Alice chegou do aeroporto direto para casa, com o blazer pendurado no braço e o cansaço nos ombros. Mal colocou os pés na sala e ouviu vozes na cozinha.
— Ô, dona advogada voltou! — gritou Davi lá de dentro.
Ela sorriu cansada e respondeu:
— Alguém tinha que ganhar dinheiro nessa casa, né?
Quando entrou na cozinha, deu de cara com Caio, encostado no balcão, mexendo um molho qualquer como se fosse chef profissional.
— Tá invadindo minha casa agora, Caio? — ela perguntou, meio séria, meio divertida.
— Não invado. Sou convidado fixo — respondeu ele, piscando. — Inclusive, você devia agradecer. Fizemos jantar.
Alice arqueou a sobrancelha, sem dar muita confiança.
— Jantar de vocês é miojo com queijo ralado.
— Hoje é diferente — disse Davi, orgulhoso. — Caio fez um molho à bolonhesa de verdade.
Alice soltou um riso discreto, tirou os saltos e foi direto para a sala. Sentou-se com um suspiro, fechando os olhos por um segundo. Quando os abriu, Caio estava na porta, observando.
— Cansada? — ele perguntou, mais suave do que de costume.
Ela assentiu.
— Sempre. Mas passa.
— Você não deveria se acostumar com esse tipo de cansaço.
Ela o olhou, surpresa com o tom.
— E desde quando você dá conselhos de autocuidado?
Caio deu de ombros, mas não saiu dali.
— Vai almoçar com a gente domingo? — ele soltou, mudando de assunto.
— Vocês dois?
— Nós três. Davi vai cozinhar e prometeu não deixar a casa pegar fogo. Achei que seria justo te chamar.
Alice hesitou. A última coisa que precisava era mais tempo perto daquele rapaz que começava a tirar sua paz — e nem ao menos sabia disso.
— Vejo se posso — respondeu, seca, e se levantou.
Caio a acompanhou com os olhos. Não era mais só a mãe do amigo. Era uma mulher. Exausta, elegante, cheia de camadas que ele nunca tinha parado para notar. Até agora.
O domingo chegou com céu aberto, calor e música alta vindo da casa de Alice. Ou melhor, da área da piscina, onde Davi e Caio montavam o churrasco.
— Laura tá chegando — avisou Davi, enquanto mexia nas brasas. — E Alice disse que talvez nem apareça. Deve estar exausta da viagem.
Caio deu de ombros, embora por dentro torcesse para que ela aparecesse. Não sabia explicar por quê. Era só curiosidade, ele se repetia.
No meio da tarde, a campainha tocou. Não era Laura. Era Alice, e com ela vinha uma mulher tão elegante quanto — sua amiga de profissão, Helena, advogada criminalista, divertida e destemida.
Alice usava um vestido branco leve por cima de um biquíni preto de corte ousado, com uma fenda que deixava as pernas à mostra. Os cabelos soltos, óculos escuros e sandálias baixas completavam o visual casual, mas de tirar o fôlego.
O silêncio foi geral por três segundos. Até que Caio, segurando uma latinha de cerveja, soltou sem pensar:
— Uau.
Davi arregalou os olhos.
— Mãe?!
— Que foi, Davi? — ela respondeu com um sorrisinho — Não posso me divertir um pouco?
Helena deu uma piscadinha para Caio, percebendo tudo de imediato.
— Relaxa, garotos, nós só viemos roubar um pouco de sol. E, talvez, um pedaço de carne.
Alice tirou o vestido, revelando o biquíni por completo. Foi como uma cena de comercial de perfume. Todos olharam — até Laura, que acabava de chegar com cara de poucos amigos.
— Quem é ela? — cochichou Laura para Caio.
— A mãe do Davi — ele respondeu, sem tirar os olhos de Alice.
— Jura? — o tom dela era ácido.
Antes que a tensão crescesse, Davi se apressou a apresentar uma moça que estava ao seu lado, tímida e sorridente.
— Mãe, essa aqui é a Isadora. A gente tá se conhecendo.
Alice cumprimentou a garota com simpatia, mas seu olhar voltou, por um instante, para Caio, que agora não disfarçava mais. Ele a observava como quem vê algo pela primeira vez — não a mãe do amigo, mas a mulher por trás da armadura.
E Alice? Ela sabia disso. E sorriu. Não por vaidade, mas por sentir, pela primeira vez em muito tempo... que alguém a via.
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Atualizado até capítulo 77
Comments
elenice ferreira
Oh! céus! isso vai feder/Facepalm/ a novinha vai descer do salto! kkkkk
2025-06-09
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