Capítulo 3 — Laura: Ecos do Passado e Novos Sonhos

A luz do meio-dia iluminava o pequeno escritório da revista VivaCidade, atravessando a persiana parcialmente aberta e desenhando linhas douradas sobre a mesa de Laura Menezes. Sentada diante do computador, ela digitava com a leveza de quem transformava sentimentos em poesia. As palavras iam se moldando lentamente na tela: uma matéria sobre cores, transformações urbanas e a alma invisível que os grafites imprimiam na cidade.

Mas, embora escrevesse sobre arte e liberdade, sua mente divagava por territórios menos coloridos.

O som das teclas misturava-se ao leve jazz instrumental que tocava em segundo plano. Aquilo — a música suave, o murmúrio dos colegas, o cheiro de café recém-passado — era seu refúgio. Ali, entre ideias e crônicas, Laura encontrava alguma paz.

Enquanto ajeitava uma frase no parágrafo final, seus dedos pararam. Ela leu o trecho mais uma vez: “A arte de rua é um grito silencioso de quem já desistiu de gritar.”

— E se eu pudesse colorir também minha própria vida? — sussurrou, sem perceber.

Olhou para a tela, mas parecia procurar algo além das palavras. Queria encontrar respostas, talvez coragem. Queria sentir que o recomeço que tanto escrevia era também possível dentro dela. Mas o passado... ele ainda vivia ali.

A imagem de Pedro, seu ex-namorado, surgiu como uma névoa escura que insistia em invadir seus dias de sol. Um relacionamento que começou como um sonho romântico e terminou em noites pesadas, olhares de culpa e controle disfarçado de afeto.

Lembrava-se do rosto dele, da forma como sorria em público e como mudava no silêncio da casa. Pedro era intenso — demais. No começo, ela confundiu paixão com zelo. Mas, com o tempo, as palavras doces viraram cobranças, e os carinhos deram lugar a manipulações veladas.

Uma memória, em especial, ainda a fazia estremecer.

Era noite, e ela estava prestes a sair para encontrar Ana. Pedro se irritou por ela usar um vestido novo.

— Tá tentando chamar atenção de quem? — ele perguntara, com a voz baixa e ameaçadora.

— De ninguém. Só queria me sentir bem. — respondeu, tentando manter a calma.

— Você nunca vai encontrar alguém como eu, Laura. Ninguém vai te amar como eu te amo. — disse, os olhos apertados como se o amor fosse uma arma.

Ela engoliu o choro naquela noite, mas no dia seguinte, empacotou a alma e partiu. Não sabia exatamente pra onde estava indo, mas sabia de onde não queria mais estar.

E isso foi o suficiente.

Por fora, parecia forte. Mas por dentro, ainda havia ecos. Vozes que diziam que ela não era suficiente. Que ninguém a amaria de verdade. Que liberdade era um risco.

Há alguns dias, viu uma foto antiga ao rolar o feed do celular. Era ela e Pedro, numa praia. Sorrisos congelados no tempo. Um retrato falso de felicidade. Sentiu uma mistura estranha de nostalgia e alívio. Aquela imagem não era mais ela. Nem ele. Nem o que viveram.

— Não. Eu não sou mais aquela mulher. — disse em voz baixa, como quem reafirma um pacto consigo mesma.

Nesse instante, a porta do escritório se abriu. Ana, com seus cabelos presos em um coque bagunçado e a energia vibrante de sempre, entrou com duas xícaras de café.

— Alguém aqui precisa de uma pausa e de cafeína. — brincou, entregando uma das xícaras à amiga.

Laura sorriu com gratidão, e Ana logo puxou a cadeira ao lado.

— Como vai o texto da arte urbana? — perguntou, cruzando as pernas e soprando a borda da xícara.

— Quase pronto. Mas acho que ando mais introspectiva do que inspirada. — respondeu Laura, passando a mão pelos cabelos, já um pouco desfeitos pelo vento da manhã.

Ana a observou por alguns segundos, antes de falar:

— Você anda pensativa demais, Laura. Ainda tá presa naquilo que passou, né?

Laura abaixou os olhos.

— Às vezes, sim. É como se... mesmo livre, ainda tivesse correntes invisíveis.

— Eu entendo. Mas sabe, a gente só começa a viver de novo quando para de sobreviver. E hoje, à noite, você vai viver um pouco, nem que eu tenha que te arrastar pra isso. — disse Ana, sorrindo com os olhos.

Laura soltou uma risada fraca.

— Você já sabe como me convencer.

— Jantar marcado às 20h. Restaurante novo. Mesa reservada perto da janela. Nada de trabalho, nada de passado. Só boa comida, risadas e, talvez, vinho.

— Promete não me deixar sozinha nem por um minuto? — perguntou Laura, meio brincando, meio pedindo socorro.

