ROUBO TOMBSTONE

Antes do roubo à diligência, começo apresentando o jovem Sonny, um pistoleiro novato que recentemente se juntou à gangue de um grande bando, de uns 20 homens, avançando a cavalo no meio de uma planície que parece não acabar nunca.

É o bando de um tal Blackjack Britton.

Sonny é inexperiente e carrega consigo uma visão romântica e idealizada da vida fora-da-lei, típica de jovens que cresceram ouvindo histórias grandiosas sobre duelos ao pôr do sol e façanhas heroicas. 

Ele observa com admiração quase infantil os criminosos veteranos do grupo, estudando cada movimento deles e sonhando acordado com o dia em que seu nome será sussurrado com temor e respeito pelos saloons do Velho Oeste. 

Em sua inexperiência, ainda não compreende totalmente a brutal realidade que se esconde por trás dessas fantasias de glória e aventura, vendo apenas o brilho sedutor das armas polidas e o charme rústico dos fora-da-lei experientes.

A gangue está reunida em um esconderijo, planejando seu próximo grande golpe.

Entre os membros estão homens brutais e experientes, acostumados à violência e ao caos. Britton, o líder, é carismático, mas cruel e implacável, exigindo lealdade total de seus homens.

Ele detalha o plano para assaltar uma diligência que transporta uma grande quantia em dinheiro.

Enquanto os criminosos preparam suas armas e discutem estratégias, Sonny observa tudo com um misto de empolgação e apreensão. 

Ele quer provar seu valor, mas também começa a perceber o lado sombrio da vida de fora-da-lei.

Com o plano definido, a gangue parte para a emboscada, montando um bloqueio na estrada.

Assim que a diligência se aproxima, eles se preparam para o ataque - e é nesse momento que o verdadeiro conflito da história começa a se desenrolar.

A emboscada à diligência acontece em uma estrada deserta, cercada por colinas e arbustos secos. A gangue de Blackjack Britton se esconde estrategicamente, esperando o momento certo para atacar.

Sonny, nervoso, mantém as mãos no revólver, observando seus companheiros com atenção, tentando agir como um verdadeiro fora-da-lei.

Quando a diligência se aproxima, Britton dá o sinal, e os bandidos saem do esconderijo, disparando tiros para assustar os condutores e forçar a parada.

Os cavalos relincham e a carruagem se detém bruscamente. Um dos homens do grupo, Cyrus "Scout" Parker, atira no ar e grita para que os ocupantes saiam sem resistência.

Os guardas armados dentro da diligência tentam reagir, mas Britton e seus homens são mais rápidos, matando-os sem hesitação.

Sonny assiste a tudo com olhos arregalados-este não era um duelo heroico como nos contos que ele admirava, mas sim uma execução brutal. Ele sente um aperto no peito, mas não quer demonstrar fraqueza.

Com a situação sob controle, a gangue abre a diligência e encontra o cofre recheado de dinheiro. Britton sorri satisfeito, enquanto seus homens comemoram.

No entanto, antes que possam fugir, um dos passageiros escondidos na carruagem tenta sacar uma arma. Sem pensar duas vezes, Britton atira nele, matando-o instantaneamente.

Esse momento choca Sonny ainda mais.

O homem não parecia ser uma ameaça real, e Britton o executou sem piedade. Sonny percebe que a realidade da vida de fora-da-lei é bem diferente do que imaginava.

Após o assalto à diligência, a gangue de Blackjack Britton decide que precisa de mais dinheiro antes de fugir para o México.

Eles escolhem um pequeno banco em uma cidade próxima como seu próximo alvo. O plano é simples: entrar rápido, pegar o dinheiro e sair antes que alguém possa reagir.

A gangue chega à cidade pouco antes do meio-dia, misturando-se aos habitantes locais. Sonny, ainda lidando com o que viu durante o assalto à diligência, sente uma inquietação crescente. Ele percebe que Britton e os outros não demonstram nenhum remorso pelas mortes que causaram.

Blackjack Britton já tinha feito de tudo no Velho Oeste-roubo de trem, assalto a diligências, duelos contra caçadores de recompensa. Mas agora ele queria algo maior. Algo lendário.

Foi então que ouviu falar do Banco de 

Tombstone, um dos mais bem guardados do Arizona.

Diziam que o cofre abrigava uma fortuna em barras de ouro, prontas para serem enviadas ao leste. Os donos do banco confiaram a segurança a pistoleiros contratados e até mesmo ao xerife local, um homem duro chamado Eli "Olhos de Gelo" McGraw.

Dois dos seus homens entrariam no banco disfarçados de fazendeiros, observando os guardas e as rotas de fuga.

