Capítulo 7: A Faca Invisível

Nos dias que seguiram, algo mudou entre Zaya e Maximiliana. Nada dito abertamente, nada violento — apenas um leve afastamento. Um atraso em uma ligação. Um olhar ausente. Um silêncio onde antes havia desejo.

Maximiliana tentava não se preocupar, mas o encontro com Amirah repetia-se em sua mente como um disco riscado. As palavras dela tinham plantado sementes. E a dúvida… começava a brotar.

Enquanto isso, Zaya enfrentava tensões dentro do clã. Boatos circulavam entre os aliados: havia um traidor. Alguém próximo, infiltrado. Nadir, seu braço-direito, fazia questão de alimentar as suspeitas… cuidadosamente.

— “Você anda distraído, Zaya. Esse tipo de fraqueza custa caro no nosso mundo.” — comentou Nadir certa noite, enquanto analisavam relatórios de movimentações financeiras do grupo rival.

— “Estou atento.” — respondeu Zaya, seco.

— “Tem certeza? E se for ela?”

— “Maximiliana?” — ele riu, sem humor.

— “Mulheres lindas fazem homens poderosos caírem todos os dias. Eu só não quero ver você perder tudo por... um par de olhos cor de mel.”

Zaya não respondeu.

Mas Nadir sabia: a dúvida havia sido cravada. E, como toda faca invisível, ela cortaria devagar.

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Na mesma semana, Maximiliana recebeu uma ligação de um número desconhecido.

— “Zaya não é quem você pensa. Ele matou o próprio pai.” — disse a voz anônima antes de desligar.

O sangue dela gelou.

Correu até ele naquela noite, encontrando-o na varanda da casa de campo, de costas, com um copo de uísque na mão. O deserto se estendia à frente, silencioso.

— “Zaya, preciso te perguntar algo… e quero a verdade.”

Ele se virou.

— “O que houve?”

— “Você matou seu pai?”

O copo tremeu na mão dele. Mas só por um segundo.

— “Não.” — respondeu, firme. — “Mas desejei que ele morresse por muito tempo. Isso faz de mim culpado nos olhos de quem me ama?”

Ela não respondeu.

Zaya deu um passo à frente.

— “Alguém está tentando te usar contra mim. Eu sinto. Eu vejo.”

— “Então prove. Me conte tudo. Pare de me proteger com meias-verdades. Ou vou acabar acreditando nas mentiras.” — ela disse, com a voz trêmula.

Ele respirou fundo.

E então… contou. Sobre o pai autoritário, cruel, que fazia negócios com traficantes de crianças. Sobre como Zaya tentou tirá-lo do poder e quase morreu no processo. Sobre como o pai desapareceu antes que ele pudesse enfrentá-lo diretamente.

— “Se ele está morto, não fui eu. Mas também... não chorei.” — concluiu.

Ela acreditou. Mas a dor de ter duvidado ainda latejava nela.

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No dia seguinte, Nadir recebeu uma mensagem de Amirah:

> “Ela acreditou. Mas não vai durar. Ele agora a olha com suspeita. Estamos quase lá.”

E enquanto isso, Zaya, sozinho em seu quarto, observava Maximiliana dormindo do outro lado da porta entreaberta.

— “Será que você está aqui por mim... ou enviada por eles?” — murmurou, sozinho.

A faca invisível já cortava os dois. Mas nenhum deles via o sangue… ainda.

Capítulo 8: Entre Mentiras e Beijos.

Os olhos de Zaya já não olhavam Maximiliana da mesma forma. Havia desejo, sim — mas havia algo por trás. Um peso. Uma dúvida que ele não admitia nem para si mesmo.

Maximiliana também estava mudada. Por mais que tentasse confiar, o sentimento de estar sendo manipulada crescia a cada silêncio de Zaya, a cada segredo que ele ainda guardava.

Era como amar no escuro.

 

Numa noite abafada, ele a levou para um casarão antigo à beira do mar. Disse que queria “ficar longe de tudo por uma noite”. A mansão era linda, mas tinha um ar melancólico — como se os próprios muros guardassem segredos.

Ela subiu até a sacada com uma taça de vinho, o cabelo ruivo preso em um coque desleixado, a pele dourada pela luz do luar. Zaya a observava de longe. Aquela mulher… era a única coisa real em sua vida de máscaras.

E ainda assim… por que duvidava dela?

Quando se aproximou, ela virou-se devagar, já sentindo o ar denso que vinha com ele.

— “Você está estranho.”

— “Você também.”

— “Vamos fingir, então?” — ela provocou.

Ele puxou a taça da mão dela e a colocou na mureta.

— “Você está me escondendo alguma coisa?” — ele perguntou, sem rodeios.

Ela o encarou.

— “E se eu perguntasse o mesmo?”

— “Não estou acostumado a ser questionado.”

— “E eu não estou acostumada a amar alguém que confunde proteção com controle.”

O silêncio se armou entre eles como uma guerra fria.

