Na Trilha do Desejo
Em uma manhã como outra qualquer, Maya sai para trabalhar no melhor hospital da cidade, o Hospital Medeiros, onde havia conquistado respeito e admiração por sua competência e empatia. Ela se formou em Enfermagem com apenas 22 anos de idade, um feito que refletia sua determinação e paixão pela profissão.
Maya é uma mulher alta, alegre, com cabelos longos e cacheados de cor tropical, corpo levemente sensual. A sua presença transmite dedicação, mistério, romantismo e bom humor — em resumo, um verdadeiro exemplo da mulher brasileira: forte, inspiradora e resiliente.
Em seu caminho para o hospital, Maya saiu dirigindo rumo ao trabalho — até aí, tudo certo, tudo dentro dos conformes. Ela seguia tranquila, com a janela entreaberta, permitindo que a brisa suave da manhã acariciasse seus cabelos, enquanto apreciava o nascer do sol que tingia o céu com tons dourados e alaranjados.
Dirigia linda, leve e solta, cantarolando discretamente uma música Life Goes On - BTS que sempre escutava antes dos plantões, como um ritual para aliviar a tensão. O trânsito, naquela manhã, fluía normalmente, e tudo indicava que seria mais um dia comum.
Quando, de repente, viu um homem capotar em cima do seu carro...
O miserável vinha a pilotar numa velocidade tão insana que Maya nem sequer conseguiu perceber de que lado aquele louco surgiu. Ele avançava com tanta fúria que, num piscar de olhos, a moto foi lançada para um lado e o corpo dele arremessado violentamente sobre o carro dela, caindo a poucos centímetros de distância do veículo.
O meteoro tinha nome: Victor. Alto, por volta de um metro e oitenta, corpo atlético moldado por anos de desafio e resistência. O rosto, marcado pela expressão de quem já encarou o perigo inúmeras vezes, transmitia um misto de aventura e imprudência. Havia algo de indomável nele, com olhos escuros que cortavam como lâminas, cabelos levemente desordenados, em tons de negros , e uma arrogância fria, que parecia pulsar, como se fosse parte da sua própria essência.
Maya, coitada… ainda em estado de choque, com o coração disparado, mal conseguiu abrir a porta do carro antes de sair a correr, tropeçando nos próprios pés, desesperada para socorrer aquele homem… ou pelo menos… aquilo… aquela figura imóvel no chão, que parecia um homem… não é?
— Moço! Ei! — gritou, quase engasgando com a própria respiração, enquanto se ajoelhava ao lado dele, sem saber nem onde pôr as mãos. — Está tudo bem?! Olha pra mim… por favor, olha pra mim… não fecha os olhos, tá?! NÃO FECHA! Eu… eu vou te ajudar… eu vou…
Mas ele… ele parecia nem ouvi-la. Víctor, com o corpo tomado por uma onda violenta de adrenalina, mal percebia o sangue quente escorrendo, os músculos travados de dor. A respiração saía em arfadas rápidas, descompassadas. O impacto da queda ainda ecoava no peito dele, mas a fúria… a fúria vinha primeiro, esmagadora, queimando como ácido.
Ele apertava os punhos, o rosto contraído, rangendo os dentes, escumando de raiva — ódio puro e irracional — por ter perdido o controle da moto, por ter sido lançado ao chão daquela forma humilhante, por ter sua aventura brutalmente interrompida.
E na mente dele só uma coisa fazia sentido: ela era a culpada.
Como, MEU DEUS, ela estava ali?! Naquele maldito lugar, naquela hora absurda?! Uma estrada esquecida, onde nunca passava ninguém… NUNCA! Era o refúgio dele, o seu território livre… Por isso ele acelerou, por isso não hesitou, não freou… E agora… agora isso.
Toda vez que vinha pra aquela cidade era a mesma coisa: liberdade, velocidade, risco… sem limites. Nunca tinha dado errado. Ninguém nunca tinha surgido no meio do caminho.
Mas agora… agora tinha. E ele queria gritar. Queria explodir.
Num movimento brusco e assustador, como se o impacto não tivesse lhe feito nada, Víctor se ergueu, o peito arfando, os olhos incendiados, o rosto contorcido, escumando de raiva, o olhar perdido entre a dor e a fúria, o ódio e o desespero.
Maya recuou instintivamente, com o coração na garganta, sem saber o que fazer… sem saber se ele ia desmaiar… atacar… ou socorrer.
