O ESPELHO DA ALMA

Capítulo 4 –

A jornada para encontrar o Espelho da Alma começava sob nuvens carregadas. O anel e o cetro, agora unidos, revelavam um novo símbolo em suas superfícies: um olho cercado por fragmentos prateados, como se o mundo estivesse prestes a ser despido de todas as mentiras.

Conforme as instruções do livro mágico, o espelho estava escondido nas Catacumbas de Elarion, sob uma cidade esquecida chamada Thar-Mir, erguida sobre ruínas milenares. Lá, dizia-se que o tempo e a memória se entrelaçavam... e que ninguém que enfrentasse seu próprio reflexo sairia ileso.

A CHEGADA A THAR-MIR

Após quatro dias de marcha pelas Terras Nebulosas, onde criaturas silenciosas espreitavam sob as árvores, os quatro chegaram aos portões de pedra de Thar-Mir. A cidade, envolta por uma neblina roxa e densa, parecia abandonada. Nenhum som de pássaros, nenhuma chama, nenhum sussurro.

— Aqui... o tempo não flui como nos outros lugares — disse Eyla. — Precisamos estar atentos. O Espelho reflete mais do que imagens. Ele reflete o que evitamos ver em nós mesmos.

Entraram na cidade em ruínas. Escadarias quebradas, templos com colunas tortas, e fontes que jorravam uma água escura como obsidiana.

No centro da antiga praça, encontraram o símbolo do Espelho cravado no chão. Quando Lia tocou com o anel, uma passagem se abriu entre as pedras: um túnel em espiral, descendo para a escuridão das catacumbas.

AS CATACUMBAS DE ELARION

A descida parecia interminável. As paredes estavam cobertas de espelhos quebrados, cada um refletindo não apenas o que os olhos viam, mas memórias... traumas... sentimentos esquecidos.

Lucas parou diante de um espelho rachado e viu seu pai — morto há anos — olhando para ele.

— Por que você não me salvou? — disse a figura.

— Isso é mentira! — gritou Lucas. — Eu era só uma criança!

O espelho se partiu em mil pedaços, e a ilusão desapareceu.

Mais adiante, Caio viu-se sozinho em um campo vazio, enquanto os irmãos o deixavam para trás.

Lia viu-se transformando em uma versão sombria de si mesma, empunhando o anel e o cetro para dominar os outros.

Eyla viu-se matando a pessoa que amava em um acesso de raiva.

— Isso não é real — sussurrou Eyla. — São armadilhas da alma...

Superar cada espelho era como atravessar uma camada de si mesmo. Um a um, enfrentaram seus maiores medos — e saíram mais fortes.

O SALÃO DOS REFLEXOS

Após quase duas horas nos túneis, chegaram a uma câmara circular repleta de espelhos flutuantes, todos virados para o centro. No meio, suspenso no ar, estava o Espelho da Alma — um círculo de cristal prateado com uma moldura viva, feita de raízes, asas e luz.

— É ele — disse Lia, quase sussurrando.

Mas antes que pudessem se aproximar, uma gargalhada ecoou nas paredes.

— Finalmente chegaram. — A voz era familiar. Uma figura saiu das sombras... era Altren, o cego que os havia ajudado em Vale do Eco.

— Você nos guiou... por quê? — perguntou Caio, confuso.

— Porque tudo precisa de equilíbrio — respondeu Altren. — Eu fui um Vigia, sim. Mas o mundo cansou dos segredos. Kravon libertará a verdade. O Espelho me mostrará o caminho.

Ele estendeu a mão. Os espelhos ao redor giraram e lançaram feixes de luz negra contra os quatro. Lia ergueu o cetro, e uma onda de vento os protegeu.

— Ele está corrompido! — gritou Eyla. — O Espelho já o consumiu por dentro.

A batalha começou.

A BATALHA DOS REFLEXOS

Altren usava os espelhos como portais. Surgia de um lado, atacava, desaparecia, reaparecia atrás. Cada golpe seu era acompanhado por ilusões: Lucas vendo Lia ferida, Caio vendo o mundo em chamas, Eyla enfrentando versões alternativas de si mesma.

Lia concentrou-se. O cetro pulsou. Ela usou o anel e tocou o chão. Um círculo de runas surgiu, e todos os espelhos ao redor pararam de girar.

— Altren! — gritou. — O Espelho não mostra só o que odiamos... ele mostra o que escolhemos ser!

Ela apontou o anel para ele. A luz envolveu Altren, revelando sua verdadeira alma: não um vilão... mas um homem quebrado pelo luto e pelas escolhas erradas.

— Eu só queria... que o tempo voltasse — disse ele, antes de cair de joelhos. — Eu perdi tudo...

Lucas se aproximou e segurou seu ombro.

— Às vezes, perder é parte do caminho.

O Espelho da Alma então flutuou lentamente até Lia. Ela o segurou com cuidado, e uma visão surgiu no ar: três símbolos entrelaçados — o anel, o cetro e o espelho — formando um selo brilhante com a forma de uma estrela.

A projeção da mulher do anel reapareceu.

— Guardadores, agora possuem as três chaves. Mas resta o último passo: enfrentar Kravon em seu domínio.

— Onde ele está? — perguntou Caio.

— No coração do vazio... a Caverna das Sete Faces. A única entrada está nas profundezas do mundo, onde o tempo morre e o medo nasce.

O chão tremeu. A cidade de Thar-Mir começou a desmoronar.

— Está começando! — gritou Eyla. — Kravon está acordando!

A FUGA FINAL

Os quatro correram pelas catacumbas enquanto o teto desabava. Raízes negras saíam das paredes, tentando agarrá-los. Lucas usou sua adaga para cortar os tentáculos. Caio arremessava pedras e blocos caídos. Lia usava o vento para abrir caminho. Eyla invocava correntes de luz para proteger o grupo.

Ao saírem da cidade, uma explosão de energia engoliu as ruínas de Thar-Mir.

Agora em segurança, pararam diante do horizonte.

— A próxima parte... é o fim — disse Lia, olhando para os três artefatos.

— Ou o começo de tudo — completou Lucas.

E Caio, firme, disse:

— Então vamos até o fim. Por nós. Por todos.

E sob o céu escurecido por nuvens mágicas, os quatro guardiões partiram para o último desafio: o confronto contra a escuridão absoluta.

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