— Prometo. Mas, ó... se surgir alguém interessante por lá, também prometo sair discretamente, tá? — piscou, fazendo Laura rir de verdade.

Durante a tarde, Laura decidiu sair um pouco. Foi caminhar pela praça da cidade. Precisava de ar — e de si mesma.

O céu estava límpido, o ar leve. Crianças corriam atrás de pombos, uma senhora vendia milho cozido sob um guarda-sol florido, e um homem tocava violão debaixo de uma árvore. A melodia era suave, quase triste. Mas bonita.

Laura sentou-se em um banco e fechou os olhos por alguns minutos. Deixou a música entrar, os sons da cidade se misturarem com o cheiro doce dos churros, e sentiu, pela primeira vez em semanas, uma pontinha de esperança.

— A vida continua. E talvez... possa ser boa de novo. — sussurrou para si mesma.

Ao voltar para a redação, estava diferente. Mais leve. As palavras fluíam com mais naturalidade. Começou a rascunhar uma matéria sobre recomeços — não apenas os urbanos, mas os pessoais. Escrevia como quem costura a própria alma com letras.

"Recomeçar não é apagar o passado. É decidir que ele não vai escrever o final."

Estava tão imersa que não ouviu o celular vibrar de imediato. Quando pegou o aparelho, sentiu um calafrio.

“Laura, podemos conversar? Sei que errei.” — Pedro

O mundo pareceu congelar por um segundo. Ela segurou o celular com mais força do que o necessário. Leu e releu a mensagem, como se tentasse decifrar o tom. Arrependimento? Manipulação? Desespero?

Fechou os olhos. Lembrou-se das lágrimas que derramou sozinha, das vezes em que precisou explicar o inexplicável para si mesma, das madrugadas em silêncio absoluto, tentando entender como se perdeu.

E então, digitou:

“Não é hora. Preciso cuidar de mim agora.”

Respirou fundo. E apagou o número da agenda.

Ao olhar para fora, o sol começava a se pôr. A luz laranja invadia o escritório, refletindo nas janelas dos prédios vizinhos. Era um espetáculo silencioso, mas poderoso. Como ela. Como o que estava sentindo.

“O passado não vai me vencer. Não vai me parar. Eu mereço uma nova história — e dessa vez, escrita por mim, com calma, com verdade, com amor. Com alguém que me veja inteira, e não apenas como sombra de algo que já fui.”

Naquela noite, Laura se arrumaria com cuidado. Não para impressionar ninguém, mas para celebrar a si mesma.

O jantar não era apenas um encontro com uma amiga.

Era um encontro com a mulher que ela estava se tornando.

Capítulos
1 Capítulo 1 — Laura Menezes: Entre Letras e Sonhos
2 Capítulo 2 — Gabriel Souza: Sabores e Recomeços
3 Capítulo 3 — Laura: Ecos do Passado e Novos Sonhos
4 Capítulo 4 — Gabriel: Sob o Peso da Culpa
5 Capítulo 5 — Laura e Ana: Entre Amizades e Confissões
6 Capítulo 6 — Gabriel: Entre Amigos, Sabores e Segredos
7 Capítulo 7 — Entre encontros, risos e confissões inesperadas
8 Capítulo 8 — A Noite do Primeiro Encontro: Entre Risos, Segredos e Toques
9 Capítulo 9 — Tempestade e Calor: Quando o Passado Bate à Porta
10 Capítulo 10 — Segredos Revelados e Promessas à Meia-Noite
11 Capítulo 11 — Novos Rumos: Entre Medos, Sonhos e Revelações
12 Capítulo 12 — Verdades à Mesa: A Revelação
13 Capítulo 13 — Quando Tudo Desaba (E o Amor Também)
14 Capítulo 14 — Amiga Chegando, Segredos Explodindo e Corações em Chamas
15 Capítulo 15 — A Verdade Sempre Vem, E o Amor Sempre Vence
16 Capítulo 16 — Preparativos, Despedidas, Surpresas e... Uma Nova Ameaça
17 Capítulo 17 — O Barraco, o Amor e o Teste da Verdade
18 Capítulo 18 — O Casamento (ou Quase...)
19 Capítulo 19 — Depois do “Sim”: Fraldas, Propostas e Corações em Jogo
20 Capítulo 20 — O Casamento Inesperado e a Escolha Difícil
21 Capítulo 21 — Passado, Presente e Futuro em Conflito
22 Capítulo 22 — O Livro, o Reality e o Teste (De Novo?!)
23 Capítulo 23 — Amor, Caos e Segredos no Ar
24 Capítulo 24 — Sonhos, Surpresas e Um Impacto Inesperado
25 Capítulo 25 — À Prova de Tudo
26 Capítulo 26 — O Peso do Amor, o Valor da Verdade
27 Capítulo 27— Entre Dor, Força e Esperança
28 Capítulo 28— Segredos, Tempestades e Votos
29 Capítulo 29— O Recomeço, o Amor e Uma Festa Inesquecível
30 Capítulo 30 — O Amor Que Cresce com o Tempo
31 Capítulo 31 — Um Novo Começo Dentro de Um Lar Antigo
32 Capítulo 32 — O Peso da Escolha e a Leveza do Amor
33 Capítulo 33 — Caixas, Conflitos e o Chá Revelação Mais Caótico do Ano
34 Capítulo 34 — Tempestades Inesperadas e Forças Invisíveis
35 Capítulo 35 — Aurora, entre Batimentos e Promessas
36 Capítulo 36 — Quando a Esperança Respira Junto com a Dor
37 Capítulo 37 — Aurora Entre Céu e Terra
38 Capítulo 38 — Primeiros Dias de Aurora: Entre Choros, Cheiros e Sorrisos
39 Capítulo 39 — Entre Colos e Despedidas: O Retorno ao Mundo Lá Fora
40 Capítulo 40 — Aurora, Promessas e o Início de Tudo Outra Vez
41 Epílogos
42 Capítulo Bônus — Luz Entre Sombras: Segredos e Novos Caminhos
43 Capítulo Bônus Final — Luz Entre Sombras: Conflitos, Cura e Novos Começos
Capítulos