Britton divide o grupo em dois: metade entrará no banco para roubar o dinheiro, e ouro, enquanto os outros ficarão do lado de fora, prontos para impedir qualquer interferência.

Sonny, ansioso para provar seu valor, insiste em participar do roubo dentro do banco. Britton permite, mas deixa claro que ele não pode hesitar caso algo dê errado.

Blackjack Britton apertou a fivela da sela e deu um tapa firme no lombo do cavalo, testando a estabilidade antes de montar.

Seus olhos escuros voltaram para Sonny e os garotos, que tentavam imitar os movimentos do jovem pistoleiro.

— Cavin você não tinha me dito que seu sobrinho servia para alguma coisa? Blackjack lançou um olhar avaliador para ele, sem pressa.

— Pés firmes, cotovelo relaxado... Isso, garoto! —Sonny elogiou um dos meninos, que segurava o revólver com as duas mãos, tentando manter a mira firme. —No cobre, a diferença entre viver e morrer é a velocidade e a precisão.

Cavin, sempre observador, cuspiu o fumo que mascava e se aproximou de Blackjack.

— O garoto leva jeito. Tem a paciência do pai. Vou dar um jeito nele.

Blackjack não respondeu de imediato. Em vez disso, puxou as rédeas de seu cavalo e olhou para o horizonte poeirento. Ele sempre fora um homem de poucas palavras, mas quando falava, suas palavras carregavam peso.

— Paciência não ganha duelo. Bala certeira, sim. Cavin sorriu de lado.

— Justo. Mas não se ganha um duelo se entrar nele sem pensar.

Blackjack bufou, mas não discordou. Sabia que Cavin estava certo. Em um tiroteio, a pressa matava tantos quanto a hesitação.

Sonny terminou sua lição e se virou para os dois homens.

Cavin se aproximou de Sonny,  segurou Sonny pelo colarinho e o puxou para perto, seus olhos duros como pedra.

— Escuta bem, garoto — rosnou, você não veio aqui para bancar o bonzinho tá? Eu me responsabilizei por você então não me decepciona. Apertando o tecido da camisa de Sonny. — Não basta puxar um gatilho rápido. Você precisa saber quando atirar... e quando segurar a mão.

Sonny engoliu em seco, mas não desviou o olhar. Ele já tinha visto aquele brilho nos olhos do seu tio Cavin antes, o de um homem que conhecia a morte tão bem quanto conhecia as próprias armas.

— Eu sei o que estou fazendo — respondeu Sonny, tentando manter a voz firme.

Cavin soltou uma risada baixa e sem humor antes de empurrá-lo levemente para trás e soltar sua camisa.

— É mesmo? Pois, quando as balas começarem a voar, eu espero que você saiba. Porque se errar, não vai ter segunda chance.

Cavin, que assistia à cena de braços cruzados, deu um passo adiante e bateu no ombro do sobrinho.

— Não se preocupe, Sonny. Blackjack gosta de bancar o durão, mas se achasse que você não tinha valor, já teria te mandado voltar pra casa. 

Blackjack virou o rosto, olhando para o céu escuro que começava a engolir as últimas faixas de luz do dia.

Sem dizer mais nada, ele se afastou, deixando Sonny e Cavin para trás. O jovem pistoleiro sentiu o peso da responsabilidade sobre os ombros, mas não recuaria.

Ao meio-dia em ponto, Britton, Cavin e dois outros membros da gangue entram no banco.

—Agora. — Em voz baixa, Britton.

— Vamos fazer isso direito.- Cavin fala sevirando para o grupo, seus olhos escuros refletindo uma sombra que parece ir além da simples escuridão ao redor. "Vamos fazer isso direito."

Britton olha fixamente para Cavin, os olhos estreitos, como se estivesse avaliando cada movimento. 

O silêncio entre os dois é denso, carregado de uma tensão que quase pode ser tocada.

— Ao trabalho.

O local é pequeno, com poucos clientes e apenas dois funcionários atrás do balcão.

Britton saca sua arma e grita:

— Isso é um assalto! — Trovejou Britton, sua voz cortando o ar como uma lâmina. — Todo mundo no chão, agora!

O pânico explodiu como pólvora. Clientes se atiraram ao chão em desespero, alguns sufocando gritos. Atrás do balcão, os funcionários ergueram as mãos trêmulas no ar, seus rostos pálidos como papel.

Um dos bandidos, "Big Nose" Ketchum, salta sobre o balcão e começa a encher um saco com as notas e moedas do caixa.

O silêncio que pairava sobre o banco era tão denso que parecia sufocar.

