Sou o homem que as pessoas temem em silêncio.
Na superfície, advogado. CEO da Salvatore & Associados. Um império jurídico que limpa a sujeira de figurões engravatados com mais pecados do que orações. Mas por trás do terno sob medida e dos relógios importados... sou lâmina. Sou sombra. Sou o subchefe da família López.
Letal, preciso, e completamente no controle. Sempre.
Eu gosto de facas. Curtas, longas, com punho em osso ou aço. Cada uma tem sua alma. E eu sei usá-las todas. Gosto de lutas limpas e mortes silenciosas. Barulho é para amadores. Meu prazer é ver o medo escorrer pelos olhos do inimigo antes do último suspiro.
Mulheres? Já tive muitas. Nenhuma ficou. Talvez porque nenhuma suportou o peso do que sou. Ou porque nenhuma era forte o suficiente para tentar domar o monstro que me habita.
Mas naquela noite... tudo mudou, depois da festa sabia que a reunião viria, e traria um nome... Mirella.
Estávamos reunidos na mansão López. Carlo, meu amigo, irmão, chefe, sentado ao centro, sempre com o olhar de quem já sabe o final do jogo. Ao lado, Lorenzo o Don, poderoso e letal, que cheira a pólvora e whisky envelhecido. Eu me sentei sem cerimônias, mas com respeito.
— Eduardo, — Carlo começou com um sorriso que sempre precede algo perigoso. — Temos um presente para você.
— Se for outro relógio suíço, já tenho um armário cheio.
Ele riu. Lorenzo também. Mas então, o senhor Vittorio Sorrentino entrou. Velho, elegante, e parecendo doente.
— Senhor Salvatore. — ele me olhou como quem olha para uma última chance. — Obrigado por me receber.
— Eu que agradeço por dispor do seu tempo, — eu disse, cruzando uma perna com calma. — O que o senhor quer comigo após a festa de ontem?
— Minha filha. — a palavra pesou no ar. — Mirella.
Olhei para Carlo, depois de volta para o velho.
— Aquela doce menina que você trancou num convento? — falei rindo, lembrando da sinceridade quando se referia a “fera”.
Ele suspirou fundo, os olhos vermelhos de quem já não dorme bem.
— Quatro anos ali... e não serviram de nada. — ele passou a mão no rosto. — Ela é uma fera. Não fui mais a ver, mas as freiras sempre se referem a ela como impulsiva, cheia de ódio nos olhos. Mas bela. Orgulhosa. Inteligente. O tipo de mulher que atrai e destrói homens fracos.
Sorri de canto.
— Sorte minha que não sou fraco.
— Eu sei. — ele assentiu. — É por isso que estou aqui. Estou doente, Salvatore. Não tenho muito tempo. E não posso deixá-la sozinha. Ela precisa de um nome. De um protetor. De um homem que consiga... domá-la.
— Ou enlouquecer tentando. — murmurei, interessado em conhecer mais dela e sentindo a tensão ao mesmo tempo.
— Ela não pode liderar sozinha. Mas com você... ela poderia sobreviver. Ser útil. Ter um papel, e nossa aliança fará ter uma razão para tudo que construí.
Lorenzo tossiu.
— É um casamento, Eduardo. Político, estratégico... e com uma mulher que todos dizem ser impossível de controlar.
Eu me levantei. Fui até o bar. Enchi um copo com bourbon.
— Impossível? — bebi em silêncio. — Adoro um desafio. E se ela for uma fera, talvez precise de um monstro à altura.
— Então aceita? — Sorrentino perguntou, com voz embargada.
Me virei lentamente, olhando cada homem na sala.
— Eu aceito. Caso com sua filha Vittorio. — falei vendo o alivio dele — Mas vou fazer isso do meu jeito.
O silêncio na sala foi cortado pelo som dos dedos de Sorrentino batendo no braço da poltrona.
— Ela completou dezoito anos há poucos dias. — disse enfim, a voz mais fraca do que antes. — E ainda não sabe da morte da mãe.
Ergui o olhar devagar, apoiando os antebraços nos joelhos. Não era surpresa o controle que esse homem tentava manter sobre a filha, mesmo à distância. Mas esconder a morte da mãe?
— Ela merece saber. — falei mais intrigado que deveria, só a menção dela mexe comigo.
— E vai saber. — Sorrentino assentiu. — Eu mesmo vou buscá-la. Amanhã. E no sábado... haverá um jantar em minha casa. Você será apresentado.
— Apresentado como o quê? — perguntei com um meio sorriso. — Como o futuro marido ou como o homem que vai transformar a vida dela num campo minado com ternos caros e olhos frios?
Sorrentino respirou fundo.
— Como um aliado. Por enquanto. Ela sempre foi rebelde. Mas não é uma menina inconsequente. É forte. Orgulhosa. Só precisa de direção.
Me levantei e fui até o bar, enchendo o copo com calma. Pensei por um instante antes de responder.
— Direção, eu dou. Mas nos meus termos. — Virei de volta para ele. — Não me interessa um casamento de fachada. Se for para fazer isso, vai ser do meu jeito. Com minha voz dando os comandos, com minha casa ditando as regras.
— Entendo. — ele disse, e apesar do meu tom e da tensão no ar, havia alívio em seu rosto. — Só peço que tenha paciência. Mirella foi criada como uma tempestade. Ela não confia facilmente.
— Eu não quero obediência cega, Sorrentino. — falei firme. — Mas quero lealdade. E se ela cruzar os limites, vai conhecer as consequências. Toda escolha tem preço. Toda reação, resposta.
— Ela vai testar você. Com certeza, mas sinto que é um bom homem, Carlo confia em você e se o Don Lorenzo dá o aval, aceito o que virá.
Dei um leve sorriso, quase imperceptível.
— Ótimo. Que teste tudo. Só precisa lembrar que... — Pousei o copo sobre a mesa de mármore com um som seco.— ...eu sempre cobro as lições que ensino.
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Atualizado até capítulo 40
Comments
Leni Rocha
Se ela continuar a desafiadora até a metade da história,vai ser bom demais 😊
2025-06-23
4
Leni Rocha
Ele é muito lindo 💜
Falta a foto dela/Facepalm/
2025-06-23
1
Marilia Carvalho Lima
eita!!
2025-06-24
1