......................
Cattleya Zarephine
O café já esfriou, mas ainda está entre meus dedos.
A conversa foi boa. Boa demais.
Leve, engraçada… e perigosa.
Porque quanto mais eu falo com Viktor, mais difícil fica fingir que ele é só um estranho bonito que apareceu por acaso.
VIKTOR VASILIEV — Tá tarde — ele comenta, olhando pela janela. — Posso te levar pra casa.
Hesito.
Não por medo, mas por… precaução.
CATTLEYA ZAREPHINE — Não precisa. Eu pego o metrô.
Ele sorri, daquele jeito debochado e confiante que deveria me irritar… mas não irrita.
VIKTOR VASILIEV — Eu sei. Mas posso te levar mesmo assim.
Por um segundo penso em dizer “não”. Só que tô cansada. E foi um dia longo.
E... eu quero um pouco mais dessa sensação de normalidade que ele, curiosamente, tá me dando.
CATTLEYA ZAREPHINE — Tá bom — digo por fim. — Mas se você for um psicopata, eu sou treinada em quebrar joelhos.
Ele ergue as mãos em rendição, divertido.
VIKTOR VASILIEV — Prometo não fazer nenhum movimento suspeito. E mantenho os joelhos longe dos seus.
......................
Viktor Vasiliev
Ela entra no carro e segura a bolsa contra o peito, como quem tá pronta pra fugir a qualquer momento.
Mas ela veio. Isso já diz muito.
VIKTOR VASILIEV — Fica tranquila, princesa. Eu não sou do tipo que estraga uma noite boa com drama.
Ela me lança um olhar rápido.
CATTLEYA ZAREPHINE — E que tipo você é, então?
Penso um pouco. Digo a verdade, ou a versão editada?
VIKTOR VASILIEV — O tipo que sabe o valor de um silêncio bem aproveitado.
Ela dá risada.
Pela janela, a cidade vai passando embaçada, as luzes dos postes refletindo no vidro. Tudo parece menos barulhento com ela do lado. Até meus pensamentos.
CATTLEYA ZAREPHINE — Você sempre sai pra cafés com mulheres que trombam com você na seção de enlatados? — ela pergunta, com um leve tom de provocação.
VIKTOR VASILIEV — Só com as que têm nome de flor exótica e olhos que deixam um homem sem saber o que tá fazendo da vida.
Ela revira os olhos, mas sorri.
Ela gostou. Eu sei que gostou.
Quando estaciono na frente do prédio, ela solta o cinto devagar, hesitando por um segundo.
CATTLEYA ZAREPHINE — Obrigada pela carona.
VIKTOR VASILIEV — Disponha.
Ela já ia abrir a porta quando falo:
VIKTOR VASILIEV — Me passa seu número?
Ela me olha. Firme. Como quem avalia uma proposta que pode mudar o rumo de alguma coisa.
CATTLEYA ZAREPHINE — Por quê?
VIKTOR VASILIEV — Porque seria burrice da minha parte deixar você ir embora sem chance de te ver de novo.
E eu posso ser um monte de coisa, Cattleya… mas burro não sou.
Ela sorri, morde o lábio inferior — e isso quase me mata —, pega o celular e digita rápido.
Depois me entrega.
CATTLEYA ZAREPHINE — Aí. Mas não me liga bêbado às três da manhã, achando que pode me impressionar com voz rouca.
Pego o telefone. Gravo o número.
Gravo o nome.
Gravo aquele sorriso que ela dá antes de sair do carro e desaparecer pelo portão.
Mal fechou a porta e já tô querendo ver ela de novo.
......................
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 38
Comments
Arlete Fernandes
Que lindo o encontro dos dois!!
2025-09-22
  0
Fátima Elizabeth
cai aqui nessa estória de paraquedas, me parece ser uma linda estória 🥰
2025-09-22
  0