Os dias passaram como sonhos roubados. Zaya e Maximiliana se viam às escondidas, em jardins privados, casas secretas e encontros sob o véu da noite. Com ele, ela era tratada como uma joia rara. Era cuidada, desejada, respeitada — mas também vigiada.
Zaya não sabia amar com calma. Ele era feito de fogo. E onde havia fogo… havia ciúmes.
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Naquela noite, Maximiliana foi convidada para uma festa de gala em um hotel de luxo. Era um evento diplomático, e Zaya insistira para que ela fosse sem ele. Disse que “não era lugar para homens como ele”. Ela resistiu, mas no fim, cedeu.
Vestiu um longo verde-esmeralda que deixava suas costas nuas e o cabelo ruivo solto em ondas. Ao chegar, sentiu olhares se voltando. Homens sussurravam elogios, mulheres a olhavam com inveja disfarçada.
Entre taças de espumante e música clássica, ela conheceu David, um brasileiro expatriado, simpático e espirituoso, que a abordou com bom humor e zero pretensão.
— “Você parece perdida. Posso ser seu GPS por uma taça ou duas?” — brincou ele.
Maximiliana riu. Conversaram. Riram mais. E por um momento, ela se sentiu leve. Como antes. Antes de Zaya. Antes de carregar o peso do que sentia.
Mas Zaya estava lá.
Não no salão — mas do lado de fora, dentro de um carro estacionado à sombra. Seus olhos escuros acompanhavam tudo pelas câmeras discretas do hotel, projetadas em seu celular.
Quando viu David tocar no braço de Maximiliana durante uma piada, algo ferveu dentro dele.
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Na manhã seguinte, ela acordou com uma mensagem:
> “Teremos uma conversa. Vista algo discreto.”
O local era um hangar privado, afastado da cidade. Frio. Vazio. Zaya estava encostado em uma de suas motocicletas, com expressão fechada e braços cruzados.
— “Você se divertiu?” — ele perguntou, seco.
— “Zaya, era uma festa. Eu fui porque você me pediu.”
— “E achou normal rir como uma adolescente com aquele homem?”
— “David é só um conhecido. Ele foi educado. Só isso.”
Zaya se aproximou devagar. Os olhos ardiam.
— “Não existe ‘só isso’ no meu mundo, Maximiliana. Tudo tem significado. Tudo tem consequência.”
— “Você está com ciúmes?” — ela rebateu, desafiando.
— “Ciúmes?” — ele repetiu, com um sorriso amargo. — “Não. Isso é instinto. Eu protejo o que é meu.”
— “Eu não sou propriedade sua, Zaya. Eu sou uma mulher livre. Você não pode me controlar.”
Ele parou diante dela, a centímetros. O cheiro dele a envolvia — âmbar, fumaça e fúria.
— “Você é livre, sim. Mas também é minha. E isso tem um preço.”
Ela ficou em silêncio por um instante, tentando entender se o que sentia era medo… ou desejo.
— “Você está se afundando nisso, Zaya. Vai me perder antes de me ter por completo.”
— “Eu já te tenho.” — ele respondeu, com um sussurro que doía mais que um grito.
E então, num impulso cego, a puxou para si e a beijou com brutal intensidade. Um beijo carregado de raiva, desejo, medo e loucura.
Ela respondeu. Não com medo — mas com o mesmo fogo.
Quando o beijo terminou, ofegantes, ela encostou a testa na dele.
— “Se você me quer, aprenda a confiar. Ou me perderá. E isso… você não vai suportar.”
Zaya não respondeu. Apenas a olhou como se ela fosse a única coisa que o mantinha humano.
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Naquela noite, pela primeira vez, dormiram juntos.
Mas não foi só sexo.
Foi guerra e rendição.
E nas entrelinhas de cada toque, crescia uma verdade silenciosa:
Eles estavam perdidamente apaixonados.
Mesmo que isso fosse... a sentença de ambos.
Capítulo 6: Olhos na Sombra
Depois daquela noite de rendição e furor, Zaya parecia mais calmo — mas não menos perigoso. A posse que ele sentia por Maximiliana agora vinha disfarçada de zelo. Havia mais carinho em seus gestos, mais silêncio em seus olhos, mais presença em cada toque.
Mas o que ela não via era o jogo por trás do tabuleiro. E alguém, escondido nas sombras, já havia começado a mexer as peças.
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Maximiliana foi convidada para almoçar por Amirah, uma mulher libanesa elegante, que dizia ser uma amiga de longa data de Zaya.
— “Ele me pediu para te conhecer. Disse que é importante para ele.” — disse Amirah, sorrindo.
Desconfiada, mas curiosa, Maximiliana aceitou.
Foram a um restaurante suspenso com vista para o Golfo Pérsico. O céu estava azul como uma pedra preciosa, e o mar abaixo parecia calmo. Amirah era impecável: vestida de branco, maquiada com perfeição, e com uma voz doce demais para ser natural.
— “Zaya é um homem intenso. Obsessivo, às vezes. Mas sempre fiel aos seus princípios.” — disse ela, enquanto mexia o chá de menta.
— “Você fala como alguém que o conhece muito bem.” — respondeu Maximiliana.
Amirah riu.
— “Conheço. Já estive no lugar que agora é seu.”
Maximiliana parou. A informação caiu como veneno lento.
— “Exatamente o que quer dizer com isso?”
— “O que você entendeu.” — ela respondeu com frieza.
Um silêncio cortante se instalou entre as duas.
— “Zaya é um homem dividido. Entre a lealdade ao seu sangue… e o desejo por algo puro. Ele sempre escolhe o dever, no fim. Sempre.”
Maximiliana se levantou.
— “Obrigada pelo chá, Amirah. Mas se você veio aqui pra me assustar, precisará fazer melhor.”
Amirah deu um sorriso afiado.
— “Não vim te assustar, querida. Vim te preparar. Quando ele te machucar — e ele vai — espero que lembre disso.”
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Naquela noite, Maximiliana não contou nada a Zaya. Guardou a visita de Amirah para si, como um espinho sob a pele. Algo estava fora do lugar… mas ela ainda não sabia o quê.
Enquanto isso, do outro lado da cidade, Amirah encontrava-se em um salão escuro com Nadir, o braço-direito traidor de Zaya.
— “Ela é mais forte do que parece.” — disse Amirah.
— “Melhor ainda.” — respondeu Nadir. — “Quanto mais ele se apaixonar, mais fraco ele fica. E quando ele estiver cego… nós atacamos.”
Amirah ergueu a taça de vinho.
— “Que o amor dele seja sua ruína.”
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Zaya, naquela mesma noite, olhava para Maximiliana dormindo em sua cama, com o lençol branco escorregando pelas costas nuas. Ela parecia intocável — e ao mesmo tempo, sua única fraqueza real.
Ele passou os dedos nos cabelos dela, devagar, e sussurrou algo que ela não ouviu:
— “Se algum dia te perder... eu não me reconhecerei mais.”
Mas do lado de fora da mansão, nos becos que ele não podia controlar… os olhos na sombra já estavam abertos.
E eles estavam esperando o momento certo para atacar.
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Atualizado até capítulo 24
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