Capítulo 4

LAURA:

Com a ajuda de Lídia, escolho um vestido bastante confortável e bonito que, na verdade, me agrada muito.

— Lídia.

— Sim, minha senhora.

— Quero que coloque o espelho no meu quarto.

A mulher me olha não muito convencida.

— Tem certeza?

— Sim.

Respondo enquanto observo todos os meus belos atributos no espelho... Céus, que seios mais firmes...

Meus pensamentos me levam às lembranças deste corpo e a verdadeira Laura Petro odiava se olhar no espelho porque se sentia feia e “suja” por ter consumado o casamento com seu esposo enquanto seu coração amava o barão Harrison... Que estúpida! Como deixou desperdiçar um bombom daqueles?

— Mas não se preocupe, Laura Petro... Eu vou aproveitar por você.

Um sorriso se forma em meus lábios enquanto me olho no espelho.

— Não, já estou pronta, podemos sair.

Lídia assente e ambas saímos do quarto.

— As criadas se encarregarão de empacotar, o que lhe parece, senhora? Sei que a senhora não gosta que toquem em suas coisas, mas...

— Não se preocupe, podem fazer.

Ela apenas assente e não diz nada até chegarmos à sala de jantar.

As crianças que, segundo as lembranças, se chamam Albert e Mia, me olham com desagrado enquanto franzem a testa, mas isso não me importa quando meus olhos encontram meu esposo vampiro... Será que ele se queima no sol?

Faço uma reverência de acordo com o protocolo e me sento ao seu lado sentindo seu rico aroma varonil... Mmm.

Na mesa se forma um silêncio incômodo, mas isso não me perturba, estou acostumada a esse tipo de situação e nada vai roubar a paz que tenho.

O café da manhã chega e, como ontem à noite, é uma rica iguaria que devoro com esmero até que escuto a pequena voz da minha enteada.

— Papai, quero sangue.

Diz e me dirige um olhar malicioso.

— Mia, já te disse que é proibido tomar sangue na frente da duquesa.

— Mas eu quero sangue, papai!

A voz da menina é quase chorosa e a olho com um suspiro.

— Por mim não se preocupem, podem comer e tomar o que quiserem.

Menciono enquanto como uma deliciosa fruta que nunca havia visto.

Meu belo esposo me olha por alguns segundos duvidando e logo faz um sinal para um dos serviçais.

Em poucos segundos chega uma serva com uma taça de prata e entrega à menina mimada e malcriada, só se salva porque não me adaptei bem a este estranho mundo, mas já verá.

A pirralha com um sorriso brilhante pega a taça em suas mãos e começa a beber deixando que um fio de sangue escorra de seus lábios.

Sem expressão no meu rosto tomo um delicioso suco e levanto as sobrancelhas. Ela acha que vou vomitar como fazia este antigo corpo? Hahaha, por mim pode comer merda.

Ao terminar de tomar o suco, limpo a garganta e olho para a menina fixamente.

— Quando chegarmos da viagem, falarei com a professora de etiqueta para que aumente as horas de aula... Não é possível que uma dama da nobreza tome líquido dessa maneira... É inaceitável.

A menina abre os olhos.

— Mais horas? Não, essa senhora é muito má.

— Não está em discussão.

Com delicadeza me levanto do meu assento e olho para a menina com um sorriso.

— É notável que você precisa de modos... Chamarei sua babá para que te dê outro banho... Desta vez será com água fria, não temos tempo para esquentar a água, estamos atrasados.

— Papai!

Grita a menina e olho para o vampiro fixamente, este apenas me olha e com um suspiro se levanta de seu assento.

— Sua mãe tem razão, Mia, espero que da próxima vez você analise bem o que vai fazer.

O vampiro se retira ao dizer isso e eu faço o mesmo me aproximando de Lídia.

— Busque a babá das crianças.

— Sim, senhora.

VICTOR CORTÉS:

Caminho em direção ao meu escritório e ao entrar encontro Adrián Morten, meu segundo no comando, fiel e leal.

— Senhor Cortes, tudo está pronto.

Diz e assinto enquanto caminho em direção ao meu sofá de veludo, muito pensativo... Será que Laura está diferente? Ou é só minha percepção, me senti uma criança quando seus olhos me olharam fixamente.

— Está tudo bem, senhor?

Pergunta Adrián.

— Sim, estou bem.

— A duquesa fez outro de seus chiliques?

Pergunta curioso e nego.

— Ela levou numa boa, não fez nada.

— Tem certeza? A duquesa não gosta de sair das quatro paredes do seu quarto. Seguro que ela levou numa boa?

— Sim, acho que sim... Embora tenha agido de forma muito estranha...

Adrián levanta as sobrancelhas.

— Tenho que ver para crer.

Levanto meu olhar e o olho fixamente.

— Duvida das minhas palavras?

— Não, jamais, senhor.

Diz colocando-se ereto e eu suspiro.

— Irei ver se tudo está correndo em ordem.

Me levanto e saio do quarto para ir revisar as carruagens e dar algumas ordens aos meus homens, mas me detenho e imediatamente me oculto em uma esquina ao ver a duquesa descer as escadas com um sorriso brilhante enquanto segura seus seios com ambas as mãos.

— A única coisa que não suporto é ter minhas partes peludas... Acho que terei que buscar uma navalha e cortar esse mato... Duvido que aqui tenham giletes.

Ela sussurra muito baixo, mas graças a que sou vampiro, posso escutá-la claramente.

— Como será que meu bombom gosta? Com pelo ou sem pelo?

Arrugo a testa ao não compreender o que diz.

— Espiando sua esposa? Não é normal em você.

Olho feio para Adrián e me retiro por outro caminho não dando ouvidos ao que diz.

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