A CAVERNA DAS SETE FACES

Capítulo 5 –

O mundo já não era o mesmo.

Desde a destruição de Thar-Mir, ventos sombrios varriam as florestas, rios corriam para trás, e animais fugiam para os lugares mais remotos. Kravon, o antigo senhor das sombras, havia despertado — ainda fraco, mas já distorcendo a realidade com sua simples presença.

Lucas, Caio, Lia e Eyla não tinham mais tempo a perder.

O livro mágico, agora com suas páginas finais iluminadas, apontava o local exato da última etapa: um vale escondido nas profundezas da Cordilheira de Saanor, conhecido apenas em lendas como o Abismo da Verdade. Ali, no ponto mais baixo do mundo, onde o sol nunca alcançava, estava a temida Caverna das Sete Faces.

— Ninguém jamais voltou de lá — disse Eyla, em voz baixa.

— Então vamos ser os primeiros — respondeu Lia, com o anel brilhando em sua mão.

A DESCIDA AO ABISMO

A entrada do abismo era um buraco gigantesco entre duas montanhas, coberto por uma névoa roxa que não permitia ver o fundo. Quando os quatro se amarraram por cordas e começaram a descer, a escuridão os engoliu como uma fera faminta.

— O ar aqui... parece mais denso — murmurou Caio.

— Não é ar comum — disse Lucas. — É magia. Distorcida.

Durante horas, desceram por pedras escorregadias e raízes mortas. Vozes sussurravam em línguas antigas. A certa altura, a caverna se abriu em uma imensa câmara subterrânea. No centro, havia um lago negro como o espaço — e no meio dele, uma pequena ilha onde se erguia o portal da caverna final: sete arcos de pedra, cada um com um símbolo diferente.

— As Sete Faces — sussurrou Eyla. — Cada uma representa um aspecto da alma: medo, desejo, culpa, coragem, ódio, verdade... e sacrifício.

A PROVA DAS SETE FACES

Ao cruzarem o lago sobre uma ponte de pedra flutuante, os arcos começaram a brilhar um a um. Ao entrarem no primeiro, desapareceram da vista uns dos outros.

O Medo – Lucas

Lucas se viu sozinho, diante de uma versão monstruosa de si mesmo, com olhos vermelhos e uma risada cruel.

— Você vai falhar. Você sempre teve medo de ser fraco — disse a criatura.

— Talvez eu tenha... — respondeu Lucas, puxando sua adaga. — Mas agora tenho por quem lutar.

Ao confrontar sua cópia, ela se dissipou em fumaça. O arco brilhou e se abriu para ele.

O Desejo – Caio

Caio apareceu em um palácio, cercado por ouro, aplausos, e o mundo aos seus pés. Tudo o que sempre quis.

— Aceite — dizia uma voz. — Você merece ser o herói.

Mas ele via que estava só.

— Não quero vencer sozinho — disse, abandonando o trono. A ilusão se quebrou.

A Culpa – Eyla

Eyla viu-se novamente no dia em que foi banida da Ordem. Revivia seu erro repetidamente.

— Você é um fardo — dizia seu reflexo.

Mas ela fechou os olhos e murmurou: — Eu sou mais do que meu passado.

Luz dourada envolveu seu corpo, e o arco se abriu.

A Coragem – Lia

Lia estava no escuro. Nenhum som. Nenhuma visão.

— Onde está sua coragem sem seus poderes? — desafiava a voz.

Ela andou mesmo sem enxergar. Um passo. Depois outro.

— A coragem... — disse — ...é continuar, mesmo com medo.

A luz do anel brilhou e o caminho se revelou.

O Ódio – Todos

Reunidos novamente, os quatro foram transportados para uma arena cercada por versões sombrias uns dos outros. Cada reflexo trazia palavras cruéis, ressentimentos guardados, mentiras do passado.

— Tudo isso... somos nós? — perguntou Caio.

— Não — respondeu Lucas. — São partes... que não controlam mais quem somos.

Unindo as mãos, os quatro concentraram seus artefatos. Uma explosão de energia destruiu as cópias.

A Verdade

Diante de um espelho gigante, todos viram seu futuro: dor, perdas, destruição... mas também a chance de esperança. O espelho se rachou, revelando o arco final.

O Sacrifício

O último arco não tinha chão. Apenas um vazio.

— Só um de nós pode passar — disse a voz. — E terá que abrir mão de algo precioso.

Lia se adiantou.

— Eu levo o espelho. Deixem que eu...

Mas Caio colocou a mão no ombro dela.

— Não. Eu...

Foi Lucas quem se lançou. Sem hesitar.

Ao cair, a luz o envolveu, e um novo caminho surgiu para os outros.

O CORAÇÃO DA ESCURIDÃO

No fim do túnel, chegaram a uma câmara circular, onde uma prisão de energia mantinha Kravon parcialmente selado. Sua forma era gigantesca, feita de sombras vivas e olhos em constante mutação.

— Os Guardiões... — sibilou ele. — Tarde demais.

Com um rugido, a prisão se quebrou.

O chão tremeu. As paredes choraram sangue. O ar se transformou em veneno.

Mas naquele instante, Lucas reapareceu, envolto por uma aura branca. O sacrifício havia o transformado no Guardião da Última Lâmina — aquele que fecha o selo.

Lia ergueu o espelho. Caio ativou o cetro. Eyla invocou a luz dos antigos Vigias.

Juntos, lançaram os três poderes sobre Kravon.

Ele gritou, tentando resistir. Mas seu corpo foi dividido, fragmentado em sete partes. O selo antigo foi restaurado — agora mais forte do que nunca.

Silêncio.

O FIM… OU O COMEÇO?

O chão parou de tremer. As paredes voltaram a ser pedra. A prisão estava reforçada. Kravon havia sido vencido… por ora.

Lucas cambaleou, caindo nos braços dos irmãos.

— Acabou? — murmurou.

— Não — disse Eyla. — Apenas começou. O mundo precisa de novos guardiões.

O espelho sumiu no ar. O cetro se apagou. O anel voltou a brilhar levemente, agora com a marca da estrela selada.

Eles saíram da caverna. E quando viram o céu limpo pela primeira vez em dias, souberam que tinham cumprido sua missão. Mas que outras ameaças ainda viriam.

E que estavam prontos para enfrentá-las.

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