Os passos no corredor tinham um ritmo tenso, como se até as paredes da mansão soubessem que algo estava prestes a explodir. Caim voltou a se posicionar perto da janela, os olhos fixos no horizonte escuro. Por um instante, ele parecia uma estátua de pedra, imóvel, insensível — mas eu sabia que, por trás daquela fachada, cada músculo estava tenso, aguardando.
— Quem são? — perguntei, a voz baixa, tentando controlar a ansiedade que crescia dentro de mim.
Ele se virou devagar, os olhos atravessando os meus com uma intensidade que me fez recuar um pouco.
— Problemas — respondeu simplesmente, um sorriso curto, irônico, passando por seus lábios.
Eu queria perguntar mais, mas sabia que não adiantaria. Caim nunca dava explicações de graça. Era um enigma, um labirinto de segredos que eu ainda não tinha coragem de desvendar por completo.
Então, a porta da sala se abriu, revelando Mirko, o braço direito dele. A expressão do homem era sombria, carregada de uma notícia ruim.
— Senhor Moretti, chegaram os visitantes. Não são do tipo que espera receber bem — disse Mirko, sem rodeios.
Caim assentiu, olhos brilhando com aquela luz fria que eu já tinha aprendido a temer.
— Prepare a sala de negociações. Quero que estejam confortáveis, mas saibam que quem entra aqui, entra em um campo minado.
Eu ouvi as palavras dele, mas não conseguia deixar de sentir um aperto no peito. Negociações. Submundo. Caos. Tudo parecia girar ao redor daquele homem e do mundo que ele comandava — um mundo onde eu não pertencia, mas estava presa.
Enquanto Caim e Mirko saíam para receber os convidados indesejados, eu fiquei sozinha na sala. A sensação de vulnerabilidade me atingiu como um soco no estômago.
Fechei os olhos, tentando controlar a vontade de chorar, de gritar, de fugir — mas sabia que isso não passava de um sonho impossível.
Quando a porta se abriu novamente, Caim voltou, seu olhar pesado pousando em mim.
— Fique aqui — ordenou —. Não quero que apareça nas negociações.
Aquelas palavras me atingiram de uma forma inesperada. Por um momento, pensei que talvez, naquele universo cruel, ele quisesse me proteger. Ou talvez fosse só para manter as aparências.
Não respondi. Apenas o encarei, tentando decifrar o homem por trás do monstro.
E, naquele instante, entendi: Luna, o caos que tenta controlar não está lá fora. Está aqui dentro.
A noite caiu pesada sobre a mansão, envolvendo tudo em um manto de silêncio e mistério. Eu ainda estava ali, presa naquela sala que mais parecia uma cela de luxo, olhando para as sombras que dançavam nas paredes. O ar estava carregado, como se o próprio ambiente respirasse junto com a tensão entre mim e Caim.
Ele voltou para a sala pouco depois, dessa vez sem a máscara de frieza absoluta que usava quando lidava com negócios. Havia algo diferente no olhar dele — uma mistura inquietante de desejo e desafio.
— Você não devia estar aqui — disse, a voz baixa, quase um sussurro que queimava em meus ouvidos.
— E eu não devia estar em nenhum lugar — respondi, o peito apertado, tentando controlar o tremor que sentia. — Mas aqui estou.
Ele se aproximou, tão perto que pude sentir o calor do corpo dele. O ar entre nós era denso, carregado de uma eletricidade que não podia ser ignorada.
— Você está tentando me desafiar — disse Caim, a voz um pouco mais áspera.
— Talvez — respondi, não conseguindo esconder a provocação.
Por um instante, tudo parou. O mundo se reduziu ao espaço entre nós, aos olhares que se encontravam e se afastavam como um jogo perigoso.
Então ele tocou meu rosto, a mão firme e quente, como se quisesse marcar aquela pele com seu toque.
— Você não sabe no que está se metendo, Luna — murmurou, a respiração quente na minha pele.
Eu queria recuar, fugir daquele toque que despertava sensações contraditórias, mas meu corpo não obedecia.
— E você? Está preparado para o que eu posso ser? — perguntei, o desafio nos olhos.
Caim sorriu, um sorriso sombrio, cheio de promessas não ditas.
— Eu espero que sim. Porque eu não vou recuar.
Naquele momento, entendi que estávamos presos em um labirinto sem saída, onde cada passo podia ser uma armadilha — e onde a única escolha era seguir em frente, mesmo que isso significasse se perder no caos.
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Atualizado até capítulo 69
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