O despertador tocou antes mesmo do sol nascer.
Júlia pulou da cama como se cada segundo valesse ouro. Tomou banho, vestiu a camisa branca impecável e a saia preta que agora parecia ainda mais justa. Amarrou os cabelos num coque limpo, mas deixou uma mecha cair propositalmente ao lado do rosto — só o suficiente para parecer natural.
Tomou um café rápido, passou um batom nude e saiu de casa com um único pensamento: nada pode dar errado hoje.
Às 7h42, já estava no saguão da Lancaster Corporation. Subiu até o último andar com o coração acelerado e os dedos gelados. A recepcionista apenas apontou com o queixo para a mesa ao lado da sala de Arthur.
— Essa é sua estação. Ele já está lá dentro.
Ele.
Júlia se sentou, ligou o computador novo, abriu o e-mail corporativo e começou a organizar as demandas que já haviam sido enviadas. Tinha uma planilha de reuniões, algumas ligações agendadas e uma pasta de documentos digitais que ela deveria revisar, imprimir e deixar na mesa dele até às 10h.
Trabalhou com foco absoluto. Dedicada, ágil, precisa.
Mas a cada 10 minutos, sentia.
O olhar dele.
A sala de Arthur tinha paredes de vidro fumê. De fora, via-se apenas sombras. Mas às vezes, ele deixava a persiana levemente aberta, como se fizesse questão que ela soubesse que estava sendo vigiada.
Às 9h13, a porta se abriu.
Arthur saiu da sala com a calma de quem não deve nada a ninguém. Os sapatos de couro faziam pouco ruído no piso, mas o som do seu andar parecia ecoar direto dentro do corpo dela.
Ele se aproximou, olhou de relance para a tela do computador dela e soltou:
— Gosto de quem trabalha com essa concentração.
Principalmente quando faz isso com a boca entreaberta.
Ela arregalou os olhos, mas fingiu não se abalar.
— Estou apenas focada.
— E é uma bela visão, Júlia.
Mulheres que trabalham duro me excitam. — Ele sorriu de canto. — No sentido… profissional, claro.
Ela tentou esconder o rubor, voltando os olhos à tela.
Ele se afastou, caminhando em direção à sala de reuniões. Mas antes de entrar, virou-se e disse:
— Preciso de você aqui comigo às 11h. Anote isso.
Quero ver como lida com pressão ao vivo.
"Ao vivo".
Ela sentiu um arrepio subir pela coluna.
Naquela manhã, Júlia respondeu e-mails, organizou documentos, atualizou o calendário de Arthur, fez três chamadas e revisou uma pauta de reunião. Tudo com o máximo de competência. Mas também com a estranha sensação de que cada movimento dela era observado.
Ele não a tocava. Não fazia nada explícito.
Mas cada palavra, cada sorriso ambíguo, carregava veneno e desejo disfarçados.
Às 11h em ponto, ela bateu na porta da sala dele.
— Entre — ele disse, sem levantar os olhos dos papéis.
Ela entrou. Fechou a porta. O ambiente cheirava a couro e algo amadeirado que fazia o estômago dela revirar — não de enjoo, mas de vontade.
— Pronta? — ele perguntou.
— Sempre.
Ele largou os papéis e a olhou diretamente.
— Gosto dessa resposta.
Se conseguir manter esse tom… vai longe aqui comigo.
Ela sentou-se à frente da mesa dele e passou pelos tópicos da pauta com firmeza. Ele a ouvia com atenção, embora seus olhos deslizassem pelas linhas do pescoço dela, pelas mãos, pela boca.
— Excelente organização — elogiou. — Mas eu ainda preciso saber até onde vai sua resistência.
— Em relação ao quê?
Ele inclinou-se ligeiramente, com a voz mais baixa.
— A mim.
O coração dela disparou. Mas sua boca respondeu primeiro que seu medo:
— Sou profissional, senhor Lancaster.
— Arthur — ele corrigiu, com um sorriso lento. — Você fica adorável tentando manter o controle.
Mas já te aviso… eu gosto de testar limites.
Ela sorriu, contida.
— E eu gosto de superá-los.
Por um momento, os dois se olharam em silêncio. Um campo de guerra invisível se formava ali, entre sorrisos educados e vontades não ditas.
Ela pegou a pasta, levantou-se e disse:
— Tenho mais duas reuniões pra agendar e um relatório pra te entregar até às 16h.
Se me der licença…
Ele a observou sair. E respondeu, devagar:
— Me dá muito mais do que licença, Júlia.
Você só ainda não percebeu.
Ela fechou a porta sem olhar pra trás.
Mas por dentro?
Estava em chamas.
Ele a estava testando.
E ela… estava gostando.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 112
Comments
Regina Celia
ESTOU AMANDO ESSA FORMA QUE A AUTORA LIDA COM O ARTHUR EA JÚLIA. AQUELA
BRICADEIRA DO GATO E O
RATO. QUEM PEGA PRIMEIRO CUIDADO SENHOR PEGADOR. O
SENHOR VAI TER UMA BELA LIÇÃO /Proud//CoolGuy/
2025-07-03
0
Leitora compulsiva
até quando vai co seguir resistir em julia,ele tbm é sacana vai com td hahahhaha
2025-07-10
0