Atualizado até capítulo 43

1
Capítulo 1 — Laura Menezes: Entre Letras e Sonhos
2
Capítulo 2 — Gabriel Souza: Sabores e Recomeços
3
Capítulo 3 — Laura: Ecos do Passado e Novos Sonhos
4
Capítulo 4 — Gabriel: Sob o Peso da Culpa
5
Capítulo 5 — Laura e Ana: Entre Amizades e Confissões
6
Capítulo 6 — Gabriel: Entre Amigos, Sabores e Segredos
7
Capítulo 7 — Entre encontros, risos e confissões inesperadas
8
Capítulo 8 — A Noite do Primeiro Encontro: Entre Risos, Segredos e Toques
9
Capítulo 9 — Tempestade e Calor: Quando o Passado Bate à Porta
10
Capítulo 10 — Segredos Revelados e Promessas à Meia-Noite
11
Capítulo 11 — Novos Rumos: Entre Medos, Sonhos e Revelações
12
Capítulo 12 — Verdades à Mesa: A Revelação
13
Capítulo 13 — Quando Tudo Desaba (E o Amor Também)
14
Capítulo 14 — Amiga Chegando, Segredos Explodindo e Corações em Chamas
15
Capítulo 15 — A Verdade Sempre Vem, E o Amor Sempre Vence
16
Capítulo 16 — Preparativos, Despedidas, Surpresas e... Uma Nova Ameaça
17
Capítulo 17 — O Barraco, o Amor e o Teste da Verdade
18
Capítulo 18 — O Casamento (ou Quase...)
19
Capítulo 19 — Depois do “Sim”: Fraldas, Propostas e Corações em Jogo
20
Capítulo 20 — O Casamento Inesperado e a Escolha Difícil
21
Capítulo 21 — Passado, Presente e Futuro em Conflito
22
Capítulo 22 — O Livro, o Reality e o Teste (De Novo?!)
23
Capítulo 23 — Amor, Caos e Segredos no Ar
24
Capítulo 24 — Sonhos, Surpresas e Um Impacto Inesperado
25
Capítulo 25 — À Prova de Tudo
26
Capítulo 26 — O Peso do Amor, o Valor da Verdade
27
Capítulo 27— Entre Dor, Força e Esperança
28
Capítulo 28— Segredos, Tempestades e Votos
29
Capítulo 29— O Recomeço, o Amor e Uma Festa Inesquecível
30
Capítulo 30 — O Amor Que Cresce com o Tempo
31
Capítulo 31 — Um Novo Começo Dentro de Um Lar Antigo
32
Capítulo 32 — O Peso da Escolha e a Leveza do Amor
33
Capítulo 33 — Caixas, Conflitos e o Chá Revelação Mais Caótico do Ano
34
Capítulo 34 — Tempestades Inesperadas e Forças Invisíveis
35
Capítulo 35 — Aurora, entre Batimentos e Promessas
36
Capítulo 36 — Quando a Esperança Respira Junto com a Dor
37
Capítulo 37 — Aurora Entre Céu e Terra
38
Capítulo 38 — Primeiros Dias de Aurora: Entre Choros, Cheiros e Sorrisos
39
Capítulo 39 — Entre Colos e Despedidas: O Retorno ao Mundo Lá Fora
40
Capítulo 40 — Aurora, Promessas e o Início de Tudo Outra Vez
41
Epílogos
42
Capítulo Bônus — Luz Entre Sombras: Segredos e Novos Caminhos
43
Capítulo Bônus Final — Luz Entre Sombras: Conflitos, Cura e Novos Começos

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