"Entre Areias e Mel: Amor e Guerra no Coração da Máfia"
O ar estava denso de calor e especiarias naquela noite em Dubai. As luzes da cidade refletiam em tons dourados sobre os prédios reluzentes, como se a própria noite tivesse sido tocada pelo ouro dos antigos sultões.
Maximiliana sentia-se fora do mundo. A viagem era uma pausa da realidade, um presente a si mesma depois de anos presos em rotinas sufocantes. Estava sozinha, livre, e pela primeira vez em muito tempo, leve. Seus cabelos ruivos soltos dançavam com o vento quente, enquanto ela explorava o luxuoso hotel onde uma exposição de arte acontecia. Aquilo deveria ser apenas mais um passeio turístico. Mal sabia ela que seu destino mudaria ali.
Zaya estava do outro lado do salão, em silêncio, observando tudo com olhos atentos. Alto, imponente, com a barba perfeitamente delineada e trajes árabes tradicionais, mas discretos. O tipo de homem que parecia pertencer a outra época – ou a um trono. Mas seu olhar não era realeza, era domínio. Ele não buscava a aprovação de ninguém; ele tomava o que desejava.
E naquela noite, desejou ela.
Maximiliana passou por ele sem saber quem era aquele homem que a fitava como se pudesse vê-la por dentro. Ela parou diante de uma escultura feita em mármore negro — uma mulher ajoelhada com os olhos vendados. Zaya se aproximou em silêncio, com a precisão de um predador elegante.
— “Você sabia que essa peça representa a entrega cega ao desconhecido?” — disse ele, sua voz baixa, rouca, com um sotaque carregado de areia e perigo.
Ela virou-se devagar, os olhos cor de mel encontrando os dele. Uma centelha invisível acendeu-se entre os dois.
— “Interessante… mas eu prefiro acreditar que ela está apenas descansando os olhos.” — respondeu Maximiliana com um sorriso enigmático.
Zaya sorriu de lado, um gesto tão raro quanto perigoso. Havia ali um tipo de homem que ela nunca havia conhecido. Um mistério que despertava não só curiosidade, mas também um alerta instintivo.
— “Sou Zaya.”
— “Maximiliana.”
— “Nome forte para uma mulher forte.”
— “E você parece acostumado a ter o que quer, Zaya.”
— “Quase sempre.”
Eles não disseram mais nada por alguns segundos, mas foi nesse silêncio que o elo se formou. Palavras não podiam competir com o magnetismo cru que os envolvia.
Mais tarde, naquela mesma noite, Maximiliana encontrou um bilhete deixado em sua mesa do hotel, sem assinatura, mas com caligrafia marcante:
> “Algumas viagens mudam destinos. Outras, mudam corações. Não fuja do que você já sente.”
Ela segurou o papel com um misto de confusão e excitação. Sabia que aquele encontro não tinha sido comum. Sabia que Zaya não era só um homem rico em uma noite árabe.
O que ela não sabia… era o quanto isso iria custar.
capítulo 2- Areia e açúcar.
No dia seguinte, Maximiliana acordou com a alma inquieta.
Ela tentou ignorar. Tomou café no terraço do hotel, caminhou entre os mercados de ouro e perfumes, fotografou tapetes coloridos e cerâmicas pintadas à mão. Mas nada preenchia o espaço deixado por aquele olhar da noite anterior.
Então, às 16h em ponto, um envelope preto foi deixado na recepção do hotel. Dentro, um convite:
> “Me encontre ao pôr do sol. Vista branco. — Z.”
Sem assinar, como sempre. Mas ela sabia quem era.
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A SUV preta deslizou silenciosa pelo deserto, levando Maximiliana rumo ao desconhecido. O motorista não falava, apenas sorria com respeito, como se ela fosse alguém importante. O traje branco que usava contrastava com seus cabelos ruivos soltos e o calor escorria como seda em sua pele.
Quando o carro parou, ela desceu sobre as dunas alaranjadas. E ali estava ele, de pé, sozinho, com um falcão no braço e o vento levantando a areia como véu sagrado.
Zaya.
Ao redor, não havia mais nada — só o céu tingido de dourado e o deserto se estendendo até onde os olhos podiam alcançar.
— “Você veio.” — ele disse.
— “Achei que não viria?” — ela respondeu, erguendo o queixo.
Ele se aproximou, entregou o falcão ao tratador e estendeu a mão. Ela hesitou... mas pegou.
— “Por quê eu?” — ela perguntou, enquanto caminhavam entre as dunas.
— “Porque você não é como as outras. Você não se curva. E isso… me intriga.”
Havia uma tenda montada ao longe, com almofadas, velas e pratos de tâmaras com mel e especiarias. Música árabe suave tocava em algum lugar escondido. Ele a serviu com as próprias mãos.
— “Você não fala muito sobre você, Zaya.”
— “E você não pergunta.”
Ela o encarou.
— “O que você faz?”
Ele a olhou de lado, como se ponderasse o quanto devia mostrar.
— “Eu protejo o que é meu.”
A resposta não dizia nada, e ainda assim dizia tudo.
— “E o que é seu, exatamente?” — ela provocou.
Zaya se inclinou, os olhos fixos nos dela.
— “Talvez… você.”
O ar ficou denso. A tensão entre eles crescia como o calor que subia da areia. Mas Maximiliana não era do tipo que se entregava fácil. Ela o queria, sim, mas queria entender que tipo de abismo havia sob aquele fascínio.
Naquela noite, eles não se beijaram. Mas algo entre eles selou-se em silêncio. Uma espécie de pacto invisível, perigoso… e doce.
No retorno, no carro, ela recostou a cabeça no vidro, sentindo o coração bater em um ritmo novo. A areia ainda grudava em seus pés, e o cheiro dele — âmbar e fumaça — permanecia em sua pele.
Estava começando a cair… e não havia mais volta.
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Atualizado até capítulo 24
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