— “Eu quero confiar em você, Zaya. Mas você sempre esconde alguma coisa. Sempre guarda as cartas.” — disse ela, com a voz embargada.

— “Eu te escondo do mundo porque quero te manter viva. Te esconder de mim seria burrice.”

Ela se aproximou, furiosa e tremendo.

— “Então pare de desconfiar de mim como se eu fosse uma arma apontada pra sua cabeça!”

Zaya a encarou. O peito subia e descia, os punhos cerrados.

E então, sem aviso… ele a beijou. Com raiva. Com medo. Com fome.

Ela respondeu com o mesmo desespero. Foi um beijo sujo de emoção, de acusações e entrega.

Empurrou-o contra a parede da sacada. Ele a girou e a ergueu com facilidade. As bocas não se separaram nem por um segundo.

Foi como se o corpo deles tentasse dizer o que a alma ainda negava:

"Eu te amo… mas não sei como te salvar."

Horas depois, deitada em seu peito, ela sussurrou:

— “Você ainda acha que estou aqui para te trair?”

Ele passou a mão em seus cabelos, mas não respondeu.

A dúvida ainda pulsava nele, como uma febre.

E ela sentiu.

No escuro, lágrimas silenciosas caíram de seus olhos.

Pela primeira vez, Maximiliana teve medo de amá-lo mais do que ele poderia retribuir.

 

No outro lado da cidade, Nadir sorria enquanto observava uma foto recém tirada no celular: Maximiliana com o celular na mão, sozinha na sacada, em um ângulo que sugeria... uma chamada secreta.

Era só uma imagem.

Mas no jogo da máfia… imagem é tudo.

E era exatamente o que ele precisava.

Capítulo 9: A Armadilha do Engano.

A imagem era tudo o que Nadir precisava: Maximiliana na sacada, com o celular à mão, em um momento isolado. Para olhos treinados, era apenas uma mulher em paz. Mas para alguém com más intenções… era a semente da dúvida perfeita.

 

Naquela manhã, Zaya recebeu um envelope preto em sua sala secreta, entregue por um dos homens de confiança — que agora obedecia Nadir.

Dentro, a foto impressa. Um bilhete escrito à mão:

> “Ela está vendendo sua confiança, Zaya. A pergunta é: quanto tempo até ela vender seu coração?”

Zaya ficou imóvel. Seus olhos se fixaram na imagem. Ele reconhecia o local — a sacada da casa à beira-mar. Ele lembrava daquela noite. Do beijo. Do corpo dela sobre o dele.

E ainda assim…

A imagem feriu mais do que qualquer verdade.

 

À noite, ele voltou à casa. Ela o esperava com um vestido leve, descalça, um sorriso nos lábios.

Mas Zaya não sorriu de volta.

— “Com quem você falou naquela noite?” — ele perguntou, sem rodeios.

— “O quê?”

— “Na sacada. Com o celular. Antes de dormir comigo.”

Ela franziu o cenho.

— “Eu não falei com ninguém, Zaya. Eu… só li uma mensagem da minha irmã. Ela disse que estava preocupada.”

Ele se aproximou, lentamente, como uma sombra.

— “Mentira.”

— “Zaya, pelo amor de Deus…”

Ele jogou a foto impressa sobre a mesa.

— “Então me explica isso.”

Maximiliana pegou a foto, atordoada.

— “Isso… isso é só uma imagem. Você estava lá. Você me viu. Você me sentiu. Como pode duvidar de mim?”

Zaya virou-se de costas. A raiva não vinha só da foto — vinha da própria incapacidade de confiar.

— “Se você está mentindo… vou descobrir. E não vou te perdoar.”

Ela segurou o braço dele, furiosa.

— “Você não quer a verdade, Zaya. Você quer um motivo pra fugir do que sente!”

Ele a empurrou, com mais força do que pretendia. Ela caiu sentada, surpresa. Não ferida — mas quebrada por dentro.

O silêncio entre eles foi absoluto.

 

Mais tarde, já sozinha, Maximiliana fez as malas. Deixou apenas um bilhete:

> “Se algum dia você lembrar quem eu sou — não a imagem que os outros criaram de mim — estarei onde o seu orgulho não pode me alcançar.”

E partiu.

 

No outro dia, Zaya acordou com a casa vazia. Encontrou o bilhete, leu em silêncio… e não chorou.

Mas quando fechou os olhos naquela noite, ouviu o som da respiração dela. Sentiu o cheiro do cabelo. O peso ao lado na cama.

E ali, sozinho em seu império… Zaya começou a afundar.

 

Enquanto isso, Nadir e Amirah brindavam no topo de um hotel.

— “A primeira peça caiu.” — disse Nadir.

— “Agora resta derrubar o rei.” — completou Amirah.

Mas o que nenhum deles sabia… é que Maximiliana não fugiu. Ela foi à caça. E o que descobriria nos bastidores do império de Zaya mudaria tudo.

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