A luz do sol atravessava as enormes cortinas do quarto de Lua, invadindo o ambiente com uma claridade irritante. Ela virou o rosto, ainda sentindo a leve dor de cabeça deixada pela noite anterior na balada.
Lua (pensamento):
Foi só um beijo. Nada além disso. Não senti absolutamente nada. Como se meu corpo tivesse desaprendido a reagir…
Se espreguiçou, encarando o teto por alguns segundos. A lembrança do homem que beijara — cujo nome mal recordava — parecia distante, irrelevante. Amanda havia ficado até o fim com ela, como sempre. Gael? Aparecera na balada e sumira logo depois, como uma sombra silenciosa.
Depois de um banho rápido e uma escolha casual de roupa — jeans justo e uma blusa preta simples —, Lua desceu para o café.
Na sala de jantar, Lorenzo já estava à mesa. Camisa social branca, mangas dobradas até o cotovelo, olhos fixos em um tablet. Uma aura fria, imponente, que sempre parecia querer mantê-la à distância… ao menos na teoria.
Lorenzo (sem levantar os olhos):
— Dormiu bem?
Lua (puxando a cadeira):
— Dormi. Com exceção da ressaca, estou ótima. E você? Sonhou com os demônios do passado?
Ele ergueu os olhos devagar, e por um breve instante, os dois se olharam em silêncio. Uma tensão tênue preencheu o espaço entre eles.
Lorenzo:
— Tenho algo pra te dizer.
Lua (erguendo uma sobrancelha):
— Vai me casar com algum velho nojento do cartel? Porque se for, já adianto: fujo pela janela.
Lorenzo ignorou o tom sarcástico.
Lorenzo:
— A partir de amanhã, você começa a trabalhar comigo. Na Castellanos Corp, nossa fachada legítima.
Lua (surpresa):
— O quê?
Lorenzo (sério):
— É hora de você entender o outro lado do trono. O mundo que todos veem. Precisa aprender a manipular os dois.
Lua (encostando-se na cadeira):
— Achei que meu lugar fosse entre as sombras. Como você gosta de dizer...
Lorenzo:
— Você é mais do que isso. Vai lidar com contratos, reuniões e... aparências. Já passou da hora.
Ela ficou em silêncio por alguns segundos, observando Lorenzo com atenção.
Lua (pensamento):
Por que agora? O que ele está querendo com isso? Testar meu limite? Ou... me controlar mais de perto?
Lua (fingindo desinteresse):
— Tudo bem. Vai ser divertido ver os engravatados suando por minha causa.
Lorenzo desviou o olhar, mas um leve sorriso de canto escapou — ainda que rapidamente apagado.
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[Mais tarde – conversa entre Luana e Débora]
As duas estavam sentadas no terraço, com taças de vinho na mão. Débora observava a piscina vazia, mas seus olhos estavam distantes.
Luana:
— Lorenzo disse que vai colocar Lua na empresa.
Débora (franzindo o cenho):
— Não sei se isso é uma boa ideia...
Luana:
— Ela precisa aprender. E ele sempre foi um bom mentor.
Débora (com tom frio):
— Mentor demais, talvez.
Luana a olhou com atenção, mas escolheu não comentar. Ela conhecia aquela expressão. Débora escondia seus sentimentos sob uma capa de conselhos e boas intenções, mas a verdade era que nunca aceitou o laço entre Lua e Lorenzo — muito menos o carinho silencioso que ele demonstrava.
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[Fim da tarde – Amanda e Gael]
Amanda estava no jardim, mexendo no celular, quando Gael passou por ela. Estava de roupa preta, impecável como sempre, com o olhar distante.
Amanda (sorrindo):
— Não vai me dar um “oi”, segurança?
Gael (sem parar de andar):
— Boa tarde, Amanda.
Ela o seguiu com os olhos, o sorriso ainda no rosto — mas menos animado.
Amanda (pensamento):
Ele nunca repara. Nem quando me aproximo, nem quando fico... óbvia. Só tem olhos pra ela. E mesmo assim finge não sentir.
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[Noite – Lua chega no quarto e Lorenzo está no corredor]
Lua subia as escadas quando deu de cara com Lorenzo parado no corredor, conversando com um dos seguranças. Assim que ele a viu, encerrou a conversa e ficou a observá-la enquanto ela se aproximava.
Lua (séria):
— Veio me fiscalizar?
Lorenzo:
— Vim lembrar que amanhã às oito você tem uma reunião com o setor de contratos. Não se atrase.
Lua:
— Uau. Mal comecei e já me colocaram na cúpula. Vou ganhar um bônus também?
Ele se aproximou um passo. O suficiente para que Lua sentisse o perfume amadeirado que ele usava. Seu olhar era intenso.
Lorenzo (baixo):
— Não brinque com o que é sério, Lua. Você pode se queimar sem perceber.
Lua (encarando de volta):
— E você pode parar de falar como se soubesse tudo o que eu penso.
O silêncio entre eles se arrastou por segundos. Longos, elétricos.
Lua (pensamento):
Por que meu corpo reage assim quando ele se aproxima? Não... deve ser só provocação. Nada além disso.
Lorenzo (pensamento):
Ela cresceu demais. Está ficando difícil manter as paredes entre nós... e elas já estão rachando.
Sem mais palavras, ele se afastou.
Lua:
— Boa noite, Lorenzo.
Lorenzo (de costas):
— Até amanhã, señorita Castellanos.
Ela entrou no quarto, jogou-se na cama e encarou o teto.
Lua (pensamento final):
Se essa guerra silenciosa continuar... alguém vai acabar perdendo. E não faço ideia de quem será.
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Atualizado até capítulo 26
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