O sol do deserto batia no vidro da cafeteria em que Maximiliana estava sentada, usando óculos escuros e um lenço cobrindo os cabelos ruivos. Tentava ser discreta, invisível. Mas dentro dela, algo pulsava com força: uma mistura de dor, indignação… e determinação.
Ela não voltaria para o Brasil. Não ainda.
Enquanto lia e relia o bilhete que Zaya deixara na mesa, ela repassava cada detalhe da noite em que foi acusada. A imagem. A conversa. A ausência de provas reais. Tudo parecia construído com um objetivo específico: separá-los.
E ela precisava descobrir quem queria isso.
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Sua primeira parada foi o mesmo hotel onde Amirah a encontrara semanas antes. Com um charme cuidadoso e uma nota generosa em dólares, convenceu o recepcionista a mostrar o nome da hóspede misteriosa.
— “Amirah Khoury.”
— “Quarto 1109.”
— “Ela ainda está aqui?” — perguntou.
— “Não, partiu ontem. Mas esteve hospedada por três semanas.”
Três semanas. Tempo suficiente para arquitetar qualquer coisa.
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À noite, usando um contato que fizera enquanto estava com Zaya — um jovem hacker chamado Rami, que devorava computadores como poesia —, ela conseguiu acesso às câmeras de segurança da casa de praia.
E lá estava: um vulto no muro oposto, tirando a foto.
Data: a mesma noite. Hora: 1h37.
Zaya dormia ao lado dela quando isso aconteceu.
Rami a olhou com os olhos arregalados.
— “Você foi incriminada.”
— “Pode descobrir de onde essa foto foi enviada?”
— “Se tiver sido feita por um celular ligado a uma rede local… posso tentar.”
— “Tente. E se achar o número… me diga pra quem ele pertence.”
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Enquanto isso, Zaya estava no centro de treinamento de seus homens, descarregando a raiva no ringue de luta. Sangue escorria de sua sobrancelha, mas ele não parava. Não sentia dor — só culpa.
Nadir se aproximou, mais uma vez tentando parecer preocupado.
— “Ela te deixou. Era o esperado.”
Zaya o encarou, os olhos vermelhos.
— “Ela não levou nada. Nem roupas. Nem documentos.”
— “Talvez tenha ido embora com pressa.”
— “Ou talvez... esteja mais perto do que parece.” — murmurou Zaya.
A dúvida agora se virava para o outro lado. Ele começava a farejar algo estranho.
E Nadir sentiu isso. E odiou isso.
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No dia seguinte, Rami ligou para Maximiliana.
— “Consegui. O celular que tirou a foto foi de um número privado, ligado ao nome de... Nadir Al-Mansur.”
Maximiliana gelou.
O homem que ela havia visto tantas vezes ao lado de Zaya.
A sombra que sorria.
— “Você pode conseguir mais?”
— “Estou tentando acessar conversas criptografadas. Me dá 24 horas.”
Ela desligou e, pela primeira vez desde que partiu, sorriu. Não por vingança — mas porque tinha nas mãos a peça que faltava.
Agora ela não queria apenas se provar inocente.
Ela queria justiça.
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Mas do outro lado da cidade, Nadir também se movia. E já desconfiava que Maximiliana não tinha ido embora.
Mandou homens rastrearem aeroportos, estações, hospitais.
E quando soube que Rami, o hacker ligado a ela, fora visto em um café com internet pública…
Ele sorriu.
— “Se ela quer jogar... vai conhecer as regras do nosso mundo.”
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Capítulo 11: O Rosto do Inimigo
Naquela manhã, Zaya acordou com um pressentimento ruim. Não sabia de onde vinha, mas a ausência de Maximiliana era como uma sombra constante atrás dele, algo que o fazia perder o foco.
Enquanto se vestia, um de seus homens, Malik, entrou na sala com o semblante tenso.
— “Tem alguém querendo te ver, chefe.”
— “Quem?”
— “A mulher que você disse para não ser mais recebida aqui.”
O coração de Zaya bateu mais forte.
— “Maximiliana?”
— “Sim, senhor. Mas ela está armada.”
Zaya suspirou fundo.
— “Deixa ela entrar.”
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Ela entrou vestida de preto. Um sobretudo, botas, cabelos presos em um coque apertado. A arma na cintura era apenas um aviso: não estou aqui para ser subestimada.
Mas o que mais o atingiu foi o olhar. Não havia mais doçura, nem mágoa. Havia foco. Havia força.
— “Antes que você me mande embora, escuta o que eu tenho pra te dizer.” — ela disse, firme.
Zaya cruzou os braços, tenso.
— “Você tem dois minutos.”
Maximiliana tirou do bolso uma pasta fina. Fotos impressas. Capturas de mensagens interceptadas. Localização de celular. Tudo apontando para Nadir.
— “Ele te enganou. Ele plantou a foto. Ele está tentando te destruir de dentro pra fora.”
Zaya pegou os papéis, sem reação. Leu cada linha. Olhou cada prova.
E mesmo assim… hesitou.
— “Você podia ter falsificado isso.”
— “E você podia ter me conhecido melhor do que isso.”
Ela se aproximou.
— “Zaya, não vim pra implorar. Eu vim porque descobri a verdade. E mesmo você não merecendo… eu ainda quero te salvar.”
Zaya fechou os olhos. O cheiro dela. A presença dela. Tudo nele gritava para abraçá-la, para acreditar. Mas algo o prendia. A desconfiança que Nadir plantou havia criado raízes.
— “Por que ainda se importa?”
— “Porque eu te amo, seu idiota.” — ela disse, com a voz falhando pela primeira vez.
Ele a encarou. Uma luta interna estampada no rosto.
Antes que pudesse responder, Malik entrou de novo, sem bater.
— “Chefe… os arquivos de segurança da casa foram apagados. E o backup… também.”
Zaya franziu o cenho.
— “Quem tinha acesso?”
Malik hesitou.
— “Só você… e Nadir.”
O mundo parou por um segundo.
Zaya virou-se lentamente para Maximiliana. A expressão dele começava a rachar. As defesas, a dúvida, a cegueira… começavam a ruir.
— “Você vai fazer o que tem que ser feito, Zaya?” — ela perguntou, olhando nos olhos dele.
— “Ou vai continuar fingindo que está no controle enquanto seu império apodrece por dentro?”
Ele não respondeu. Apenas saiu da sala, com a pasta nas mãos e os olhos fixos no nada.
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Enquanto isso, do alto de um prédio, Nadir assistia tudo por uma câmera escondida.
— “Ela conseguiu entrar.” — disse ao telefone.
Do outro lado, uma voz feminina respondeu:
— “Você quer que eu a elimine?”
— “Ainda não. Mas prepare-se. Se ela continuar mexendo onde não deve… mata os dois.”
A ligação terminou.
Amirah desligou o celular e fitou o espelho.
— “Vai doer, Zaya. Mas você escolheu amar uma mulher errada.”
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E naquele mesmo dia, Rami foi sequestrado.
Seu erro: saber demais.
E agora, a vida de um inocente está nas mãos de um império podre.
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Atualizado até capítulo 24
Comments
Hopi Berry
Não faz isso comigo, autora, atualiza logo! 😩
2025-06-15
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