Noah
Assumi a cadeira de CEO da Blackstone Industries aos vinte e quatro anos, metade do conselho duvidou de mim a outra metade tentou me derrubar antes da primeira reunião. Hoje, todos eles me chamam de senhor Blackstone com respeito com medo como deve ser. Meu pai, Richard Blackstone, construiu o império e eu o transformei, cresci ouvindo sobre lucros, fusões, investimentos, e como o mundo engole os fracos aprendi cedo que ou você pisa, ou é pisado e eu nunca fui o tipo que aceita ser mandado.
Comecei como diretor de operações aos vinte e um enquanto meus colegas de faculdade saíam bêbados em fraternidades, eu já tomava decisões que movimentavam milhões. Minha mãe, Eleanor é o equilíbrio que meu pai não tem inteligente, elegante, sutil como uma faca de prata. Minha irmã caçula, Ivy, é a única capaz de me fazer sorrir com sinceridade. Tem 22 anos, fala demais e vive me arrastando para situações sociais que eu preferiria evitar. Como a boate daquela noite.
Eu estava lá só para buscar a Ivy, que tinha sumido com um grupo de amigas depois de dizer que “só ia jantar”. Já passava da meia-noite e meu celular vibrava com alertas de reuniões do dia seguinte, eu devia estar dormindo ou, no máximo, transando com alguma ruiva qualquer, mas lá estava eu: cercado por suor, álcool e gente carente tentando preencher seus vazios com dança. Relacionamentos? Amor? Essas coisas são pra quem tem tempo ou pra quem precisa de distração eu não tenho espaço na minha agenda pra isso. Já me pressionaram para casar, claro “É hora de formar família, garantir herdeiros, consolidar o nome Blackstone”, dizia meu pai, entre um charuto e outro mas casar por conveniência é algo que nem meu ego aceita eu até poderia brincar de noivado se fosse vantajoso para os negócios mas emoções? Compromisso? Isso é fraqueza disfarçada de romantismo.
Eu já estava no décimo bar daquela noite, dez!
Isso mesmo, dez estabelecimentos diferentes, todos apinhados de gente bêbada, cheirando a vodka barata e hormônios descontrolados e nada da Ivy. Se minha irmã achava que ia me fazer rodar Chicago inteira atrás dela sem consequências estava muito enganada ela ia pagar por isso, muito caro, pensei seriamente em cortar o cartão black dela por uma semana ou mandar ela estagiar no setor fiscal isso sim seria castigo. A loira do meu lado não parava de falar estava no monólogo número três sobre como todo homem decente já estava comprometido ou emocionalmente indisponível engraçado, eu estava ali em silêncio disponível e claramente entediado. Balancei a cabeça fingindo que ouvia, enquanto girava o gelo no meu copo, já era hora de ir, de sair dali e, quem sabe, arrumar outro lugar mais civilizado onde pudesse rastrear minha irmã desgraçada.
Foi aí que senti um toque leve no braço.
Virei com a intenção automática de recusar mais uma aproximação, mas parei. Ela não era como as outras primeiro: roupas nada revelador, vestido preto simples,longo um tanto quanto antiquado, sem decote, sem brilhos, sem nenhum esforço para chamar atenção e ainda assim, chamava. Muito. Segundo: o rosto era bonita, não, bonita era pouco ela era impactante daquelas belezas raras, que não se compram, que não se fabricam, pele clara, olhos que pareciam um pouco perdidos e um pouco determinados ao mesmo tempo cabelos soltos, com aquele ar natural de quem não estava tentando impressionar ninguém e, talvez por isso, impressionava mais ainda. Terceiro: ela estava bêbada, isso era evidente, o cheiro da bebida é misturado ao perfume doce, os olhos um pouco pesados mas a boca? Firme. Sorrindo e aí veio o que eu menos esperava.
Ela fez sinal com o dedo, pedindo para que eu me abaixasse. Por algum motivo que até agora não entendo, obedeci, talvez pela ousadia, talvez porque ninguém jamais me abordou daquela forma nem com aquela coragem. Quando me inclinei, ela me encarou como se já me conhecesse, como se tivesse me escolhido como se escolhe um destino.
E então disse, com a voz embriagada, mas absurdamente clara:
— Você passaria a noite comigo?
