No dia seguinte, Isadora acordou com um torpor estranho.
Não era cansaço. Era o corpo dela tentando entender o que estava acontecendo com a alma.
O celular vibrava. Mensagens de Clara. Da mãe. Uma ligação perdida do pai.
Mas nenhuma delas causava o arrepio que aquela notificação simples causou:
> Damián
“Se veste de vermelho hoje. Sem sutiã.”
Ela olhou a mensagem por longos segundos. A mente gritou não. Mas o corpo já sabia a resposta.
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O vestido colava no corpo como uma segunda pele. O tecido leve deixava claro que ela obedecera. Sem rendas. Sem alças. Sem nada entre ela e a ordem dele.
Isadora caminhou até o bar com passos lentos. Cada batida dos saltos no chão parecia marcar mais uma linha que ela cruzava sem volta. Quando entrou, o olhar dele a encontrou imediatamente.
Damián estava no canto mais escuro, como sempre. Como um rei sentado em seu trono de sombras.
Ela se aproximou. Sentiu os olhos dele percorrem seu corpo como mãos sujas. Mas era isso que ela queria. Que ele a visse. Que ele soubesse que ela era dele — mesmo sem nunca ter dito essas palavras.
— Obediente — ele disse, com um meio sorriso. — Gosto disso.
Ela se sentou ao lado dele, sentindo o calor do corpo dele irradiar.
— Eu não vim por obediência — respondeu. — Eu vim porque não consegui parar de pensar em você.
Damián a encarou, sério agora. O copo entre os dedos parou no meio do caminho.
— Isso é perigoso, princesa.
— Eu sei.
— E mesmo assim continua vindo?
Ela se aproximou, sussurrou contra o ouvido dele:
— Me faz esquecer de quem eu sou.
A risada dele foi baixa, quase um rosnado. Mas não havia humor nela. Havia sombra.
Sem aviso, ele se levantou, puxando-a pelo pulso.
Levantaram olhares. Curiosos. Assustados. Ele não se importava.
Isadora também não.
Entraram por uma porta lateral. Um corredor mal iluminado. Uma porta de metal batendo atrás deles.
Damián a encostou contra a parede e segurou seu rosto com firmeza. Os olhos nos dela, intensos como se quisesse arrancar uma verdade que ela ainda não sabia que carregava.
— Você é perigosa, sabia?
Ela sorriu. Queria dizer algo provocativo. Mas ele a beijou.
E foi um beijo diferente. Mais do que desejo. Mais do que fome.
Era posse.
As mãos dele deslizaram pelas laterais do corpo dela, e ela sentiu o vestido subir lentamente. A parede gelada nas costas. O corpo dele quente na frente. O mundo inteiro se resumindo àquele momento.
— De joelhos — ele ordenou.
Ela obedeceu.
Não porque era submissa.
Mas porque, com ele, até a rendição parecia poder.
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Na madrugada, ele a levou até o carro sem dizer uma palavra. Só quando ela já estava dentro, pronta pra ir embora, ele segurou a porta e se inclinou:
— Não quero que você venha aqui sem me avisar.
— Por quê? — ela tentou sorrir. — Vai sentir ciúmes?
— Não — ele respondeu, sério. — Vai ser perigoso.
Ela franziu a testa. Mas ele já tinha batido a porta.
Enquanto o carro arrancava, Isadora não conseguia mais dizer se aquilo era o início de um amor destrutivo…
Ou de uma prisão onde o toque era corrente, e o olhar, jaula.
Mas já era tarde.
Ela estava dentro.
E o mais assustador?
Gostava disso.
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Atualizado até capítulo 35
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