O único som que ousava quebrar aquela quietude mortal era o ocasional tilintar metálico, ecoando como sinos sombrios pelas paredes do estabelecimento.

Cavin permanecia imóvel, sua figura projetando uma sombra ameaçadora sobre os presentes.

Seus olhos, frios como aço, varreram o ambiente com uma calma calculada antes que, num movimento tão rápido quanto uma cobra dando o bote, ele erguesse seu revólver.

A reação foi instantânea - como um rebanho de ovelhas diante do lobo, os clientes e funcionários se jogaram ao chão em desespero, seus corpos tremendo de medo enquanto seus rostos se pressionavam contra o assoalho empoeirado do banco, como se tentassem se fundir com a própria madeira para escapar daquele pesadelo.

Cavin girou lentamente, seu olhar cortante percorrendo cada rosto no banco. 

A luz que entrava pelas janelas empoeiradas realçava o brilho perturbador em seus olhos, um misto de frieza calculada e uma pitada de insanidade que fazia os reféns estremecerem.

— Prestem muita atenção. -  Sua voz saiu baixa e controlada, mas carregada de ameaça. - Se alguém aqui tiver a brilhante ideia de bancar o herói... — Ele fez uma pausa deliberada, girando o revólver entre os dedos com uma familiaridade assustadora. — Bem, digamos que eu tenho seis argumentos muito convincentes aqui no meu revólver, e não hesitarei em usar cada um deles. Nada, absolutamente nada, vai dar errado hoje.

— Abre o cofre! — A voz de Britton ecoou pelo banco. Seus olhos, frios como gelo, fixaram-se no banqueiro trêmulo enquanto ele apertava com mais força o cabo de seu revólver. — Não me faça repetir. Você tem dez segundos pra começar a girar essa merda de combinação, ou vou redecorar essas paredes com seus miolos.

— Eu não sei a combinação. — O banqueiro gaguejou, seu rosto pálido brilhando de suor. Suas mãos tremiam tanto que mal conseguia mantê-las erguidas.

O ar ficou denso, sufocante. Cada respiração pesada ecoava nas paredes do banco enquanto todos os olhos se voltavam para o cofre de aço. Aquela caixa forte não era mais apenas um objeto - era uma sentença de morte em potencial.

Britton apertou o cabo do revólver com tanta força que seus dedos embranqueceram. Seus olhos, agora duas fendas escuras, fixaram-se no banqueiro como um predador prestes a dar o bote.

— Cavin! Esses homens da cidade... — Sua voz saiu como um rosnado baixo, perigoso, enquanto seus dedos tamborilavam lentamente no cabo do revólver. —Sempre os mesmos, com seus ternos engomados e suas caras de santo. Acham que podem nos enrolar, nos fazer de idiotas. Mas sabe de uma coisa? — Britton se inclinou para mais perto do banqueiro, seu hálito quente fazendo o homem se encolher ainda mais. — Eu já matei gente por muito menos que uma mentira mal contada.

Britton arrastou violentamente a mão do banqueiro sobre a mesa de madeira, pressionando-a com força contra a superfície.

Com um movimento fluido, sacou sua faca da bainha, a lâmina brilhando ameaçadoramente sob a luz fraca do banco.

— Que tal fazermos um acordo? — sussurrou ele, sua voz gelada cortando o silêncio da sala enquanto pressionava delicadamente o metal frio contra a base do dedo mindinho do homem. O brilho tênue da lâmina refletia nas gotas de suor que escorriam pela testa de sua vítima.

— Você começa me dizendo a combinação do cofre, — continuou, observando atentamente cada tremor involuntário que percorria o corpo do homem amarrado à cadeira — e eu, muito generosamente, permito que você mantenha todos os seus dedos exatamente onde estão. —Um sorriso cruel se formou em seus lábios enquanto ele fazia a lâmina dançar suavemente sobre a pele exposta.

— A cada mentira... — ele aumentou gradualmente a pressão da lâmina, fazendo o homem estremecer e soltar um gemido abafado — bem, — pausou dramaticamente, inclinando-se mais perto do ouvido de sua vítima. —acho que sua imaginação pode pintar um quadro bastante vívido do que acontecerá.

O banqueiro, finalmente quebrando sob a pressão, começou a gaguejar os números da combinação entre soluços desesperados. Seus dedos, ainda tremendo violentamente, apontavam para o disco do cofre enquanto ele lutava para formar palavras coerentes. Britton manteve a faca firme contra a pele do homem, seus olhos nunca deixando o rosto aterrorizado de sua vítima enquanto memorizava cada número murmurado.

Mais populares

Comments

S.Kalks

S.Kalks

Precisa acordar garoto!

2025-06-28

0

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!