O domingo chegou com céu aberto, calor e música alta vindo da casa de Alice. Ou melhor, da área da piscina, onde Davi e Caio montavam o churrasco.
— Laura tá chegando — avisou Davi, enquanto mexia nas brasas. — E Alice disse que talvez nem apareça. Deve estar exausta da viagem.
Caio deu de ombros, embora por dentro torcesse para que ela aparecesse. Não sabia explicar por quê. Era só curiosidade, ele se repetia.
No meio da tarde, a campainha tocou. Não era Laura. Era Alice, e com ela vinha uma mulher tão elegante quanto — sua amiga de profissão, Helena, advogada criminalista, divertida e destemida.
Alice usava um vestido branco leve por cima de um biquíni preto de corte ousado, com uma fenda que deixava as pernas à mostra. Os cabelos soltos, óculos escuros e sandálias baixas completavam o visual casual, mas de tirar o fôlego.
O silêncio foi geral por três segundos. Até que Caio, segurando uma latinha de cerveja, soltou sem pensar:
— Uau.
Davi arregalou os olhos.
— Mãe?!
— Que foi, Davi? — ela respondeu com um sorrisinho — Não posso me divertir um pouco?
Helena deu uma piscadinha para Caio, percebendo tudo de imediato.
— Relaxa, garotos, nós só viemos roubar um pouco de sol. E, talvez, um pedaço de carne.
Alice tirou o vestido, revelando o biquíni por completo. Foi como uma cena de comercial de perfume. Todos olharam — até Laura, que acabava de chegar com cara de poucos amigos.
— Quem é ela? — cochichou Laura para Caio.
— A mãe do Davi — ele respondeu, sem tirar os olhos de Alice.
— Jura? — o tom dela era ácido.
Antes que a tensão crescesse, Davi se apressou a apresentar uma moça que estava ao seu lado, tímida e sorridente.
— Mãe, essa aqui é a Isadora. A gente tá se conhecendo.
Alice cumprimentou a garota com simpatia, mas seu olhar voltou, por um instante, para Caio, que agora não disfarçava mais. Ele a observava como quem vê algo pela primeira vez — não a mãe do amigo, mas a mulher por trás da armadura.
E Alice? Ela sabia disso. E sorriu. Não por vaidade, mas por sentir, pela primeira vez em muito tempo... que alguém a via.
Laura não desgrudava os olhos de Caio, que por sua vez, não parava de observar Alice. Era sutil, mas evidente para quem prestasse atenção: ele já não via mais só a mãe do amigo. Via uma mulher que dominava o ambiente sem precisar dizer uma palavra.
— Você tá muito distraído, Caio — disse Laura, forçando um sorriso e se aproximando dele, passando a mão pelo braço dele. — Tá tudo bem?
— Tô... só pensando na vida — respondeu, tirando os olhos de Alice a contragosto.
— Pensando ou admirando? — ela alfinetou baixinho.
Ele franziu o cenho.
— Que isso, Laura?
— Aquela mulher tem 40 anos, Caio.
— 42 — ele respondeu automaticamente, antes de perceber o erro.
Laura arqueou uma sobrancelha.
— Ah, então você anda bem informado, hein?
Ele se afastou sutilmente, desconversando.
— Vou pegar uma bebida.
Do outro lado da piscina, Alice e Helena riam, sentadas em espreguiçadeiras com os pés na água e taças de vinho nas mãos.
— Amiga... o Caio quase caiu pra dentro da churrasqueira quando te viu tirar o vestido — disse Helena, baixinho.
— Para, Helena... — Alice riu, mas o rubor no rosto denunciava que ela tinha notado também.
— Eu juro que vi a namoradinha dele virar uma onça. E o pior: ele nem percebeu. Só olhava pra você.
Alice suspirou.
— Isso é loucura. Ele é um menino.
— Um homem, Alice. E dos bonitos. Só que... perigoso. Ainda é o melhor amigo do seu filho. E sua vida é complicada.
Alice concordou em silêncio, mas seu olhar voltou, involuntário, para Caio. Ele estava de costas, rindo com alguns amigos, mas logo se virou — e os dois se encararam por dois segundos longos demais.
— Eu vi esse olhar — murmurou Helena, tomando mais um gole. — E posso garantir: ele não vê mais você como a mãe do amigo. Ele te enxerga como mulher. E, desculpa, mas... quem não enxergaria?
Alice desviou o olhar, desconcertada, mas com um sorriso mal escondido nos lábios.
Enquanto isso, Laura se aproximava de Caio novamente, agora mais direta.
— Tá a fim de mim ou da sua nova obsessão, hein? — ela disparou, cravando os olhos nele.
Ele a olhou sério.
— Que tipo de pergunta é essa?
— A que uma namorada faz quando percebe que virou pano de fundo.
A tensão aumentava, e o churrasco, que era pra ser leve, começava a pegar fogo — literalmente e emocionalmente.
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Atualizado até capítulo 77
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