1.3 Quase um Adeus, Quase um Começo

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Cattleya Zarephine

O café já esfriou, mas ainda está entre meus dedos.

A conversa foi boa. Boa demais.

Leve, engraçada… e perigosa.

Porque quanto mais eu falo com Viktor, mais difícil fica fingir que ele é só um estranho bonito que apareceu por acaso.

VIKTOR VASILIEV — Tá tarde — ele comenta, olhando pela janela. — Posso te levar pra casa.

Hesito.

Não por medo, mas por… precaução.

CATTLEYA ZAREPHINE — Não precisa. Eu pego o metrô.

Ele sorri, daquele jeito debochado e confiante que deveria me irritar… mas não irrita.

VIKTOR VASILIEV — Eu sei. Mas posso te levar mesmo assim.

Por um segundo penso em dizer “não”. Só que tô cansada. E foi um dia longo.

E... eu quero um pouco mais dessa sensação de normalidade que ele, curiosamente, tá me dando.

CATTLEYA ZAREPHINE — Tá bom — digo por fim. — Mas se você for um psicopata, eu sou treinada em quebrar joelhos.

Ele ergue as mãos em rendição, divertido.

VIKTOR VASILIEV — Prometo não fazer nenhum movimento suspeito. E mantenho os joelhos longe dos seus.

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Viktor Vasiliev

Ela entra no carro e segura a bolsa contra o peito, como quem tá pronta pra fugir a qualquer momento.

Mas ela veio. Isso já diz muito.

VIKTOR VASILIEV — Fica tranquila, princesa. Eu não sou do tipo que estraga uma noite boa com drama.

Ela me lança um olhar rápido.

CATTLEYA ZAREPHINE — E que tipo você é, então?

Penso um pouco. Digo a verdade, ou a versão editada?

VIKTOR VASILIEV — O tipo que sabe o valor de um silêncio bem aproveitado.

Ela dá risada.

Pela janela, a cidade vai passando embaçada, as luzes dos postes refletindo no vidro. Tudo parece menos barulhento com ela do lado. Até meus pensamentos.

CATTLEYA ZAREPHINE — Você sempre sai pra cafés com mulheres que trombam com você na seção de enlatados? — ela pergunta, com um leve tom de provocação.

VIKTOR VASILIEV — Só com as que têm nome de flor exótica e olhos que deixam um homem sem saber o que tá fazendo da vida.

Ela revira os olhos, mas sorri.

Ela gostou. Eu sei que gostou.

Quando estaciono na frente do prédio, ela solta o cinto devagar, hesitando por um segundo.

CATTLEYA ZAREPHINE — Obrigada pela carona.

VIKTOR VASILIEV — Disponha.

Ela já ia abrir a porta quando falo:

VIKTOR VASILIEV — Me passa seu número?

Ela me olha. Firme. Como quem avalia uma proposta que pode mudar o rumo de alguma coisa.

CATTLEYA ZAREPHINE — Por quê?

VIKTOR VASILIEV — Porque seria burrice da minha parte deixar você ir embora sem chance de te ver de novo.

E eu posso ser um monte de coisa, Cattleya… mas burro não sou.

Ela sorri, morde o lábio inferior — e isso quase me mata —, pega o celular e digita rápido.

Depois me entrega.

CATTLEYA ZAREPHINE — Aí. Mas não me liga bêbado às três da manhã, achando que pode me impressionar com voz rouca.

Pego o telefone. Gravo o número.

Gravo o nome.

Gravo aquele sorriso que ela dá antes de sair do carro e desaparecer pelo portão.

Mal fechou a porta e já tô querendo ver ela de novo.

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Comments

Arlete Fernandes

Arlete Fernandes

Que lindo o encontro dos dois!!

2025-09-22

0

Fátima Elizabeth

Fátima Elizabeth

cai aqui nessa estória de paraquedas, me parece ser uma linda estória 🥰

2025-09-22

0

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