Eleanor
Meu corpo inteiro doía, mas eu não me arrependia, não havia espaço para culpa só um calor estranho no peito, algo entre medo e liberdade. Estava deitada na cama, coberta apenas por um lençol leve o quarto ainda carregava o cheiro dele amadeirado, quente, masculino o lugar estava silencioso, e eu fiquei olhando pro teto por um tempo, sentindo as batidas do meu coração mais calmas do que deveriam estar fechei os olhos e revivi cada toque. Cada beijo, cada palavra sussurrada no escuro.
Eu tinha feito isso, tinha perdido a virgindade com um completo desconhecido e, incrivelmente, eu não estava arrependida, olhei para o relógio da parede, quase seis da manhã o pânico bateu no estômago, merda.
Levantei num salto, ignorando a dor entre as pernas, vesti o vestido rapidamente, prendi o cabelo do jeito mais decente que consegui, e comecei a procurar papel, caneta, qualquer coisa para deixar um recado mas o quê?
“Obrigada pela noite”?
“Desculpa por fugir”?
“Ass.: a virgem bêbada da boate”?
Suspirei, eu nem sabia o nome dele e ele também não sabia o meu, era melhor assim, olhei uma última vez para a cama desfeita, hesitei por um segundo e saí. O céu ainda estava escuro, mas as ruas começaram a ganhar vida corri de volta para o hotel, quase tropeçando nos próprios pés felizmente, ninguém me viu ninguém me parou e ninguém dividia o quarto comigo entrei, tranquei a porta e me encostei nela, ofegante.
— Consegui… — sussurrei pra mim mesma.
Fui até o banheiro e tomei um banho a água quente fez o meu corpo doer ainda mais quando me olhei no espelho, meus olhos arregalaram.
O meu corpo estava cheio de marcas, mordidas arranhões, marcas de dedos apertando minha pele clara uma mordida na parte interna da coxa.
As bochechas queimaram de vergonha e orgulho
mas logo a realidade me acertou, eu precisava esconder tudo isso se alguém percebesse qualquer coisa diferente, estaria encrencada muito encrencada felizmente, meu pescoço estava intacto só os meus lábios estavam um pouco inchados e meu rosto abatido com sorte, dariam a desculpa de cansaço.
Aí veio a ressaca.
O mundo girou, o meu estômago virou e corri para o vaso, vomitando tudo o que o meu corpo rejeitava depois disso, arrastei-me até a cama, deitei enrolada na toalha e dormi por alguns minutos ou horas não sei ao certo.
Até que a batida na porta me despertou.
Toquei o rosto quente e corri para atender.
— Eleanor? — era o líder do grupo de jovens, com a testa franzida — Está tudo bem? Não apareceu no salão para a saída do culto.
Abri só um pouquinho da porta, deixando que ele visse meu rosto pálido, os olhos inchados, o cabelo ainda molhado.
— Acho que comi algo estragado, ontem tô com intoxicação alimentar muito mal mesmo.
Ele arregalou os olhos.
— Nossa, você está péssima.
— Eu sei. Vou descansar o dia todo, prometo.
Ele assentiu, um pouco constrangido.
— Qualquer coisa, nos avise, tá? Vou deixar a programação do grupo na porta.
— Obrigada…
Fechei a porta e deslizei até o chão, respirando fundo e escapei por pouco e foi assim que passei o restante da viagem trancada, sozinha me recuperando tentando juntar os cacos da garota que eu fui antes daquela noite e percebendo que ela não existia mais.
A viagem de volta foi um alívio e um tormento sentei na janela do ônibus, com os fones nos ouvidos, tentando ignorar tudo e todos. Eu ainda me sentia sensível, dolorida, cansada, como se tivesse vivido dez vidas em dois dias não apenas fisicamente, mas emocionalmente também tudo tinha mudado e eu tinha mudado e aí ele apareceu.
Caleb
Sentou do meu lado como se nada tivesse acontecido, como se não tivesse sido pego beijando a minha melhor amiga como se não fosse a representação perfeita de tudo que me sufocava tentou pegar na minha mão, o meu estômago virou afastei bruscamente, quase enojada.
