Capítulo 3

Com passos firmes e delicados, caminho até me sentar ao lado do homem bonito que, ao olhar mais de perto, está ainda mais belo.

— Já não tenho fome, papá. Posso ir-me embora?

Escuto uma pequena voz muito fina e dirijo o meu olhar para quatro pares de olhos que me olham com má cara, mas logo a menina sorri de maneira muito maliciosa, fazendo com que eu levante as sobrancelhas.

A menina é formosa, mas à primeira vista vê-se o quão mimada e consentida é, em contrapartida, o menino não muda a sua cara e apenas me olha com desagrado.

— Depois de jantar podes ir-te embora.

Detenho a minha respiração ao escutar essa rouca voz que me faz ter pensamentos muito maus.

Como era de esperar, a menina faz uma birra digna de levar umas palmadas, mas não se move da cadeira e cruza os braços, enojada.

As minhas mãos coçam para a corrigir, mas mantenho a compostura enquanto tomo um pouco de ar que me faz bastante falta.

Vários criados chegam com muitos pratos e organizam tudo muito delicado e belo, até me dão vontade de não tocar em nada.

Os criados fazem uma exagerada reverência e logo se retiram.

O homem bonito que está ao meu lado começa a servir a sua comida e os meninos e eu seguimos atrás.

Degusto a deliciosa comida com gosto e a verdade é que tudo está muito saboroso, tudo está no ponto e bem cozinhado.

Levanto o olhar para as crianças e um olho começa-me a piscar quando vejo que separam os vegetais para um lado.

— Não, não... Os vegetais também se comem.

Falo num tom de voz sério, mas a verdade é que me sai muito suave e delicado.

— Nós não comemos isso, e tu não, não podes obrigar.

Diz a menina com altivez e enruguo o sobrolho olhando-a com seriedade enquanto menciono.

— Não se vão levantar até terminarem de comer todos os vegetais.

O meu tom de voz sai muito lento e pausado.

— Papá!

Chama-o com voz estridente e ele só olha para os seus alimentos.

— Já a escutaram, não se diga mais.

Ambas as crianças olham-me com raiva, mas apenas sorrio de lado enquanto levo um pedaço de frango assado à boca... Mmm, isto está delicioso.

De soslaio observo-os e eles comem com rapidez todos os vegetais até terminarem todos.

— Já terminamos. Feliz?

Sorrio e assinto, deixando os meus utensílios de comida com delicadeza.

— Muito feliz.

A menina apenas franze o sobrolho e o menino olha para o seu papá fixamente.

— A minha irmã e eu terminamos. Podemos retirar-nos?

A forma de falar do menino surpreende-me bastante, fala como se fosse um adulto.

— Podem retirar-se.

Diz e ambas as crianças se retiram com rapidez sem olhar para trás.

Faço a tentativa de levantar-me, mas a sua voz detém-me e olho para ele.

— Amanhã devemos partir para a capital, em três dias é o aniversário do imperador e devo chegar com tempo de antecedência.

— Mmm, está bem.

— Não quero birras nem infantilidades, já tive o suficiente nestes dois últimos anos, comporta-te como uma duquesa à minha altura.

O seu rosto não parece muito feliz e observo como se levanta do seu assento e antes de se retirar diz.

— Partiremos depois do pequeno-almoço, espero não ter inconvenientes.

Apenas observo as suas largas costas enquanto fico sentada na solidão da enorme mesa.

— Este sonho está-se a complicar um pouco.

Sussurro e levanto-me para me ir também, não me penso ficar sozinha neste solitário lugar.

— Fê-lo muito bem, minha senhora, apenas não deve irritar o senhor e tudo marchará bem.

Diz a criada e apenas assinto enquanto caminho pelo mesmo corredor por onde vim.

Ao chegar ao quarto, a rapariga tira-me a roupa e põe-me uma estranha bata toda feia, mas não presto muita atenção e atiro-me para a cama, adormecendo imediatamente.

(...)

Abro os olhos de repente enquanto o meu coração bate no meu peito com forças... Todas as recordações deste corpo vieram a mim enquanto dormia e a verdade é que não estou num sonho.

Estou na história da última novela que li...

— Caraças, que má sorte a minha.

Murmuro enquanto me levanto da cama e começo a caminhar à volta da imensa e luxuosa habitação.

— O meu nome é Laura Petro, esposa de um poderoso vampiro chamado Victor Cortes e madrasta de duas crianças gémeas metade vampiro e metade humano...

A minha vista dirige-se a uma última gaveta da mesa de cabeceira e caminho para aí, encontrando várias cartas que este corpo guarda do seu amado Richard Harrison... Por acaso estava louca? Tendo semelhante bombom... Estava atrás de um bom para nada? Isto é incrível.

Salto do susto quando a porta é tocada e fecho a gaveta de imediato.

— Avance.

A mesma mulher de ontem entra na habitação e, segundo as recordações deste corpo, é a dama pessoal de Laura Petro, Lídia.

— Já se levantou, minha senhora.

Diz e assinto sem dizer mais nada.

Ela aproxima-se de mim e com sigilo entrega-me uma carta.

— Meu lord diz que estará à sua espera depois do pequeno-almoço, minha senhora.

Enruguo o sobrolho e semicerro os olhos.

— Queima a carta.

— O quê?

Pergunta com surpresa.

— Queima a carta, Lídia, de agora em diante não receberemos mais cartas de lord Harrison.

Lídia olha-me com surpresa, mas faz uma pequena reverência.

— Como ordene, minha senhora.

Diz aproximando-se da lareira.

— Lídia.

— Sim, minha senhora.

— Queima as outras cartas que estão na minha gaveta, não quero rastos do barão Harrison.

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