Capítulo 3 –
O vento uivava alto nas Montanhas Geladas quando Lucas, Caio e Lia deixaram o Templo de Miravall. O anel azul em posse de Lia havia revelado o próximo destino: a lendária Fortaleza de Arven, perdida em meio às planícies ventosas do sul. Lá estaria escondido o Cetro do Vento Eterno, o segundo artefato necessário para restaurar o selo que mantinha Kravon aprisionado.
Mas não estavam sozinhos.
Desde o encontro com o Cavaleiro Sombrio, sabiam que estavam sendo observados. Algo — ou alguém — os caçava por entre sombras e vendavais.
UMA NOVA COMPANHIA
Ao descerem as encostas, encontraram uma estrada de terra ladeada por árvores que dançavam com o vento. Em uma clareira, viram um vulto coberto por um manto marrom, sentado à beira de uma fogueira.
— Não se assustem — disse a voz feminina, sem virar o rosto. — Estou do lado de vocês.
— Quem é você? — perguntou Lucas, mantendo a mão na adaga.
Ela virou-se. Seus olhos tinham uma coloração dourada, e sua pele era pálida como o luar.
— Me chamo Eyla. Faço parte da Ordem dos Vigias do Vento. Estava esperando por vocês.
— Como sabia que viríamos? — questionou Lia.
Eyla sorriu, apontando para um pingente com o mesmo símbolo do anel de Lia: os dois círculos entrelaçados.
— O vento nos conta segredos… quando sabemos ouvir.
Ela lhes ofereceu chá quente e revelou algo ainda mais assustador: o selo de Kravon já estava rompido em três pontos. Criaturas sombrias, chamadas Draniks, haviam começado a surgir em lugares esquecidos do mundo. E se o Cetro caísse nas mãos erradas, o equilíbrio seria destruído.
— A Fortaleza de Arven está cercada por uma tempestade que nunca cessa — disse Eyla. — E o único caminho é através do Desfiladeiro Sussurrante.
O DESFILADEIRO SUSSURRANTE
No dia seguinte, atravessaram terras áridas até encontrarem a entrada do desfiladeiro. Era um vale estreito, com formações rochosas gigantescas que pareciam rostos congelados em gritos.
— O vento aqui... parece vivo — murmurou Caio.
Ao entrarem, vozes começaram a sussurrar em seus ouvidos. Primeiramente suaves, depois acusatórias.
— "Você vai falhar."
— "Eles não confiam em você."
— "Você está sozinho."
Lia levou as mãos à cabeça, tentando resistir. Lucas parou por um instante, quase acreditando que os irmãos o culpavam. Caio começou a tremer, vendo vultos em cada canto.
Foi Eyla quem os salvou. Ela soprou em direção ao céu e entoou uma canção antiga. As vozes cessaram. O vento se acalmou.
— São ecos de medo. O Desfiladeiro testa o coração — explicou.
Depois de três horas atravessando aquele corredor de tormento, chegaram a uma colina. Ao seu topo, sob um céu permanentemente nublado, erguiam-se as ruínas da Fortaleza de Arven.
A FORTALEZA DE ARVEN
As portas estavam quebradas, como se uma força gigantesca as tivesse arrombado. Dentro, salões destruídos, tapeçarias rasgadas e estátuas despedaçadas. Mas o mais estranho era o silêncio. Nenhum som. Nenhum eco.
— Parece... morto — disse Lucas.
— Ou adormecido — corrigiu Eyla, com cautela.
No salão principal, encontraram um altar de pedra. Nele, uma inscrição em runas:
> “O Vento não é posse de ninguém. Mas só quem se entrega ao desconhecido pode empunhar seu cetro.”
Lia tocou a base do altar. Um clarão a envolveu. E, em segundos, todos estavam em outro lugar.
O JULGAMENTO DOS QUATRO VENTOS
Estavam agora em uma dimensão paralela — um espaço branco infinito, onde flutuavam quatro pilares com faces esculpidas representando os ventos do Norte, Sul, Leste e Oeste.
Uma voz retumbante ecoou:
— Vocês desejam o Cetro do Vento Eterno. Mas apenas o verdadeiro portador pode despertá-lo. Mostrem sua essência.
Subitamente, cada um foi separado, preso em uma ilusão pessoal.
Lucas
Se viu novamente diante da caverna de Draal. Caio estava prestes a cair em um abismo. Ele tinha que escolher: salvar o irmão ou alcançar o anel.
Sem hesitar, correu e puxou Caio. A cena se desfez. O pilar do Norte brilhou.
Caio
Se viu em um laboratório antigo, diante de um livro proibido. Se o abrisse, descobriria como derrotar Kravon... mas condenaria mil vidas no processo.
Ele fechou o livro. O pilar do Sul brilhou.
Lia
Estava sozinha, cercada pelos Draniks. A voz sussurrava: “Use o anel. Salve-se.” Mas ela escolheu enfrentar os monstros com as próprias mãos.
A luz a envolveu. O pilar do Leste brilhou.
Eyla
Viu-se no passado, sendo expulsa da Ordem por amar alguém que não devia. A voz perguntava se ela se vingaria. Ela perdoou.
O pilar do Oeste brilhou.
As quatro luzes se uniram no centro. O espaço se abriu, revelando o Cetro do Vento Eterno — uma arma forjada em prata e cristal, com asas douradas que giravam suavemente mesmo sem vento.
Lia estendeu a mão. O cetro voou até ela.
— Você foi escolhida — sussurrou a voz.
A FUGA E O ATAQUE
Ao retornarem à Fortaleza, encontraram o céu coberto por uma tempestade negra. O Cavaleiro Sombrio os esperava com um exército de Draniks.
— Vocês pegaram o que é meu — rugiu.
Lia empunhou o cetro. As asas se abriram. Um furacão se formou, lançando as criaturas longe. O Cavaleiro recuou, protegendo-se com a espada de chamas.
— Isto ainda não acabou, Guardiões. O Espelho da Alma será meu!
E desapareceu nas sombras.
O PRÓXIMO PASSO
Na manhã seguinte, o cetro havia se acalmado. Estava adormecido, como o anel estivera antes.
Lia o segurava com firmeza. O anel e o cetro agora brilhavam juntos, revelando o novo símbolo no livro mágico: um olho cercado por espelhos partidos.
— O próximo artefato... — disse Caio. — Está em algum lugar onde a verdade se esconde.
— O Espelho da Alma — completou Lucas. — Onde segredos serão revelados... inclusive os nossos.
Com o vento ao lado deles, os quatro partiram. A verdadeira guerra estava prestes a começar.
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Atualizado até capítulo 45
Comments
Rara Makulua
Maravilha, que começo😍
2025-06-30
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