Capítulo 2 – O Preço de Escolher o Inferno

O caminho até o apartamento de Damián foi feito em silêncio — daqueles que gritam por dentro.

Isadora sentia o motor da moto vibrar entre suas pernas, os braços enlaçados na cintura dele, o couro da jaqueta queimando contra sua pele exposta. A cidade passava ao redor como um borrão indiferente. Nada importava, exceto o homem que ela escolheu seguir.

Um desconhecido. Um perigo vivo. E, ainda assim, a única coisa que parecia real.

O prédio era antigo, escondido entre construções modernas. Um monólito esquecido. Subiram três lances de escada, e o som das botas de Damián nos degraus ecoava como um aviso. Isadora não sabia se tremia de expectativa ou de medo — talvez dos dois.

Quando ele abriu a porta, o cheiro de cigarro, álcool e algo mais — algo dele — invadiu os sentidos dela. O apartamento era escuro, com paredes nuas e móveis gastos. Um espaço que não pedia licença, só aceitava os que tinham coragem.

Damián jogou as chaves sobre a bancada e se virou para encará-la.

— Você ainda pode ir embora — disse, a voz grave como um trovão contido. — Ninguém saberia que esteve aqui. Ninguém saberia que me viu.

Isadora deu um passo à frente. A pouca luz desenhava sombras no rosto dele. Era bonito, sim, mas não de um jeito doce. Era o tipo de beleza que vem com faca na alma e gosto de perigo na boca.

— Eu não quero esquecer — ela respondeu, os olhos cravados nos dele. — Quero lembrar. Cada segundo.

Damián se aproximou como um predador. Os dedos tocaram o pescoço dela com uma lentidão quase reverente. Subiram até a linha do maxilar, e pararam no queixo. Ele a fez olhar para cima.

— Você não é feita pra esse mundo — murmurou. — Mas algo em você... quer sangrar.

Ela não respondeu. Só ficou ali, parada, sentindo o peso do toque, a ameaça na ternura. Ele não precisava usar força. A presença bastava. Era como estar diante de um deus pagão — um deus que exigia sacrifícios, e ela estava pronta para se oferecer.

Os lábios dele tocaram os dela sem aviso. Não foi um beijo. Foi uma invasão.

E ela permitiu.

A língua exigia, os dentes ameaçavam, e a mão dele segurava a nuca dela como se temesse que ela fugisse — ou esperasse que ela tentasse. Mas Isadora não fugia. Não agora. Talvez nunca mais.

Damián a empurrou contra a parede, e ela arfou, não de dor, mas de rendição. O vestido subiu um pouco, e as mãos dele exploraram com a precisão de quem conhece a anatomia do desejo. Havia algo quase cruel na forma como ele a tocava — como se quisesse marcar não o corpo, mas a alma.

— Você ainda não entende — ele rosnou contra sua pele. — Eu não sei amar bonito. Não sei tocar sem quebrar.

— Então me quebra — ela sussurrou, o olhar incendiado.

Por um momento, ele congelou. E então riu — baixo, rouco, perigoso. Como se acabasse de encontrar um vício novo.

Naquela noite, Isadora não descobriu o amor. Descobriu outra coisa.

Um espaço entre dor e prazer onde o controle desaparece.

Onde a entrega é total. Onde não existe mais certo ou errado — só verdade.

E quando o sol ameaçou nascer, filtrando uma luz tímida pela janela suja, Damián olhou para ela como quem enxerga além da carne.

— Agora você é minha, princesa — ele disse, sem suavidade.

— Eu sempre fui — ela respondeu.

O que começou como curiosidade… agora tinha gosto de sentença.

E ela o saboreava como quem bebe veneno, sabendo que já é tarde demais para parar.

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