— O Jogo Começou
A limousine cruzava as ruas silenciosas de São Petersburgo, deixando para trás o palácio e a cerimônia opulenta, rumo à mansão Mikhailov, onde Katerina passaria sua primeira noite como a nova senhora da máfia russa.
Sentada ao lado dele, Katerina mantinha o olhar firme, a coluna ereta, como se o vestido pesado de seda fosse uma armadura e não uma prisão. Alekséi, ao seu lado, permanecia impassível, a mão sobre a bengala de prata, o olhar perdido na janela, como se ela não estivesse ali.
O silêncio entre eles era denso, cortante.
Ela foi a primeira a romper:
— Acha mesmo que vai ser assim… tão fácil?
Alekséi sorriu de canto, sem sequer virar o rosto para ela:
— Não preciso forçar nada, Katerina. Você vai se entregar… cedo ou tarde.
Ela riu, um som suave e venenoso:
— Confiança demais para alguém que mal me conhece.
Ele então a olhou, finalmente, e havia naquele olhar uma mistura perigosa de ameaça e desejo contido.
— Você se engana… te conheço melhor do que imagina. Sei que mulheres como você… resistem, provocam, fingem indiferença. Mas, no fundo, desejam mais do que qualquer uma… desejam ser domadas.
Ela aproximou-se dele, apenas o suficiente para que o perfume dela preenchesse o espaço entre os dois, e sussurrou, os lábios roçando sua orelha:
— Eu não sou domável, Alekséi.
E recostou-se novamente, cruzando as pernas com provocação.
Ele sorriu, frio, calculista, e inclinou-se também, até que suas bocas estivessem perigosamente próximas:
— Então vamos ver… quem vai quebrar primeiro.
A limousine parou diante da mansão, uma construção imponente de pedra e ferro, onde criados os aguardavam com reverência e medo. Alekséi desceu primeiro, estendeu a mão para ela, e Katerina, mantendo a farsa, aceitou, mesmo que o toque dele fosse uma algema invisível.
Subiram as escadas até os aposentos reservados para a noite de núpcias. O quarto era luxuoso, com cortinas pesadas de veludo, lareira acesa, e a cama — símbolo maior da tradição — estava preparada, lençóis brancos imaculados, como a lei exigia.
Alekséi aproximou-se dela, retirando lentamente o paletó, os olhos fixos nela.
— Não se preocupe… — disse, a voz baixa e cortante. — Não sou um homem que força uma mulher a me ter. Não preciso disso.
Katerina manteve o queixo erguido, sem recuar.
— E acha que, só porque não força… eu vou me deitar, abrir as pernas e implorar?
Ele riu, seco, passando a mão pelo queixo.
— Não… mas vai desejar fazer isso. Vai se contorcer de desejo. E quando suplicar… vai ser real.
Ela se aproximou mais, o peito quase colado ao dele, e olhou nos olhos dele com desafio:
— Não me conhece, Alekséi… sou capaz de resistir até o inferno congelar.
Alekséi inclinou-se, os lábios a milímetros dos dela, a respiração quente, a tensão elétrica no ar… mas não a beijou. Se afastou, sorrindo, satisfeito com o jogo que havia começado.
— Vamos ver, Katerina…
Ele então foi até o criado-mudo, onde havia uma caixa de madeira escura. Abriu-a, retirando dela um pequeno frasco de vidro com tinta vermelha.
Ela franziu a testa, desconfiada.
Alekséi a olhou por cima do ombro, frio como sempre.
— A tradição exige sangue nos lençóis. A prova de que você agora é minha mulher… e a senhora da máfia.
Ela sorriu, irônica:
— E vai me forçar a isso… com tinta?
Ele girou o frasco entre os dedos, sem pressa, e respondeu:
— Não sou um bruto… sou um estrategista. E a cidade verá o sangue, a cama marcada, e o Conselho se curvará.
Fechou a caixa e virou-se completamente para ela:
— Mas não se engane… o sangue pode ser forjado, a cerimônia pode ser uma mentira. Mas nós dois sabemos que esse jogo está apenas começando.
Ela o olhou de cima a baixo, cheia de desprezo e desejo mal assumido.
— Não vai ser fácil, Alekséi…
Ele se aproximou, segurou o queixo dela entre os dedos, com firmeza, mas sem brutalidade:
— Não, Katerina… nunca é.
Soltou-a e saiu do quarto, deixando-a sozinha no centro da imensa cama, com o fogo crepitando na lareira e a tensão pairando no ar como uma maldição.
Naquela noite, os lençóis foram marcados como a tradição exigia.
Mas o corpo dela… continuava inviolado.
E a guerra silenciosa entre os dois, agora, era só deles.
Fim do capítulo
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Comments
Neneu
que maravilha de capítulo
2025-06-09
1