Laura não aguentou. Depois de alguns olhares cruzados e respostas monossilábicas de Caio, ela estourou.
— Sabe o que é pior do que ser traída? — ela disse, alto o suficiente para alguns ouvirem. — É ser ignorada enquanto o cara baba por uma mulher que tem idade pra ser mãe dele.
Caio ficou pálido. Vários convidados pararam o que estavam fazendo. Davi, do outro lado da piscina, arregalou os olhos. Alice, que já estava de saída com Helena, se virou devagar.
Laura pegou a bolsa, bufando.
— Vai lá, Caio. Fica com sua musa de tailleur.
E saiu, batendo o portão atrás de si.
Silêncio.
Caio respirou fundo, passou a mão no rosto e olhou na direção de Alice. Ela pareceu hesitar, mas deu dois passos para o lado, ficando sozinha com ele enquanto Helena foi buscar as coisas.
— Desculpa pela cena — ele murmurou. — Não queria isso.
— Não foi culpa sua — disse Alice, suave, mas sem se aproximar muito. — Relacionamentos são complicados. Ainda mais... com olhos por todos os lados.
Caio sorriu de canto.
— Tem coisa que a gente simplesmente... não consegue disfarçar.
Alice cruzou os braços, tentando manter a compostura.
— Você devia conversar com ela depois. Laura te ama.
— E você acredita nisso? — ele a encarou. — Porque eu não sei se amo ela. E hoje... eu percebi que tem coisas que mexem muito mais comigo.
Alice se manteve firme, mas sentia o coração acelerar.
— Caio, eu sou a mãe do seu melhor amigo.
— Eu sei — ele deu um passo à frente. — Mas você também é uma mulher. E, com todo respeito... é bonita demais pra ficar se escondendo embaixo de roupas sociais quando não está trabalhando.
Ela soltou um riso baixo, nervoso.
— Isso é uma cantada?
— Não. É uma constatação.
Alice se aproximou um pouco, quase inconscientemente.
— Você está brincando com fogo.
— E você não parece querer apagar.
Por fim, Helena apareceu com a bolsa, interrompendo a tensão no ar.
— Tudo certo por aqui?
Alice pigarreou, voltando à realidade.
— Perfeitamente.
Caio apenas sorriu. Um daqueles sorrisos que deixam promessas no ar.
E Alice, apesar de todos os alarmes tocando dentro dela, não conseguia parar de pensar no que sentiu naquele olhar.
Helena trancou a porta do carro com um clique e lançou um olhar afiado para Alice, que ainda parecia distraída, encarando o nada enquanto mexia distraidamente na própria bolsa.
— Ok, fala. Agora. — Helena cruzou os braços, encostada no carro. — Que foi aquilo ali?
— Aquilo o quê? — Alice fingiu inocência, mas a bochecha corada a entregava.
— Alice Santiago, eu te conheço desde a faculdade. Você pode ser a rainha dos tribunais, mas não engana essa sua amiga aqui. Você ficou toda derretida quando aquele arquiteto de olhos pecaminosos te soltou aquela... constatação.
Alice soltou um suspiro, resignada, mas com um sorrisinho.
— Ele é vinte anos mais jovem, Helena.
— Quinze.
— Você não ajuda.
— E você não se ajuda também! Você viu a forma como ele te olhou? Como um homem olha uma mulher. Uma mulher desejável, linda... poderosa.
Alice suspirou de novo.
— É errado.
— É excitante.
— É complicado.
— É irresistível — completou Helena, jogando o cabelo para trás. — E não me venha com aquele papo de "sou mãe do amigo dele". Ele não te olhou como a mãe de ninguém. E você também não olhou ele como o amigo do seu filho. Olhou como mulher que tá há tempos sem sentir o sangue fervendo.
Alice riu, balançando a cabeça.
— Você é impossível.
— E você tá se fazendo de difícil pra não admitir que gostou. Fala logo! Sentiu um friozinho na barriga quando ele disse que você era bonita demais pra viver se escondendo?
Alice mordeu o lábio, derrotada.
— Eu senti... um calor. Um calor absurdo. Como se alguém tivesse ligado o sol dentro de mim.
Helena a encarou, séria por um segundo.
— Você merece se sentir viva de novo. Não importa a idade dele. E também não importa o que os outros vão dizer. A única coisa que importa... é o que você quer.
Alice a encarou, pensativa.
— Eu ainda nem sei o que quero.
— Então talvez seja hora de descobrir
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 77
Comments