— O Jantar com o Conselho
A longa mesa de jantar estava impecavelmente posta: talheres de prata, taças de cristal e arranjos de flores vermelhas que contrastavam com a sobriedade do ambiente.
No topo, o brasão dos Mikhailov dominava: o lobo, símbolo de poder e violência.
Katerina adentrou o salão com passos firmes. Vestia um vestido preto justo, de seda, com um decote discreto, mas que insinuava poder e feminilidade. O cabelo preso num coque clássico, os brincos de diamante pendendo como pequenas armas reluzentes.
Os homens do Conselho já estavam à mesa. Todos, sem exceção, a observaram com aquela mistura de respeito forçado e desprezo disfarçado — a mesma expressão que reservavam a todas as mulheres que, segundo eles, "não sabiam o seu lugar".
Alekséi estava à cabeceira, como sempre, impecável no terno escuro, com o olhar fixo nela. Um olhar que ninguém mais parecia perceber: aquele misto de posse e curiosidade.
Ela sentou-se ao lado dele, cruzando as pernas com naturalidade, e pegou a taça de vinho antes que alguém a servisse. Fez questão.
O mais velho do Conselho, Carlos Petrov, pigarreou, tentando impor a velha ordem:
— Senhora Mikhailov… espero que esteja se adaptando ao seu novo papel.
Ela sorriu, fria:
— Qual deles, Carlos? O de esposa ou o de senhora da máfia? Porque são bem diferentes, não acha?
Alguns dos homens entreolharam-se, desconfortáveis com a ousadia. Carlos forçou um sorriso amarelado.
— Ambos exigem… submissão.
Katerina inclinou-se para frente, apoiando os cotovelos na mesa e encarando-o nos olhos:
— Submissão? — riu, sem humor. — Vocês não precisam de uma esposa submissa ao lado de Alekséi. Precisam de alguém forte o bastante para manter essa família de pé quando for necessário… ou quando vocês falharem.
O silêncio caiu como uma bomba no salão.
Alekséi permaneceu impassível, apenas girando a taça de vinho, mas um pequeno sorriso curvou o canto de seus lábios.
Ela estava jogando — e jogando bem.
Carlos tentou conter a irritação:
— O que sugere, então, senhora Mikhailova? Que lideraria em nome dele?
Katerina não desviou o olhar:
— Sugiro que entendam que não sou uma boneca de porcelana trazida para adornar esta mesa. Eu sou uma Mikhailov… e os Mikhailov sempre souberam como usar uma arma.
Ela se recostou na cadeira, serena, enquanto vários dos conselheiros desviavam o olhar, incomodados com a firmeza.
Alekséi finalmente falou, com a voz baixa, mas que preenchia todo o espaço:
— Deixem que minha esposa respire… ela acabou de chegar.
Depois ergueu a taça e olhou para Katerina, como quem brinda a vitória de alguém que não admitia perder:
— Ao nosso casamento… e à nova senhora da máfia russa.
Ela ergueu a sua também, sem hesitar:
— Ao império… e a quem de fato governa.
E então bebeu, sem quebrar o olhar dele.
Sem medo. Sem submissão.
Sabendo que, a partir daquele momento, ela não seria mais apenas "a esposa do Don".
Ela seria o poder que ninguém previu… mas que todos seriam obrigados a respeitar.
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Fim de capítulo
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