Capítulo 4 – Sob Vigilância

A manhã no México começava calma, mas dentro da mansão Castellanos, o clima estava carregado de decisões importantes. Lorenzo chamou Gael até seu escritório privativo, a voz firme e autoritária.

LORENZO:

— Gael, a partir de hoje você vai acompanhar a Lua na empresa. Não só como segurança, mas como seu tutor.

Gael franziu o cenho, surpreso com o termo, mas não questionou.

GAEL:

— Tutor? Ela tem dezoito anos, Lorenzo. É adulta e sabe se proteger.

Lorenzo cruzou os braços, seus olhos escuros fixos no amigo.

LORENZO:

— Eu sei. Mas ela é minha enteada, e para mim, isso significa responsabilidade total. Você vai garantir que nada a distraia ou coloque em risco. Mesmo que ela não goste, é para o bem dela.

Gael assentiu, entendendo o peso da palavra “tutor” naquele contexto.

No quarto ao lado, Lua se arrumava para seu primeiro dia oficial na empresa da família. Ao ouvir que Gael a acompanharia, seu rosto endureceu.

LUA:

— Não vou precisar de um guarda-costas no meu pé o tempo todo.

Amanda, sua melhor amiga, tentou amenizar.

AMANDA:

— Melhor aceitar, Lua. Se o Lorenzo mandou, é melhor não contrariar. Além do mais, você não está sozinha.

Lua respirou fundo, olhando no espelho seu reflexo jovem, porém confiante.

LUA:

— Tudo bem. Mas não espere que eu me sinta confortável com isso.

Lua desceu as escadas com a elegância de uma rainha e o olhar afiado de quem sabia o que queria. Usava um conjunto social bege que moldava seu corpo impecavelmente. Os saltos altos batiam com firmeza nos degraus de mármore. Amanda, como sempre, estava a postos para acompanhá-la, mas dessa vez, Gael já a esperava à porta da mansão com o carro pronto.

LUA:

— Isso é sério? Você vai comigo agora?

GAEL (calmo, mas firme):

— Ordem do Lorenzo. Tutor, lembra?

Lua bufou, cruzando os braços.

LUA:

— Tutor? Eu tenho dezoito, não oito. Me formei antes dos vinte em administração e finanças. Sei cuidar de mim.

GAEL:

— Eu sei. Mas ele é seu padrasto, e um homem de precauções. Não discute comigo, Lua, só entra no carro.

Ela revirou os olhos, praguejando em voz baixa, e entrou. Amanda, do banco de trás, observava tudo com um leve sorriso.

AMANDA:

— Você fica linda irritada.

LUA (olhando para Gael pelo retrovisor):

— E você perde pontos comigo a cada quilômetro, Gael.

Ele ignorou. O trajeto até a empresa foi silencioso, cada um perdido em seus pensamentos. Lua tentava entender por que Lorenzo estava tão insistente em vigiá-la. Sabia da influência da família, da importância da imagem pública da fachada empresarial, mas ainda assim… isso tudo parecia exagerado.

Ao chegar ao edifício da Castellanos Internacional, Lua desceu do carro de cabeça erguida. Os funcionários a olhavam com respeito — muitos sabiam quem ela era, poucos sabiam o que ela era. No mundo legal, era apenas a enteada do CEO poderoso, recém-formada, uma promessa em ascensão.

No mundo do submundo, era princesa de um trono sombrio.

Recepcionista (educada):

— Senhorita Lua, o senhor Lorenzo pediu que fosse direto para a sala de reuniões no 25º andar. A reunião já está prestes a começar.

LUA:

— Claro. (Ela sorriu educadamente, mas por dentro revirava os olhos).

— Claro que ele me jogaria direto para os leões no primeiro dia.

Ela e Gael seguiram até o elevador, Amanda ficou no saguão com um tablet, responsável por organizar alguns documentos para Lua. No elevador, Lua se virou para Gael.

LUA:

— Vai ficar grudado em mim o dia todo?

GAEL:

— Aonde você for, eu vou. Ordem dele.

LUA (em pensamento):

Isso vai me tirar do sério. Mas não posso explodir… não agora. Ainda mais na frente dele.

As portas se abriram. A sala de reuniões era imponente, de vidro e madeira escura, com vista panorâmica da cidade. Dentro, estavam diretores, conselheiros e claro… Lorenzo Castellanos.

Sentado à cabeceira da mesa, Lorenzo se levantou ao vê-la entrar. Seus olhos se detiveram nela por segundos a mais do que o necessário. Vestida daquele jeito, com tanta presença, Lua parecia muito mais que apenas uma novata.

LORENZO:

— Senhores, essa é Lua Castellanos , minha enteada. Formada em administração e finanças, vai passar a acompanhar os principais setores da empresa para aprender na prática como funcionam os bastidores da Castellanos Internacional.

— A partir de hoje, ela é oficialmente parte da diretoria júnior.

Houve alguns cochichos discretos, mas Lorenzo bastou erguer o olhar para que todos silenciassem.

Lua se sentou, Gael postou-se à porta da sala como uma sombra silenciosa. Os primeiros relatórios começaram a ser discutidos, e Lua, com sua inteligência afiada, absorvia tudo. Anotava pontos-chave, fazia perguntas pontuais. Mostrou ali mesmo que não era só um rosto bonito trazido por favoritismo. Era sagaz, firme, e tinha sede de entender o império de dentro para fora.

LUA (em pensamento):

Se é aqui que vou jogar o jogo, então vou dominar cada peça do tabuleiro.

Lorenzo, do outro lado da mesa, não conseguia disfarçar o orgulho. Mas algo mais o inquietava… Algo que ele não admitiria nem para si mesmo: o quanto a presença de Lua o desestabilizava ultimamente.

Ao fim da reunião, todos se retiraram, menos Lorenzo.

LORENZO:

— Quero você aqui todos os dias, acompanhando cada reunião, cada setor. Vai começar pelo financeiro.

LUA:

— Já era hora. Obrigada por não me tratar como boneca.

Ele deu um meio sorriso.

LORENZO:

— Bonecas não usam salto como arma e palavras como lâminas.

Ela sorriu, satisfeita.

LUA (em pensamento):

Mas por que seus olhos me encaram como se soubessem demais?

LORENZO (em pensamento):

E por que eu continuo cruzando a linha só de estar no mesmo ambiente que ela?

Enquanto Lua deixava a sala, Gael a acompanhava em silêncio. Amanda a esperava do lado de fora. O dia estava só começando. Mas o jogo de tensão e poder já estava em andamento.

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