Por um segundo, achei que tinha ouvido errado.
Mas não, ela disse exatamente aquilo do nada no meio do caos como se fosse a coisa mais normal do mundo e o mais curioso? Eu estava prestes a dizer não.
Mas então ela completou, séria, como se fosse um desafio:
— Porque se você não quiser, eu vou escolher outro.
Ah, não, querida isso não, se ela queria incendiar minha curiosidade, conseguiu.E, sinceramente? Que se dane a lógica.
Olhei de novo para aquela mulher com olhos de anjo e proposta de tentação.
— Sim. — Respondi, como se estivesse fechando um contrato. — Vamos.
Ela não hesitou quando eu ofereci meu braço.
Andava meio torta, tropeçando levemente, mas não reclamava de nada. Era o tipo de bêbada determinada a pior categoria. A que sabe exatamente o que quer, mesmo tropeçando nas palavras, conduzi ela até meu carro eu também tinha bebido, mas estava sóbrio o bastante pra continuar sendo um homem ainda sabia a diferença entre certo e errado mas aquela noite não era feita de regras.
— Qual seu nome? — perguntei, só por formalidade.
Ela sorriu.
— Você não precisa saber
— E você tem…? — hesitei.
— Dezenove — respondeu rápido, como se adivinhasse o que eu ia perguntar. — Já sou maior de idade, senhor preocupado.
Ri de leve, ela tinha respostas afiadas, ainda que os olhos estivessem meio vidrados, isso me deixava em alerta, mas também mais curioso.
Chegamos ao hotel que eu costumava frequentar quando queria discrição um lugar que conhecia meu nome, meu carro e que nunca fazia perguntas, peguei o quarto de sempre sem planos, sem enrolações. Quando a porta se fechou atrás de nós, algo mudou, ela parou no meio do quarto, os olhos varrendo o ambiente com curiosidade infantil como se fosse o primeiro quarto de motel que pisava como se tudo ali fosse exótico e novo.
Estranhei ela se aproximou da cama devagar, como se estivesse explorando uma nova dimensão.
— É sua primeira vez? — perguntei, mais sério do que esperava.
Ela olhou pra mim, não disse nada, apenas assentiu, como se estivesse com vergonha, merda. Me afastei um passo, passando a mão no cabelo.
— Você tá muito bêbada pra consentir, e ainda e sua primeira vez.
Mas antes que eu pudesse continuar, ouvi o zíper do vestido.
Ela o deixou cair no chão com uma delicadeza teatral. E então começou a caminhar na minha direção, aquela cena com os cabelos soltos sobre os ombros a pele iluminada pela luz indireta do quarto a tatuagem recém-feita já que ainda estava com a proteção parcialmente visível, na curva da virilha um pequeno desenho em preto, será que ela fez hoje? Um ato de rebeldia cravado na pele.
Ela era um anjo mas não daqueles que cantam no céu, ela era o tipo de anjo que foi expulso por ser bom demais em provocar o pecado, parou bem diante de mim me olhou nos olhos e com uma voz baixa, quase quebrada, perguntou:
— Eu sou bonita?
Respirei fundo.
— Você é a mulher mais bonita que eu já vi.
Ela sorriu.
Um sorriso pequeno, tímido, mas real.
E então, tocou meu rosto com as duas mãos.
— Posso te beijar?
Eu não deveria mas não disse não.
— Pode.
E antes que nossos lábios se encontrassem, ela murmurou:
— Desculpa se eu for atrapalhada… Eu não tenho muita experiência com beijos.
E então me beijou.
Foi surreal, nada como os beijos técnicos e repetidos das mulheres que já passaram pela minha cama não havia ensaio nem intenção só verdade. A boca dela era quente, doce, incerta
e ainda assim, parecia a oitava maravilha do mundo, um beijo que não buscava me conquistar, mas me entregar algo puro, um beijo que desmontava qualquer armadura e eu, um homem que achava que já tinha visto de tudo, percebi naquele instante que estava errado. Ela não sabia, mas tinha acabado de destruiu todas as minhas certezas com apenas um toque de lábios.
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Atualizado até capítulo 36
Comments
Carmilurdes Gadelha
E lá e vai fazer bem delicado...
2025-06-07
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