grafite, uma cama king-size de lençóis de seda escura, iluminação indireta que projetava reflexos âmbar na madeira. Sobre a cômoda, luvas de boxe autografadas e um cinturão dourado reluziam como troféus silenciosos. A escultura metálica de um lutador parecia observar cada passo nosso.
Ele me pousou no colchão, onde o tecido de seda parecia líquido frio na pele aquecida. Tirou a própria camisa, abriu o segundo preservativo sem espetáculo e, antes de se deitar, deslizou as mãos pelo meu quadril para puxar fora a calça e a lingerie, jogando num monte no tapete felpudo.
Eu o encarei à meia-luz; as costas largas, dezenas de marcas de treino, e aquela tatuagem tribal que ninguém vê nas revistas porque a roupa de luta cobre. — Esse homem é uma paisagem. — pensei, ainda tonta.
Ele se debruçou sobre mim, olhos azuis brilhando sob a luz baixa. Beijou primeiro a testa, depois a ponta do nariz, descendo num trilho lento de carinho quente que contrastava com a urgência da mesa minutos antes. As mãos percorreram peito, barriga, coxas, enquanto o ar-condicionado lançava um fio de vento que arrepiava cada centímetro. Lá fora, uma buzina longínqua e sirene misturavam-se ao ranger discreto da cabeceira.
— Qualquer coisa é só dizer, — repetiu, e desta vez eu respondi puxando-o pelos ombros.
Ele entrou de novo, agora num ritmo controlado. As estocadas profundas faziam o colchão balançar, e o lençol escorregava, frio, pelas minhas costas molhadas de suor. Eu o senti olhar-me, como se gravasse cada contração, cada mudança de expressão. Seu polegar roçou meu lábio inferior; chupe-o, e ele quase perdeu o compasso.
A cama virou mar de seda amassada, e eu perdi noção de tempo. Quando o clímax me atingiu de novo, veio mais lento, como onda grande que engole devagar antes de arrebentar. Meu gemido grave se misturou a um “Charlotte” arfado no meu ouvido. Ele estremeceu, mordeu a base do meu pescoço — e me abraçou forte no instante em que o orgasmo dele tomou conta.
Caímos de lado, entrelaçados, os corações batendo em coro. O quarto cheirava a cedro, suor, lençol limpo e um traço de bergamota. Lá fora, o trânsito noturno seguia, mas aqui dentro o silêncio tinha cheiro e cor especiais.
Ethan encostou os lábios no topo da minha cabeça, soltou um suspiro profundo que me vibrou no peito e adormeceu quase na hora. O braço pesado dele me puxava para perto enquanto o ritmo da respiração ficava regular, ecoando no meu ouvido como mar calmo depois de tempestade.
Fechei os olhos — rendida a um torpor doce — e devo ter cochilado, porque, quando despertei, a penumbra estava ainda mais escura. Só o relógio digital, sobre a mesinha, espalhava luz esverdeada na parede: 03 h 11.
O choque de lucidez foi gelado. Trabalho. Contrato. Bolsa de estudos. Meu crachá — lembrança material da vida que construí. Tudo correu na mente: manchetes de tabloide sobre secretária e chefe, a ameaça de perder o emprego, a possível decepção da minha amiga Elen — “Eu te avisei, Char!”.
Olhei para Ethan: rosto relaxado, boca entreaberta num sono pesado, cílios trêmulos de sonhos que eu não alcançava. Tudo em mim queria ficar, mas minha razão gritava.
Retirei o braço dele do meu tornozelo com cuidado, pousei devagar sobre o colchão. Um arrepio percorreu meu corpo nu quando me sentei na beira da cama — lençol frio grudado aos ombros, uma gota de suor escorrendo pelas costas. Fui recolhendo peças de roupa no escuro: calcinha num canto do tapete, jeans dobrada sobre a poltrona, blusa por baixo do travesseiro.
No closet anexo, encontrei meu sutiã — jogado sobre uma prateleira onde luvas de sparring descansavam. Vesti-o às pressas, tropeçando no silêncio.
O corredor parecia mais longo que à ida. No escritório, papéis ainda estavam espalhados no chão — contrato da luta em Vegas, memorando da academia, agenda que eu costumo organizar. Passei os dedos sobre tudo aquilo, me perguntando se minha demissão estaria ali, pendurada no futuro.
Peguei minha bolsa, encaixei o óculos no rosto. O celular acendeu com a tela de senha. Solicitei um carro de aplicativo: Motorista chega em 3 minutos. Desativei o som para evitar vibrações, respirei fundo três vezes.
O elevador privativo chiou baixinho quando abriu. Entrei, pressionei “Térreo”. As portas se fecharam sem protesto nem chamada de volta. Desci acompanhada apenas do rangido de cabos, do leve cheiro de graxa e da pulsação alta dentro do peito.
No saguão térreo, o segurança noturno levantou o olhar do tablet, mas não perguntou nada; talvez me conhecesse demais para estranhar, talvez não quisesse saber. Cruzei a porta de vidro e senti o ar úmido da madrugada de Manhattan colar na pele.
Entrei no carro antes que a coragem evaporasse. No retrovisor, o motorista deu bom-dia com voz sonolenta. Respondi baixo e fechei os olhos. Ao longe, a torre do Empire State piscava luz branca. Eu, porém, não conseguia pensar em nada além do baque dentro do peito: “Como vou encarar Ethan Monteiro às oito da manhã?”
E a dúvida ficou reverberando, junto do latejar adocicado entre as pernas, enquanto o carro se perdia pelas avenidas desertas.
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Atualizado até capítulo 50
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