— Não toca em mim.
Ele me olhou, surpreso, e depois estreitou os olhos.
— Você está diferente.
Virei o rosto para a janela, tentando me concentrar nas árvores passando depressa, nos postes, no céu.
— Ninguém conhece as pessoas de verdade — murmurei.
Ele aproximou-se demais o suficiente para que o cheiro dele me enojasse e então sussurrou no meu ouvido, baixo, ameaçador:
— Eu sei que você não estava no seu quarto naquela noite.
Virei devagar e o encarei o meu coração disparou mas mantive o rosto calmo.
— Como assim?
Ele sorriu um daqueles sorrisos presunçosos que me faziam querer gritar.
— Eu bati na porta, acho que era uma três da manhã. Quis te ver. Você não respondeu então… entrei e o quarto estava vazio.
Fiquei em silêncio por um momento depois, fingi despreocupação:
— E o que você foi fazer no meu quarto às três da manhã?
Ele deu de ombros.
— Eu so senti sua falta.
Fez uma pausa.
— Mas me diga a verdade, Eleanor. Eu posso, se quiser, pedir um comprovante de virgindade antes do casamento você sabe o que isso causaria, né? Um escândalo daqueles.
Ele me olhou com superioridade.
Ah, o velho Caleb achando que me controlava com culpa e vergonha. Apoiei os cotovelos nos joelhos, entrelacei os dedos, e o encarei nos olhos.
— Peça, se quiser. Faça todo o escândalo que quiser. Se for comprovado que eu ainda sou virgem, você vai se ajoelhar e pedir desculpas publicamente.
Ele empalideceu, mas eu não terminei.
— Só que não vai precisar.
Sorri com ironia.
— Porque eu nunca vou me casar com você.
— O quê?
— Eu vi, Caleb você e a Amanda, aquela língua na garganta dela, me abriu os olhos.
Ele ficou lívido.
— Eleanor, eu posso explicar…
— Não precisa. Já vi tudo que precisava.
Respirei fundo e soltei com firmeza:
— Aquela noite, eu não estava no quarto porque estava orando no templo ao lado do hotel. Pedindo a Deus conselhos sobre o que fazer com a minha vida.
Inclinei a cabeça.
— E Ele respondeu.
— Você não pode cancelar o casamento agora. Vai ser um escândalo!
— Problema de quem ama escândalos. Eu não vivo pela opinião dos outros.
— Vai ser uma vergonha pros seus pais!
— Os mesmos pais que me ensinaram a não me casar com um mentiroso?
Olhei direto nos olhos dele.
— Eu não vou entrar num casamento fracassado com um homem fracassado.
Ele parecia sem ar. Pálido. Devastado.
— Você…
— Se eu fosse você, Caleb, controlaria essa sua boquinha.
Me inclinei devagar, igual ele tinha feito antes.
— Porque se você me fizer de inimiga, juro por Deus que conto pra cidade inteira sobre cada traição sua. Desde o primeiro beijo escondido com a Amanda até as poucas vergonhas que vocês já devem ter feito.
Ele não sabia mas os dias que fiquei trancada no quarto tive tempo para pensar e juntar provas, eu tinha as senhas das redes sociais da Amanda pôs éramos melhores amigas e ela sabia que eu não mexia nas coisas dela, mas dessa vez eu mexi e achei vídeos íntimos deles dois, fotos deles pelados, fumando e bebendo eu passei tudo para o celular e usaria isso de prova se fosse preciso.
Ele engoliu em seco, eu encostei-me no banco, vitoriosa, naquele instante, eu soube: não era mais a mesma menina a sustada eu tinha enfrentado o diabo e vencido.
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Atualizado até capítulo 36
Comments
Lorrainecristinioliveira Oliveira
caléb se ferrou se eu fosse botava a boca no trombone e falaria tudo e mostrava as provas
2025-06-04
3
Carmilurdes Gadelha
Ela ficou forte....
2025-06-07
1