Víctor avançou cambaleante, mas com uma fúria tão viva que parecia que a dor sequer tinha importância. A voz dele saiu cortante, carregada de raiva e desprezo:
— Ô, sua louca… destrambelhada… o que você tava fazendo parada no meio da pista? — cuspiu as palavras, com um brilho insano nos olhos, a respiração arfante. — Me fala… bora, porra! E eu não preciso que você me examine, tá me ouvindo? — inclinou-se mais, com aquele sorriso cínico, desafiador, ainda que o sangue lhe escorresse pela boca. — Obrigado… por tentar me matar… sua maluca!
— Perdida? Destrambelhada? — repetiu, com o tom mais frio que o polo norte só as pupilas dilatadas denunciando a adrenalina. Deu um meio sorriso, entre o desprezo e um deboche perigoso. — Acha mesmo que eu sou o problema aqui? Você que entrou feito um insano numa estrada vazia, sem se preocupar se podia… ou não. — Cruzou os braços, a respiração medida. — A culpa é minha? Jura?
Víctor com a expressão fechada e , com aquele olhar misto de ódio e… algo mais que ele mesmo não sabia nomear.
Maya deu um passo à frente, firme, profissional, os olhos analisando rapidamente o padrão respiratório dele, a cor da pele, os sinais de trauma. Estava putíssima, claro. Mas não seria burra.
— Olha só, esquentadinho… — a voz saiu baixa, dura, cheia de autoridade e uma provocação quase imperceptível. — Você pode não querer a minha ajuda… mas precisa. — Ela inclinou-se um pouco, invadindo o espaço dele, quase desafiando o cheiro metálico do sangue. — Levantou rápido demais, sabe? O corpo tá cheio de adrenalina, nem percebe que pode ter fraturado uma costela, ou pior… — seus olhos desceram, rápidos, atentos —… rompido um baço, lesionado algum órgão vital. Isso, sim, pode te matar, gênio.
Ele cerrou os punhos, o peito subindo e descendo, como se cada palavra dela fosse um soco, ou… um convite.
Maya ergueu uma sobrancelha, impassível, o tom ainda mais cortante:
— Não se mexe. Eu vou chamar uma ambulância. — A voz firme, inegociável, mas o olhar… o olhar ardia, não só de raiva. — E, para sua informação, não é porque você não quer que eu examine… que eu não saiba exatamente o que tá acontecendo com você.
Virou-se para pegar o celular, sem dar mais explicações, deixando no ar aquele rastro denso de tensão… e algo indefinível que queimava entre os dois, como pólvora espalhada, à espera de um fósforo.
Maya permaneceu imóvel por alguns segundos, com os braços ainda cruzados, mas a firmeza agora era só fachada. Sentiu as mãos suarem, o coração acelerado martelando no peito, enquanto os olhos acompanhavam, discretos, cada movimento dele.
Engoliu em seco, sem saber se deveria dizer alguma coisa ou simplesmente se afastar. Estava sozinha, vulnerável… e, apesar do tom decidido com que falara antes, agora se sentia pequena, acuada pela incerteza e pelo medo do desconhecido.
Ele mexia no celular como se nada tivesse acontecido, enquanto ela, quieta, buscava coragem até para respirar fundo.
Num gesto quase involuntário, ajeitou uma mecha de cabelo atrás da orelha, tentando disfarçar o tremor que começava a tomar conta de seu corpo.
O silêncio entre eles parecia ainda mais pesado do que as palavras trocadas segundos antes, e Maya desejou, mais do que tudo, que aquele momento terminasse logo.
Vítor começou a bater de leve no vidro, meio impaciente, e fez um sinal para ela sair dali. Afinal ele queria descarregar a pouca raiva que ainda tinha.
O coração da Maya quase saiu pela boca. Na hora, nem conseguiu reagir direito, só ficou ali parada, meio travada, lembrando da avó que sempre falava: “um dia tu vai se meter numa enrascada andando sozinha nesses cantos perdidos… Fica inventando moda que um dia voçe acha"
Pois é… estava acontecendo o que a avó temia.
Ela só pensava: “Hoje eu não passo… Hoje eu vou de arrasta pra cima ,certeza"
O clima ainda estava tenso, mas já não era aquele barril prestes a explodir. Agora parecia mais aquele cansaço depois da briga, sabe? Cada um respirando fundo, tentando fingir que estava de boa, mas por dentro tudo meio bagunçado ainda
Ele ficou ali, parado, sem insistir, só esperando. E ela, respirando fundo, tentando juntar coragem pra fazer alguma coisa… qualquer coisa.
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Atualizado até capítulo 40
Comments
Vó Ném
Comecei agora às 19:20 , do dia 04/06/2025.
Estou gostando muito da história, vamos ver o que acontecerá com esses dois!!!
2025-06-05
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